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PRAGAS DIGITAIS
Leis ficam mais duras e acusado de espalhar o Blaster é preso, mas encontrar todos os criadores é difícil
EUA apertam cerco contra autores de vírus
DA REDAÇÃO
Embora estejam apertando o
cerco contra os criadores de vírus,
as autoridades internacionais ainda têm dificuldades em encontrar
e prender todos os disseminadores de pragas digitais.
No final de agosto, o estudante
norte-americano Jeffrey Lee Parson, 18, foi preso e acusado de disseminar uma versão do Blaster,
um dos piores vírus do mês de
agosto. Segundo o governo dos
EUA, Parson criou o Blaster.B,
que teria contaminado 7.000
computadores.
Não é pouco, mas é muito menos do que o estrago causado pelo
Blaster original, que infectou, segundo estimativas de empresas
de segurança, de 500 mil a 1 milhão de PCs e cujo autor ainda não
foi encontrado. Parson pode pegar dez anos de cadeia. O acusado
nega e diz que as autoridades querem fazer dele um bode expiatório (www.msnbc.com/news/960377.asp?cp1=1).
Na Romênia, autoridades prenderam Dan Ciobanu, 24, suspeito
de criar outra variação do Blaster,
mas ela teria sido mais restrita, espalhando-se por apenas mil computadores. Ciobanu pode pegar
de três a 15 anos de cadeia.
Os investigadores enfrentam
um desafio atemorizante: a criação de vírus, instalados em ambientes obscuros e anônimos, é
um crime internacional e incrivelmente difícil de rastrear. Eles também dizem estar sendo tolhidos
por leis antiquadas e por uma atitude tolerante, beirando a admiração, para com os criadores de
vírus.
A partir de 1º de novembro, as
consequências serão maiores. A
Comissão de Sentenciamento dos
Estados Unidos determinou novas punições para certos crimes
digitais. Uma pessoa que envie
um vírus pretendendo causar
mortes -ocupando linhas telefônicas de emergência, por exemplo- poderia pegar prisão perpétua.
Mas os disseminadores de vírus
precisam ser pegos primeiro, e isso, acreditam investigadores e peritos em segurança digital, pode
ser quase impossível. "Se o criminoso for um pouco sofisticado, ele
pode facilmente esconder o seu
rastro", disse Elliot Turrini, ex-investigador de Nova Jersey.
Turrini processou David Smith,
que atualmente cumpre uma pena de 20 meses por disseminar
um vírus -o Melissa, assim batizado em homenagem a uma
stripper conhecida do criminoso.
Os disseminadores de vírus
quase sempre são jovens, o que leva algumas pessoas a defenderem
o abrandamento das punições.
"Os moleques precisam saber que
isso não é um jogo", disse Matthew Tanase, presidente da Qaddisin, uma empresa de segurança
de redes em St. Louis.
Ele destacou que o vírus SoBig
atravancou as caixas de entrada e
desacelerou o fluxo de informações por e-mail de diversos clientes, bem como de um hospital local. "Esse vírus causou muito estrago, muita perda de tempo, de
dinheiro e de produtividade", disse Tanase, "mas eu não sei se cadeia é a solução, especialmente se
o disseminador for um garoto."
Em 1988, o estudante Robert
Morris criou um vírus que se espalhou por 6.000 máquinas e quase paralisou toda a rede. Morris
foi preso e condenado a uma pena
de três anos, cumprindo de 400
horas de serviços à comunidade, e
ao pagamento de uma multa de
US$ 10 mil.
O caso estabeleceu um precedente de aplicação de um tratamento brando aos disseminadores de vírus, dizem os críticos.
Mas o que torna a questão difícil
do ponto de vista legal é que a
maioria dos vírus eletrônicos não
causa grandes estragos.
Embora a empresa de segurança Symantec tenha, até hoje, desenvolvido proteção contra
62.904 vírus digitais, Mark
Mcmanus, vice-presidente de tecnologia e pesquisa da Computer
Economics, em Carlsbad, Califórnia, disse que menos de 30 desses
vírus tiveram um impacto financeiro de mais de US$ 500 milhões.
O impacto financeiro dos vírus
é medido em três aspectos -o
trabalho necessário para neutralizar a praga, o preço do hardware e
do software necessários para limpar um sistema e a perda de receitas pelos serviços que se deixa de
prestar, disse ele.
Segundo as leis norte-americanas, os investigadores devem
achar provas não só da imprudência mas da intencionalidade
do criador do vírus e de que tenha
causado mais de US$ 5.000 em
prejuízos. Isso levou um juiz dos
EUA, no ano passado, a liberar o
técnico Herberg Pierre-Louis, que
transmitiu um vírus para seu empregador, uma empresa atacadista de secos e molhados. Segundo
os advogados de Pierre-Louis, os
prejuízos haviam sido inferiores a
US$ 5.000.
Desde então, o Congresso dos
EUA ampliou o significado de
prejuízos, incluindo perda de receitas, reparação de custos e danos relacionados à interrupção da
prestação de serviços.
Com agências internacionais; tradução de Angela Caracik
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