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Cadê a garantia?
Nem todas as multinacionais que atuam no Brasil dão garantia a seus produtos comprados no exterior
AMANDA DEMETRIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Comprar nos Estados Unidos um notebook cheio de recursos por um preço muito
abaixo do cobrado no Brasil
pode virar uma dor de cabeça.
Se surgir algum problema, você
corre o risco de viver uma via-crúcis até obter o atendimento
desejado -mesmo assim, terá
de pagar, pois são poucas as
multinacionais que atuam no
país e honram -sem restrições- a garantia de seus produtos comprados no exterior.
Essa política de não atendimento também é praticada em
outros países. Nos Estados
Unidos, a reportagem da Folha
ouviu de um executivo da HP a
explicação de que os produtos
comerciais (os destinados ao
grande público) "não foram
feitos para circular pelo planeta".
Uma forma de se prevenir
contra isso é comprar um certificado de garantia internacional -o que, evidentemente,
aumenta a conta. O certificado
de "global warranty" faz com
que os possíveis problemas
apresentados pelo aparelho
possam ser reparados sem outros custos aqui no Brasil.
Mas há empresas, como a
Nokia, que nem sequer oferecem a opção de compra da tal
garantia internacional. Segundo a fabricante de telefones celulares, o consumidor que adquiriu seu produto fora do Brasil pode encaminhar o aparelho para o reparo, mas terá que
pagar pelo conserto.
Outras empresas ouvidas
pela Folha dizem que prestam
assistência técnica gratuita no
período de garantia, mas apresentam uma série de restrições. A Panasonic só oferece
garantia internacional para
suas linhas de câmeras fotográficas e filmadoras digitais.
No caso da HP, a garantia só
vale para os produtos trazidos
de fora do país que já circulam
no mercado local. "A HP Brasil
não dispõe de partes e peças
para suportar um produto não
comercializado no mercado local", explicou Regina Higa, gerente de operação e reparo da
empresa. A HP se oferece para
ajudar o cliente a acessar o suporte de outros países.
Por seu lado, a Apple afirma
que oferece suporte internacional aos seus produtos, mas
deixa de fora um de seus sucessos, o iPhone.
A LG é outra que impõe restrições. "Hoje, no Brasil, a LG
atende somente notebooks, no
caso em que o produto foi comprado fora e o cliente pagou pela garantia internacional", informou a empresa.
Apesar disso, "se o produto
não tem garantia global, mas
existe fábrica no país [a LG tem
fábrica em Manaus e Taubaté],
é respeitada a garantia legal de
três meses", informou.
HTC, Kodak e Philips afirmam oferecer garantia global
para todos os seus aparelhos.
A política de não dar garantia
a produtos comprados no exterior é perfeitamente legal, segundo Márcia Christina Oliveira, do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) de São Paulo. "A empresa
não tem nenhuma obrigação
em relação a isso", diz ela.
Oliveira recomenda que o
cliente verifique a existência da
garantia global na hora da compra fora do país. "O consumidor que quiser uma garantia
desse tipo precisa checar a representação da marca no seu
país antes de comprar e pedir o
suporte global por escrito."
As garantias globais valem
apenas para produtos comprados com nota fiscal e trazidos
legalmente para o Brasil. Você
pode trazer US$ 500 em produtos (se vier por via aérea ou
marítima) para o país. No caso
de valores superiores, o viajante deve informar a Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br) e pagar os impostos.
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