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TECNOLOGIA
Gigantes da informática ainda não chegaram a um projeto rentável
Sistema de telão desafia empresas
DA REUTERS
Parece uma lista VIP de fracassos -Hewlett-Packard, Toshiba,
Intel e Philips. Cada uma dessas
potências tentou dominar uma
tecnologia promissora para produzir televisores de tela grande e
pouca espessura chamados LCoS,
ou liquid crystal on silicon (cristal
líquido sobre silício) e acabou admitindo sua frustração.
"A beira do caminho está cheia
daqueles que tentaram e não conseguiram", disse Sandeep Gupta,
presidente da MicroDisplay, empresa que projeta circuitos integrados para LCoS.
À medida que o mercado de televisores caminha para telas
maiores e melhores, a LCoS é uma
das poucas tecnologias que, teoricamente, seriam capazes de substituir os volumosos televisores
com tubos de raios catódicos e as
caríssimas telas de plasma.
Em um televisor de LCoS, a luz
reflete um ou mais microchips feitos de uma camada de cristal líquido e uma camada de transistores, projetando uma imagem sobre a parte dianteira da tela.
As imagens dos aparelhos de
LCoS podem ser vivas e brilhantes. Mas, como mais de uma das
gigantes da tecnologia já descobriu, a tecnologia LCoS é, também, um buraco negro para o dinheiro investido. Veja, sobre isso,
o site www.projectorcentral.com/lcos.htm, em inglês.
Enquanto isso, a Texas Instruments, usando uma outra tecnologia de retroprojeção chamada
DLP (digital light projection, projeção digital de luz), vendeu 5 milhões de aparelhos usados em cinemas, projetores e TVs. Sobre
essa tecnologia, veja o site em inglês www.dlp.com.
Realidade ou sonho
Um ano atrás, a Intel anunciou,
na maior mostra de eletrônicos da
América do Norte, que ela reformataria a televisão com produtos
LCoS. "É uma realidade", proclamou na época o presidente da Intel, Paul Otellini, em sua palestra
na CES de 2004, em Las Vegas.
Ele disse que os televisores com
suas telas de alta definição estariam no mercado no final do ano
passado.
Essa previsão trouxe um grande
embaraço para a maior fabricante
de circuitos integrados do mundo: primeiro, a Intel adiou o projeto. Depois, em outubro, a iniciativa foi cancelada. A empresa diz
que superestimou o retorno econômico; no entanto, especialistas
familiarizados com a tecnologia
da Intel dizem que a fabricante de
chips tinha um projeto fantasticamente complicado.
Sem surpresas
Isso não foi novidade para Chris
Chinnock, analista-sênior da Insight Media, uma empresa que
realiza pesquisas para fabricantes
de equipamentos de projeção. Ele
já havia observado uma série de
projetos de LCoS desenvolvidos
na década de 90 pela IBM e pela
JVC do Japão sendo cancelados
ou engavetados. "Isso levanta dúvidas graves em relação à tecnologia", disse Chinnock.
Entre as primeiras grandes empresas que tentaram comercializar televisores LCoS estava a Hewlett-Packard, que, originalmente, esperava grandes volumes de
componentes em 1999.
Chinnock, que acompanhou de
perto os negócios da HP, disse
que o projeto foi engavetado logo
em seguida.
"Eles não conseguiram conciliar
bom preço e desempenho", afirmou ele.
Em 2002, a Thomson, da França, envolveu-se no projeto de um
televisor de US$ 8 mil construído
com painéis LCoS da Three-Five
Systems. A Three-Five posteriormente desdobrou o negócio de
LCoS em uma empresa chamada
Brillian, que acabou perdendo
um negócio lucrativo com a varejista Sears por causa da escassez
de componentes.
Logo antes da Intel abandonar a
sua aventura com LCoS, a Philips,
gigante holandesa do setor de eletrônicos, desistiu de seu projeto
de LCoS, alegando que percebeu
que não era "grande o suficiente"
para apresentar produtos completamente desenvolvidos rapidamente ao mercado. A japonesa
Toshiba Corp. também suspendeu seus planos com LCoS após
problemas de suprimento com a
Hitachi, disse Chinnock.
Solução atraente
O que é que há com a tecnologia
de LCoS que parece destinada ao
fracasso e o que faz com que as
empresas sempre voltem para ela?
Para alguns, a tecnologia promete uma solução técnica aparentemente linear para um problema enfrentado por toda a indústria de televisores -fabricar
televisores magníficos com telas
grandes e preço baixo.
É uma idéia especialmente
atraente para os fabricantes de
chips, desde que as telas de LCoS
melhorem mais e mais à medida
que os componentes de silício ficam mais avançados.
E isso pode ser feito: a JVC está
dando um grande impulso em
um projeto de um televisor LCoS
neste ano e a Sony está usando a
tecnologia em seus projetores de
alta definição.
"Se realmente nos aprofundarmos um pouco mais, acho que o
que descobriremos e concluiremos é que essas foram abordagens realmente fracassadas da solução LCoS, o que não significa
necessariamente que a tecnologia
LCoS está morta", afirmou o analista Chinnock.
Entre as empresas que tentaram
transformar a tecnologia em um
negócio lucrativo está a MicroDisplay (www.microdisplay.com), sediada em San Pablo, Califórnia, que vem desenvolvendo
produtos com tecnologia LCoS há
uma década.
Gupta, presidente da empresa,
disse que o desenvolvimento da
tecnologia LCoS pode ser enlouquecedor, com engenheiros resolvendo um problema só para descobrirem uma falha ainda mais
profunda. São necessárias oito
disciplinas tecnológicas para fabricar um bom produto com
LCoS, da perícia óptica ao software para projetar o chip. "É mais do
que muitas empresas imaginam",
disse ele.
Pelo menos até que a próxima
grande empresa de tecnologia
tente novamente, a MicroDisplay
disse que está na frente. Ela diz
que contratou um cliente de TV
na Coréia do Sul, a Uneed
Systems, e que terá novidades para anunciar no ano que vem.
"Depois de 22 projetos, 320 homens-ano, uma equipe com metade constituída por doutores, e
US$ 50 milhões, você acaba tendo
um projeto que funciona", afirmou Gupta.
Tradução de Angela Caracik
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