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CIBERFOBIA
Tremor, sudorese, adrenalina em alta, ansiedade e angústia são alguns dos sintomas
Perca o receio de usar o computador
CAROLINA MANDL
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um mundo cada vez mais informatizado, é difícil imaginar alguém que se negue a usar o computador mesmo tendo um PC em sua casa.
Mas há um grupo de pessoas que quer distância de qualquer
mouse. São aquelas que têm a ciberfobia, um medo quase incontrolável dos computadores.
Segundo os especialistas consultados pela Folha, não há números que mostrem quantos indivíduos são acometidos por essa
fobia. Mas relatos de psicólogos e
de professores de informática
mostram que essa síndrome não é
mera ficção.
Federica Mazzoni, 51, por
exemplo, admite que já teve muito medo dos computadores até
que, há dois anos, arrumou um
emprego pela internet. Claro que
não foi ela -com todo o seu pavor cibernético- quem colocou
o currículo on-line, mas seu filho.
Depois de fazer provas e entrevistas, foi selecionada. Quando as
tarefas que deveria fazer foram
apresentadas a ela, tomou um
susto: deveria organizar listas de
presentes de um supermercado
por um sistema on-line que inclui
um palmtop e um scanner. Tudo
muito bem explicado em um manual de mais de cem páginas.
Ela disse sim, mesmo sem saber
como ligar um computador.
"Aceitei a vaga porque precisava
muito do emprego." Como Mazzoni tinha três semanas para domar o medo, contratou uma amiga para ensiná-la a usar um PC.
Quando chegou à empresa,
nem o medo nem a inabilidade
com o micro tinham ido embora.
"Ficava com vergonha que as pessoas me vissem usando o computador porque não conseguia nem controlar o mouse. Eu suava."
Hoje já consegue desempenhar
suas atividades sem problemas,
mas ainda não se sente à vontade.
Tanto que, nas suas próximas férias, vai contratar um professor
particular. "Ainda não me sinto à
vontade. Não uso o computador
em casa. Também não tenho coragem de arriscar. Faço tudo sempre igual com medo de apagar as coisas ou de não saber onde elas foram guardadas."
Causas e sintomas
Para quem tem medo de computador, os sintomas são os mesmos que aqueles manifestados em outras fobias: sudorese, descarga de adrenalina, angústia, ansiedade e tremor.
Segundo Renato Sabbatini, diretor do Núcleo de Informática
Biomédica da Unicamp, em alguns casos é preciso receitar até
medicamentos para controlar a ansiedade.
Mas como explicar que alguém
tenha pavor de um computador?
Afinal, ele não morde, não fala e é
controlado por humanos.
De acordo com Sabbatini, o medo do computador está relacionado à neofobia. "As pessoas resistem às coisas novas. Por isso o receio da tecnologia. Isso não acontece com as crianças porque quase tudo no mundo é desconhecido para elas", afirma ele.
Outro motivo pode estar ligado
à vaidade. "Não é medo da máquina em si, mas de mostrar a
própria incapacidade de usar a
máquina", diz Rosa Farah, do Núcleo de Pesquisas de Psicologia
em Informática da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).
Para tratar o medo, os especialistas dizem que o primeiro passo
é admitir que ele existe. Depois,
pode-se tanto procurar cursos especiais para quem tem ciberfobia quanto um tratamento. "Cada um escolhe um jeito de se cuidar. Não se pode
deixar o medo atrapalhar a vida profissional", diz Farah. Isso,
Mazzoni tirou de letra.
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