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Criador do jogo quer recriar a internet
TUDO NOVO DE NOVO Para Philip Rosedale, o Second Life poderá se transformar em uma nova forma de navegar na rede
KEVIN MANEY
DO "USA TODAY"
Philip Rosedale não criou o
Second Life para ser um brinquedo. Ele acredita estar redesenhando a internet, da mesma
forma como aconteceu com a
invenção do navegador Mosaic
ou da World Wide Web.
"O que seria fazer sucesso?",
pergunta Rosedale. O norte-americano está sentado na cafeteria da Linden Lab, empresa
fundada por ele e que administra o mundo on-line Second Life. Sacos de salgadinhos comidos pela metade e tigelas de
frutas estão sobre as mesas.
Rosedale usa jeans e um pulôver e tem os cabelos com gel e
repicados. Dono de um rosto de
beleza clássica e manifestando
grande entusiasmo, Rosedale
parece um cruzamento de Brad
Pitt e Bill Nye, cientista e apresentador do programa "Bill
Nye, the Science Guy".
"Não é ter dinheiro", responde, depois de um tempo. "Mas
vou olhar para trás e perguntar:
fizemos o quanto podíamos para atingir o maior número de
pessoas possível?"
Celebridade
Enquanto o Second Life vira
um produto de massa, Rosedale se transforma na celebridade
da hora no mundo da tecnologia. Cerca de 10 mil internautas
ingressam nesse mundo virtual
a cada dia. A Reuters criou uma
agência virtual de notícias dentro dele, políticos passaram a
fazer campanha ali, bandas como o Duran Duran realizam
apresentações virtuais e cadeias de hotéis usam o game
para testar novos produtos.
Mais recentemente, o site
chegou às manchetes por disponibilizar o acesso a pedaços
de seu código-fonte para acelerar seu desenvolvimento.
O Second Life diz possuir
mais de 2 milhões de usuários
registrados, mas provavelmente apenas 10% desse total participa regularmente do jogo.
A aparência do Second Life é
semelhante à do jogo de simulação Sims, com ruas, prédios e
avatares, representações gráficas dos usuários, que conversam, constróem, iniciam negócios e saem juntos.
O simulador chamou a atenção de especialistas como o
cientista-chefe da Sun Microsystems, John Gage, e o chefe de estratégia tecnológica da
IBM, Irving Wladawsky-Berger. "As pessoas gostam de interagir de forma mais visceral",
diz Wladawsky-Berger, que
convenceu a IBM a abraçar o
Second Life.
Rosedale é o deus do Second
Life, ou talvez o Thomas Jefferson do game: o visionário que
criou um sistema e colocou-o
em movimento. Desde 1999 o
norte-americano insiste no
projeto que, por muito tempo,
foi visto como um parque de diversões para supernerds.
A empresa vem sendo bancada por alguns dos grandes nomes do mundo da tecnologia,
como Mitch Kapor, fundador
da Lotus, Jeff Bezos, fundador
da Amazon, e Pierre Omidyar,
fundador do eBay. Ainda assim,
quase ficou sem fundos algumas vezes.
Rosedale nasceu em San Diego (EUA), em 1968. "Minha
mãe foi a maior incentivadora
dos meus vários e bizarros projetos de infância", conta o inventor do Second Life, que ainda criança ganhou dos pais um
computador Apple II, o que o
deixou eufórico.
"Fiz com que árvores crescessem na tela. Foi então que
percebi que era possível simular a natureza", relata.
O jogo começou a ganhar forma quando, já adulto, Rosedale
saiu da RealNetworks, onde
trabalhava, e ligou-se à empresa de capital de risco Accel
Partners, como empreendedor
caseiro. Foi quando Mitch Kapor entrou na jogada.
Investimento
Kapor, uma lenda do setor de
computadores pessoais dos
anos 1980, reuniu-se com Rosedale pela primeira vez ainda
por meio da RealNetworks.
Kapor diz ter achado interessantes as idéias de Rosedale sobre um mundo virtual. "Discordei dos valores que a Accel queria investir, o que me deixou livre para dizer: se você quer começar e está procurando um
investidor caído dos céus, gostaria de ajudá-lo", conta Kapor.
O capital de Kapor foi somado ao da venda da FreeVue, empresa criada por Rosedale e que
desenvolvia sistemas de videoconferência. Do montante nasceu a Linden Lab, cujo nome
faz referência à rua onde ficava
a primeira sede da companhia.
Desde o início, dois conceitos
importantes permearam a criação e o desenvolvimento do Second Life. O primeiro foi a forma como o serviço deveria ser
visto: uma existência alternativa e que tentaria ser melhor do
que a do mundo físico. O segundo, mais sutil, poderá acabar se
revelando mais poderoso.
Com exceção das salas de bate-papo, a internet é um espaço
desprovido de gente. Se alguém
está fazendo compras na Amazon, essa pessoa não consegue
descobrir se está sozinha ou se
há 20 mil outros clientes naquele local naquele momento.
Um dia, os usuários poderão
chegar à Amazon pelo Second
Life e não mais por meio de um
navegador. E então caminharão nas lojas e conversarão com
clientes e atendentes.
"Hoje está claro que alguma
coisa como o Second Life se
tornará algo imenso", diz Kapor. "A Linden tem a chance de
ser a empresa que fará isso, mas
nada está garantido."
Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO
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