|
Próximo Texto | Índice
TEMPOS DE TURBULÊNCIA
Variação cambial é apontada como obstáculo ao mercado de informática no Brasil; crise é mundial
Dólar alto provoca redução nas vendas
DA REPORTAGEM LOCAL
Junto com a Fenasoft, a feira Comdex está entre as maiores exposições de informática do país. Às vésperas do evento, o mercado de computadores pessoais no Brasil experimenta reflexos da situação econômica nacional e
também sente a retração no mercado de informática mundial.
Os institutos de pesquisa e as
entidades industriais que medem
as estatísticas do mercado brasileiro ainda não divulgaram os números referentes ao segundo semestre de 2002 -a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), por exemplo,
pretende revelar amanhã sua nova pesquisa-, mas a expectativa
dos empresários e analistas ouvidos pela Folha não é positiva: fala-se em queda nas vendas e em aumento dos preços, que estiveram em queda durante os últimos
anos.
"A percepção é que o mercado
vai cair no segundo semestre",
afirma o analista Marcelo Quintãs, do instituto IDC. Segundo ele,
problemas aduaneiros e a variação cambial são as principais causas de retração: "A greve na Receita Federal atrapalhou muito, e o
aumento do dólar acabou inibindo as vendas", diz.
A Metron, que diz ter reconquistado a liderança do mercado
brasileiro de PCs neste ano, pode
ser considerada uma exceção,
pois suas vendas cresceram 21%
no segundo trimestre de 2002 em
relação a igual período do ano
passado e sua utilização da capacidade instalada foi alta -em julho, o fabricante produziu 22 mil
PCs, o que corresponde a aproximadamente 80% de seu máximo
atingível.
Apesar dos resultados obtidos
no primeiro semestre, a Metron
reduziu de 25% para 10% sua expectativa de crescimento total em
2002. "Neste mês de agosto o baque vai ser grande", afirma o diretor comercial Cassio Fernandes.
Ele diz que "o impacto do dólar é
total, mesmo nos componentes
comprados localmente". Segundo Fernandes, "as únicas coisas
que não são dolarizadas no computador são a embalagem e o manual".
Essa declaração contrasta com a
opinião do IDC: segundo Quintãs, quase 100% dos componentes
utilizados pelos maiores fabricantes de PCs são nacionais. Seja qual
for a porcentagem, a nacionalização dos computadores não é
completa: o processador central
(CPU), que é o componente mais
sofisticado de um micro, não é fabricado no Brasil.
Segundo o IDC, existem 14 milhões de PCs no Brasil. Apenas
35% dessas máquinas pertencem
a usuários domésticos, índice inferior ao verificado nos Estados
Unidos, por exemplo (45%). De
acordo com Quintãs, os usuários
brasileiros trocam de PC a cada
três anos: "Os programas exigem
cada vez mais hardware", explica.
Apesar dessas tendências, a retração global é inegável: de acordo
com estatísticas do Gartner
Group, o mercado mundial de
PCs caiu 0,8% no segundo trimestre de 2002 em relação ao mesmo
período do ano passado, totalizando 29,9 milhões de micros.
Nos EUA, as vendas chegaram a
10,6 milhões de computadores
pessoais, 0,8% a menos do que no
primeiro trimestre de 2001. No Japão, a queda foi de 12%.
A América Latina demorou
mais a sentir os efeitos da crise
mundial: em 2001, as vendas de
PCs na região subiram 7,6%.
O mercado brasileiro, que é o
maior do continente (44%), cresceu 18% no ano passado, atingindo 3,3 milhões de PCs vendidos. Em 2002, o mercado latino-americano caiu 2,7% já no primeiro
trimestre, totalizando 1,72 milhão de micros vendidos.
Próximo Texto: Evento reunirá novidades de informática Índice
|