São Paulo, quarta-feira, 14 de agosto de 2002

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Empresas evitam subir preços imediatamente

DA REPORTAGEM LOCAL

Com a instabilidade do dólar e a possibilidade de uma queda no mercado, as empresas do setor de informática usam mecanismos e medidas para tentar manter os preços inalterados, mas temem pelo que possa acontecer nos próximos meses.
"Se o dólar não estabilizar em torno de R$ 2,50, subiremos os preços", afirma Lino Carlos Ferreira, diretor da Brasiltrade Optronics, distribuidora oficial da Olympus no Brasil no setor de câmeras digitais.
Um dos mecanismos usados pelas empresas para evitar o aumento nos preços é preventivo. Elas trabalham com um valor de dólar pré-fixado, prevendo possíveis altas. Por isso as empresas do setor de informática, que trabalham com componentes, peças e produtos importados, esperam segurar os preços por algum tempo, até que o dólar volte a variar entre R$ 2,60 e R$ 2,80.
"A reação nos preços demora mais a acontecer. Os produtos têm preço fixo até setembro. Se a situação não estabilizar, podemos aumentar os preços em outubro", afirma Gabriel Marão, vice-presidente da Itautec.
No mercado de câmeras digitais, a alta do dólar pode, em alguns casos, ser sentida nos preços, mas ainda não foi inteiramente repassada ao consumidor. "Fizemos correção dos preços com expectativa de que o dólar baixe para R$ 2,50 em dois meses. Esperamos essa reação do mercado com o acordo com o FMI", diz Ferreira. "Para não inflar os preços e causar impacto no mercado, estamos trabalhando com o dólar a R$ 2,65, praticamente sem margem de lucro."
Os fornecedores dispõem de diversos métodos para evitar o aumento dos preços para o consumidor. Antônio Camacho, diretor-geral da Acer Brasil, explica que o produto que será vendido no varejo tem mecanismos de proteção, como descontos dos fabricantes.
Os fornecedores vendem máquinas que estão no estoque a preços antigos, sem incorporar o aumento no preço. A medida prejudica a empresa por um lado, que fica sem verba para a repor os produtos. Por outro lado, em períodos de crise, pode ser a única forma de vender a mercadoria.
Ainda é possível contar com verbas destinadas pelas grandes empresas a esse tipo de situação. Um fundo é utilizado para segurar os preços em patamares aceitáveis, mantendo assim a movimentação das mercadorias.
A manutenção dos preços, mesmo com os picos do dólar, fez com que as vendas aumentassem.
"Imagino que aqueles que demoram a decidir pela compra de um equipamento, ao verem a alta do dólar, optaram por comprar antes de o preço subir. Com isso, tivemos uma alta de cerca de 20% nas vendas do setor de computadores de mesa, notebooks e storage", diz Marão. Os notebooks da Atlam também registraram alta de 5% nas vendas em julho, segundo Adalberto Malta, diretor da empresa. (HHL)


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