São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 2006

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BANDA LARGA

Conexão desprotegida fica propensa a se tornar central gratuita de acesso à internet

Vizinhos invadem redes Wi-Fi domésticas

MICHEL MARRIOTT
DO "NEW YORK TIMES"

No início, a conexão sem fio à internet que Christine e Randy Brodeur instalaram na casa deles, em Los Angeles (EUA), funcionou perfeitamente. Porém, logo o acesso foi ficando lento, como o trânsito da hora do "rush", até se tornar praticamente inutilizável. "Não sabia em quem botar a culpa", lembra Christine. Os culpados eram os vizinhos, que se infiltraram na rede do casal. O tráfego adicional quase sufocou os Brodeur, que pagam uma mensalidade de US$ 40 pelo acesso.
O uso não autorizado de conexões sem fio à internet, conhecido como "piggybacking" (carregar nos ombros), não é mais prática exclusiva de nerds que aplicam golpes ou de hackers em busca de redes desprotegidas. Pessoas normalmente honestas também estão se infiltrando. "Não considero um roubo", diz Edwin Caroso, 21, estudante do Miami Dade College, de Miami. "Muitos não protegem suas conexões, então me sinto livre para usá-las."
Pessoas que navegam em redes desprotegidas dizem não se sentir como ladrões porque não parece que estão, de fato, tirando algo de outra pessoa. Um dos invasores comparou o ato a "ler o jornal de outra pessoa por cima de seus ombros".
As invasões, segundo as fabricantes de roteadores sem fio, afetam quem mora em cidades muito povoadas, como Nova York ou Chicago. O problema é pior em prédios, pois as ondas de Wi-Fi, que têm alcance médio de 60 metros, passam por paredes, pisos e tetos. Grandes hotéis que oferecem o serviço de internet sem fio viram centrais de acesso para casas e restaurantes próximos.

Facilitando
Para Mike Wolf, da ABI Research, muitos usuários não protegem suas redes com senhas ou criptografia. Programas para isso são mandados com os roteadores -dispositivos que possibilitam o acesso sem fio.
Donos de redes domésticas admitem que não dificultam as coisas para os invasores. Outros, ao contrário, acham que estão protegidos contra invasões, mas depois descobrem que não. Marla Edwards, estudante do Baruch College de Nova York, descobriu que um visitante com um laptop conseguiu facilmente invadir sua rede. "Não há um medidor dizendo que 48 pessoas estão usando a sua conexão", diz Edwards.
Em 2005, já eram mais de 44 milhões as redes de banda larga nos cerca de 100 milhões de lares americanos. Aproximadamente 16,2 milhões delas estarão livres dos fios até o final deste ano. Em 2003, apenas 3,9 milhões de lares tinham conexões sem fio, estima Jonathan Bettino, da Belkin, fabricante de roteadores sem fio.
Humphrey Cheung, do site tomshardware.com, decidiu descobrir se as redes sem fio são mesmo tão numerosas. Em 2004, sobrevoou Los Angeles em um monomotor levando dois laptops. Descobriu mais de 4.500 redes sem fio, e apenas 30% delas tinham proteção contra invasões.


Tradução de Flávio da Rocha Silveira


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