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MERCADO
Memorandos apontam possível uso de descontos para tirar concorrente do mercado; para empresa, prática é normal
Documentos revelam táticas da Microsoft
THOMAS FULLER
DO "INTERNATIONAL HERALD TRIBUNE"
Pelo menos 90% dos computadores pessoais utilizam o sistema
operacional Windows. Mas a Microsoft quer ainda mais.
No ano passado, Orlando Ayala,
então encarregado das vendas
mundiais da Microsoft, enviou
uma mensagem por e-mail, com
o título "Microsoft Confidencial",
aos gerentes seniores da empresa.
Ele traçava uma estratégia para
dissuadir governos de todo o
mundo de escolher sistemas concorrentes do Windows, que são
mais baratos.
A mensagem dizia aos executivos que, se um negócio envolvendo governos ou grandes instituições parecesse condenado ao fracasso, eles estariam autorizados a
lançar mão de um fundo especial
para oferecer o software com descontos progressivos -ou até de
graça, se necessário. Steve Ballmer, presidente da Microsoft, recebeu uma cópia do e-mail.
O memorando também mencionava o sistema Linux, que é
mantido por voluntários e pode
ser usado gratuitamente: "Em nenhuma circunstância perca para o
Linux", escreveu Ayala.
Esse memorando, bem como
outros documentos internos da
Microsoft, oferece um relance, raro nos dias de hoje, das entranhas
da empresa, a maior companhia
de software do mundo.
Os documentos descrevem um
programa de táticas que foi posto
em prática nos últimos anos e inclui desde descontos progressivos
nos preços até funcionários da
Microsoft mentindo sobre sua
identidade em feiras comerciais.
A concessão de descontos é
uma prática empresarial normal.
Mas, sob as leis européias, as empresas que detêm uma posição
dominante no mercado, como a
Microsoft, estão proibidas de oferecer descontos destinados a tirar
os concorrentes do mercado.
Em uma entrevista concedida
por telefone, Jean-Philippe Courtois, presidente das operações da
Microsoft na Europa, na África e
no Oriente Médio, defendeu o uso
do fundo especial descrito na
mensagem de e-mail de Ayala, dizendo que ele era parte de uma estratégia para que a Microsoft fosse
"competitiva" e tivesse uma posição "relevante" no mercado de
grandes negócios com governos e
na área educacional.
Rivais usam táticas similares,
disse Courtois. "A Sun Microsystems, por exemplo, está cedendo
o StarOffice basicamente a governos e escolas", disse ele. O conjunto de programas da Sun funciona
com o Windows e com o Linux.
Outro memorando da Microsoft revela os detalhes de um programa para conceder descontos a
clientes empresariais sobre as taxas cobradas por consultoria.
Segundo o documento, aproximadamente US$ 180 milhões seriam destinados a esse propósito
no ano fiscal de 2003, que termina
em junho. A Microsoft tem uma
participação crescente nesse mercado, mas ainda enfrenta vigorosa concorrência de empresas como a IBM, que promove o Linux.
Os programas para servidores
motivam duas ações antitruste
contra a Microsoft na Europa. A
Microsoft é acusada de usar o seu
domínio esmagador do mercado
de software para PCs para ganhar
o mercado de servidores.
Chris O'Rourke, um funcionário da Microsoft, compareceu à
LinuxWorld, uma feira comercial
na Califórnia, "fazendo-se passar
por um consultor independente
em computação" a serviço de escolas públicas, segundo uma
mensagem de e-mail enviada por
ele em 20 de agosto de 2002.
"Em geral, as pessoas acreditavam", escreveu O'Rourke. Ele disse que seu objetivo era obter informações sobre a concorrência.
O disfarce, disse O'Rourke, "fez
com que as pessoas se abrissem e
falassem". A reportagem tentou
falar com O'Rourke, mas não obteve resposta.
Brasil
Está prevista para hoje a apresentação, na Assembléia Legislativa de São Paulo, de um projeto de
lei do deputado Simão Pedro (PT)
que obrigaria o governo estadual
a utilizar softwares gratuitos e de
código aberto.
Com Redação; tradução de Angela
Caracik
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