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Entenda os problemas das transmissões on line
EDSON MOREIRA
especial para a Folha
Três fatores estão envolvidos na
irritante lentidão da Internet: potência dos computadores conectados, velocidade das linhas de
transmissão e quantidade de dados a serem transmitidos.
A capacidade das linhas é o principal limitador. No Brasil, as linhas
de transmissão mais comuns (incluindo as telefônicas) fornecem
capacidades que variam de 10
Kbps (quilobits por segundo) a 2
Mbps (megabits por segundo)
-um usuário comum da Internet
consegue, na prática, não mais que
uns 20 Kbps.
Para aproveitar melhor as linhas
de comunicação, as informações
de texto são transmitidas separadamente das de imagens. Sendo
mais compacto, o texto chega primeiro, e o usuário pode começar a
ter contato com a página enquanto
os gráficos e fotos, maiores e mais
lentos, vão chegando aos poucos.
Transmissão rítmica
Uma sequência de vídeo sendo
transmitida é representada pela
transmissão rítmica de um conjunto de fotos (ou quadros). São
comuns taxas de 10 a 30 qps (quadros por segundo). Se um quadro
tem cerca de 50 Kbytes (400 Kbits),
a transmissão a 30 qps implicaria
uma demanda de 12 Mbps da linha
de transmissão, e cada quadro deveria chegar a cada 33 milissegundos. O problema da transmissão
dessa mídia é duplo: ela depende
do transporte de uma quantidadegrande de dados e esses quadros
precisam ser mostrados em um
determinado ritmo contínuo.
O problema do transporte de dados na Internet é muito parecido
com o do transporte tradicional.
Em particular, a tecnologia de comunicação utilizada por grande
parte da Internet é muito parecida
com a das rodovias.
Nessa analogia, os pacotes de dados (pequenas quantidades em
que são divididos os grandes arquivos a serem transmitidos) são
equivalentes aos veículos, enquanto os roteadores que interligam as
redes são os equivalentes das rotatórias que possibilitam aos carros
mudarem de estrada.
Acidentes e lentidão
Como nas rodovias, os pacotes
de dados também trafegam nas
duas direções, podem ser ultrapassados por outros que estejam no
mesmo comboio, podem chegar
fora de ordem, podem sofrer acidentes, podem passar por rodovias
largas e rápidas e por outras estreitas e congestionadas. Pacotes também podem ter de ficar parados
por algum tempo em algum ponto
da rede antes de continuar seu caminho em direção ao destino.
Como no caso das rodovias, não
se pode prever, com segurança, os
tipos de dificuldade que um pacote
trafegando de um ponto a outro na
Internet vai enfrentar. Podemos
ter uma estimativa dos tempos mínimo e médio que a viagem vai durar, mas não dá para prever o tempo máximo. Dessa forma, a transmissão de quadros de um vídeo fica muito prejudicada, não apenas
pela precariedade das vias de comunicação em termos de capacidade, mas também pelo fato de
não se poder garantir a chegada
dos pacotes em intervalos de tempo previsíveis, devido aos congestionamentos e perdas de pacotes.
Enfrentando os problemas
Para enfrentar os problemas das
infovias na transmissão de vídeo,
alguns artifícios são usados.
Primeiramente, os dados são
comprimidos, para diminuir o tamanho dos arquivos e fazer com
que possam trafegar com alguma
tranquilidade pelas redes disponíveis. Os métodos de compressão se
baseiam no fato de que muitas das
informações contidas em quadros
adjacentes são iguais. O que se faz,
então, é comparar o quadro atual
com o último transmitido. Apenas
as diferenças são transmitidas.
Economia também é feita na resolução da tela mostrada -por isso normalmente a janela de apresentação do vídeo é pequena- e
na taxa de quadros por segundo,
provocando pequenos solavancos
ou perda de suavidade na transmissão.
Em segundo lugar, é preciso tratar o fato da falta de previsibilidade
da chegada dos quadros.
Congestionamento
Os programas utilizam técnicas
de "bufferização" ou estocagem de
dados: o programa que mostra o
vídeo não inicia a apresentação até
que tenha uma quantidade razoável de dados estocados. Essa quantidade deve ser suficiente para alguns segundos. Durante esse tempo, espera-se que, mesmo com flutuações da rede, alguns pacotes
cheguem e garantam a continuidade da apresentação.
Em situações de congestionamento, comuns nos horários de pico, ocorre a falta de dados. E a
apresentação acaba sendo interrompida, com efeitos desagradáveis para o usuário.
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