São Paulo, Quarta-feira, 24 de Fevereiro de 1999
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Entenda os problemas das transmissões on line

EDSON MOREIRA
especial para a Folha

Três fatores estão envolvidos na irritante lentidão da Internet: potência dos computadores conectados, velocidade das linhas de transmissão e quantidade de dados a serem transmitidos.
A capacidade das linhas é o principal limitador. No Brasil, as linhas de transmissão mais comuns (incluindo as telefônicas) fornecem capacidades que variam de 10 Kbps (quilobits por segundo) a 2 Mbps (megabits por segundo) -um usuário comum da Internet consegue, na prática, não mais que uns 20 Kbps.
Para aproveitar melhor as linhas de comunicação, as informações de texto são transmitidas separadamente das de imagens. Sendo mais compacto, o texto chega primeiro, e o usuário pode começar a ter contato com a página enquanto os gráficos e fotos, maiores e mais lentos, vão chegando aos poucos.

Transmissão rítmica
Uma sequência de vídeo sendo transmitida é representada pela transmissão rítmica de um conjunto de fotos (ou quadros). São comuns taxas de 10 a 30 qps (quadros por segundo). Se um quadro tem cerca de 50 Kbytes (400 Kbits), a transmissão a 30 qps implicaria uma demanda de 12 Mbps da linha de transmissão, e cada quadro deveria chegar a cada 33 milissegundos. O problema da transmissão dessa mídia é duplo: ela depende do transporte de uma quantidadegrande de dados e esses quadros precisam ser mostrados em um determinado ritmo contínuo.
O problema do transporte de dados na Internet é muito parecido com o do transporte tradicional. Em particular, a tecnologia de comunicação utilizada por grande parte da Internet é muito parecida com a das rodovias.
Nessa analogia, os pacotes de dados (pequenas quantidades em que são divididos os grandes arquivos a serem transmitidos) são equivalentes aos veículos, enquanto os roteadores que interligam as redes são os equivalentes das rotatórias que possibilitam aos carros mudarem de estrada.

Acidentes e lentidão
Como nas rodovias, os pacotes de dados também trafegam nas duas direções, podem ser ultrapassados por outros que estejam no mesmo comboio, podem chegar fora de ordem, podem sofrer acidentes, podem passar por rodovias largas e rápidas e por outras estreitas e congestionadas. Pacotes também podem ter de ficar parados por algum tempo em algum ponto da rede antes de continuar seu caminho em direção ao destino.
Como no caso das rodovias, não se pode prever, com segurança, os tipos de dificuldade que um pacote trafegando de um ponto a outro na Internet vai enfrentar. Podemos ter uma estimativa dos tempos mínimo e médio que a viagem vai durar, mas não dá para prever o tempo máximo. Dessa forma, a transmissão de quadros de um vídeo fica muito prejudicada, não apenas pela precariedade das vias de comunicação em termos de capacidade, mas também pelo fato de não se poder garantir a chegada dos pacotes em intervalos de tempo previsíveis, devido aos congestionamentos e perdas de pacotes.

Enfrentando os problemas
Para enfrentar os problemas das infovias na transmissão de vídeo, alguns artifícios são usados.
Primeiramente, os dados são comprimidos, para diminuir o tamanho dos arquivos e fazer com que possam trafegar com alguma tranquilidade pelas redes disponíveis. Os métodos de compressão se baseiam no fato de que muitas das informações contidas em quadros adjacentes são iguais. O que se faz, então, é comparar o quadro atual com o último transmitido. Apenas as diferenças são transmitidas.
Economia também é feita na resolução da tela mostrada -por isso normalmente a janela de apresentação do vídeo é pequena- e na taxa de quadros por segundo, provocando pequenos solavancos ou perda de suavidade na transmissão.
Em segundo lugar, é preciso tratar o fato da falta de previsibilidade da chegada dos quadros.

Congestionamento
Os programas utilizam técnicas de "bufferização" ou estocagem de dados: o programa que mostra o vídeo não inicia a apresentação até que tenha uma quantidade razoável de dados estocados. Essa quantidade deve ser suficiente para alguns segundos. Durante esse tempo, espera-se que, mesmo com flutuações da rede, alguns pacotes cheguem e garantam a continuidade da apresentação.
Em situações de congestionamento, comuns nos horários de pico, ocorre a falta de dados. E a apresentação acaba sendo interrompida, com efeitos desagradáveis para o usuário.


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