São Paulo, Quarta-feira, 24 de Fevereiro de 1999
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BILL GATES

Existe vida em outros planetas?

Pergunta - Existe vida em outros planetas? Será que estamos sozinhos no universo? Será que queremos ser sós? Arlene (solutions@international.livgroup.com)

Resposta - Não sou especialista nisso, mas me parece bastante provável que exista muita vida no universo. Também é muito provável que não fiquemos sabendo nada sobre isso ainda durante nossas vidas.
Até poucos anos atrás, só tínhamos certeza da existência dos planetas de nosso próprio sistema solar, entre todos os outros. Os astrônomos teorizavam sobre a existência de muitos outros planetas em outros lugares, mas não dispunham de provas.
Se existissem poucos planetas, as chances de haver vida em outras partes do universo seriam grandemente reduzidas.
Agora os cientistas já detectaram a presença de planetas em volta de muitas estrelas. Parece que uma porcentagem considerável dos sistemas solares possui planetas. É possível que existam bilhões deles.
Com tantos planetas, é provável que exista vida em muitas partes do universo, a não ser que o desenvolvimento da vida envolva fatores de surgimento altamente improváveis.
É claro que, mesmo que o universo esteja repleto de vida, é extremamente improvável que nós -nossos filhos ou netos- venhamos a descobrir algo sobre isso.
A distância que nos separa dos outros sistemas solares é tão grande que as chances de conseguirmos detectar sinais de vida são pequenas, pelo menos com a ciência de que dispomos hoje.
Não dou crédito às histórias sobre discos voadores, mas o fato de tantas pessoas acreditarem nelas é indicativo de um desejo amplamente presente de crer que não estamos sós no universo.

Pergunta - Você tem animais de estimação? Les Magda (lmagda@netroute.net)

Resposta - Não. Mas tenho certeza de que meus filhos vão querer ter bichinhos de estimação. Quando ficarem mais velhos, teremos alguns.

Pergunta - Você prevê um futuro no qual a tecnologia de codificação e a aprovação de novas leis possam concretizar a possibilidade do voto on line em eleições presidenciais? Se isso acontecer, de que maneira pode modificar a percepção que as pessoas têm da Internet e da política? Christian Oppel, (uzs84g@ibm.rhrz.unibonn.de)

Resposta - A codificação não é problema quando se trata do voto on line. O problema que pode surgir é o da autenticação, ou seja, determinar se o eleitor é quem afirma ser.
Os cidadãos -nos EUA, pelo menos- não possuem uma senha que possam utilizar em seu diálogo com o governo.
Quando você, o cidadão, telefona para um órgão do governo, o burocrata que atende a ligação não tem meios de saber ao certo quem você é. Quando você envia um e-mail ao mesmo órgão, é a mesma coisa: você pode ou não ser quem afirma ser.
Quando você faz transações comerciais no papel, existe um mecanismo de autenticação -sua assinatura. Ele não chega a ser à prova de fraudes, mas, na prática, funciona bastante bem. A assinatura é o método de autenticação normalmente usado ao votar em alguém.
A autenticação on line hoje normalmente assume a forma de senhas, mas aparelhos biométricos como leitores de impressões do polegar ou "impressões vocais" vão ganhar importância.
Quando a autenticação on line melhorar suficientemente, os governos poderão facilitar a vida do eleitor, abrindo a possibilidade de o eleitor votar de qualquer lugar.
A probabilidade é que suba o nível de participação dos eleitores e que eles passem a saber mais sobre as próprias eleições.
Hoje, uso o e-mail para pedir o conselho de pessoas em quem confio quando preciso votar em eleições nas quais não estou bem informado sobre os candidatos.
Procuro ajuda porque não quero ser um eleitor mal informado. A Internet vai facilitar muito a minha vida e a de todas as outras pessoas que a usam para se manter informadas.
Manuais eleitorais vão descrever as plataformas dos candidatos e fornecer as listas de entidades e pessoas que apóiam cada chapa, desde grupos ecológicos até partidos políticos, passando por amigos interessados em divulgar suas opiniões. Será muito fácil ser um eleitor bem informado.

Pergunta - Como gerente, um de meus subordinados é um vendedor que trabalha para nossa empresa há anos. Suas vendas são muito fracas, e sua atitude profissional é ainda pior. Ele provoca o fracasso da maioria de minhas reuniões e não segue nenhum dos conselhos que lhe dou.
Não quero demitir uma pessoa que fez um bom trabalho no passado, mas que perdeu suas habilidades. Não quero ser o vilão da história. O sujeito do qual estou falando é uma ótima pessoa. Você tem alguma sugestão a me dar?
Remetente anônimo


Resposta - Você se encontra em posição difícil, porque tanto a atitude quanto os resultados obtidos pelo vendedor são muito ruins. Ele tem boas razões para demonstrar uma reação negativa.
Sente-se com ele e discuta francamente o que ele gosta de fazer e o que não gosta. Deixe que ele expresse suas queixas. Procure descobrir o que o está incomodando e qual seria um resultado positivo para ele -ou se é sequer possível haver algum resultado positivo para ele.
O desafio, para você, é criar uma situação capaz de fazer esse vendedor mudar de atitude, e ver se essa mudança terá efeito sobre seus resultados.
Diga a ele que, para conservar o emprego, ele terá de determinar algumas metas e atingi-las.
Boa sorte.


Bill Gates, presidente do conselho da Microsoft, maior produtora mundial de software para computadores pessoais, alterna artigos e respostas a cartas dos leitores. Será dada preferência a cartas com assuntos de interesse geral. Cartas não publicadas não terão resposta.


Tradução de Clara Allain.


Cartas para Bill Gates, datilografadas em inglês, devem ser enviadas à Folha, caderno Informática -al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, CEP 01202-900, São Paulo, SP- ou pelo fax (011) 223-1644.
E-mail: askbill@microsoft.com




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