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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Desenvolvido desde 1984, Cyc sabe 1,4 milhão de fatos sobre a vida; internauta pode ajudar
Projeto tenta criar máquina pensante
DA ASSOCIATED PRESS
Desde 1984, uma equipe de programadores, linguistas, teólogos,
matemáticos e filósofos vem trabalhando num projeto de US$ 60
milhões que, espera-se, será capaz
de transformar a natureza humana: ensinar um computador a ter
bom senso.
Eles vêm alimentando um banco de dados chamado Cyc
(www.cyc.com) com 1,4 milhão
de verdades e afirmações gerais
sobre a vida e o cotidiano para
que ele possa, automaticamente,
partir das mesmas premissas de
que partem os humanos: conceitos como "seres que morrem permanecem mortos", "cães são animais vertebrados" ou "escalar um
penhasco requer esforço".
Embora alguns críticos questionem o potencial desse projeto tão
árduo, seus inventores acreditam
que o Cyc poderá dotar os computadores de raciocínio -o que
nos ajudaria a trabalhar com mais
eficiência, a compreender melhor
uns aos outros e a prever coisas
até agora imprevisíveis.
O Cyc já ajudou o engenho de
busca Lycos a gerar resultados
mais precisos. O Exército norte-americano, que investiu US$ 25
milhões no projeto, testa o Cyc
como ferramenta de inteligência
na guerra contra o terrorismo.
Recentemente, a empresa que
está desenvolvendo o projeto, a
Cycorp, resolveu dotar sua criação de "ensino superior": criou
um sistema pelo qual os internautas podem descarregar a base de
dados do Cyc e lhe ensinar algumas coisas. O fundador e presidente da Cycorp, Doug Lenat,
acredita que, se um número suficiente de pessoas se conectarem
ao Cyc para lhe transmitir ainda
mais pérolas da sabedoria humana, em pouco tempo o software
poderá se tornar muito mais útil.
Por enquanto, o programa é
apenas algumas centenas de megabytes, que podem ser armazenados num único CD-ROM.
Lenat prevê que, algum dia, o
Cyc poderá organizar mensagens
de e-mail, situando-as em contextos mais úteis para seus destinatários, atuar como tradutor instantâneo e até mesmo oferecer conselhos baseados em diversos pontos de vista.
"Estamos no limiar do êxito",
afirmou recentemente Lenat. Esperanças como essa não são novas na seara da inteligência artificial, que, até agora, gerou mais decepções do que outra coisa.
Na década de 1940, cientistas já
vislumbravam computadores capazes de aprender com a experiência e raciocinar por conta própria. O retrato mais célebre dessa
fantasia foi dado por Hal 9000, o
computador falante que opera
uma nave espacial, mas vira assassino, no filme "2001".
Em seus primórdios, a inteligência artificial era promissora,
mas seu uso era limitado a algumas tarefas específicas.
Um programa criado nos anos
1970 ajudava médicos a diagnosticar tipos de meningite. Mas, por
não saber que isso seria ridículo, o
programa também era capaz de
afirmar que um carro sofria da
doença. Outros softs não detectavam nada de errado num banco
de dados que atribuísse 20 anos
de experiência profissional a uma
pessoa de 25 anos.
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