São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 2002

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INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

Desenvolvido desde 1984, Cyc sabe 1,4 milhão de fatos sobre a vida; internauta pode ajudar

Projeto tenta criar máquina pensante

DA ASSOCIATED PRESS

Desde 1984, uma equipe de programadores, linguistas, teólogos, matemáticos e filósofos vem trabalhando num projeto de US$ 60 milhões que, espera-se, será capaz de transformar a natureza humana: ensinar um computador a ter bom senso.
Eles vêm alimentando um banco de dados chamado Cyc (www.cyc.com) com 1,4 milhão de verdades e afirmações gerais sobre a vida e o cotidiano para que ele possa, automaticamente, partir das mesmas premissas de que partem os humanos: conceitos como "seres que morrem permanecem mortos", "cães são animais vertebrados" ou "escalar um penhasco requer esforço".
Embora alguns críticos questionem o potencial desse projeto tão árduo, seus inventores acreditam que o Cyc poderá dotar os computadores de raciocínio -o que nos ajudaria a trabalhar com mais eficiência, a compreender melhor uns aos outros e a prever coisas até agora imprevisíveis.
O Cyc já ajudou o engenho de busca Lycos a gerar resultados mais precisos. O Exército norte-americano, que investiu US$ 25 milhões no projeto, testa o Cyc como ferramenta de inteligência na guerra contra o terrorismo.
Recentemente, a empresa que está desenvolvendo o projeto, a Cycorp, resolveu dotar sua criação de "ensino superior": criou um sistema pelo qual os internautas podem descarregar a base de dados do Cyc e lhe ensinar algumas coisas. O fundador e presidente da Cycorp, Doug Lenat, acredita que, se um número suficiente de pessoas se conectarem ao Cyc para lhe transmitir ainda mais pérolas da sabedoria humana, em pouco tempo o software poderá se tornar muito mais útil.
Por enquanto, o programa é apenas algumas centenas de megabytes, que podem ser armazenados num único CD-ROM.
Lenat prevê que, algum dia, o Cyc poderá organizar mensagens de e-mail, situando-as em contextos mais úteis para seus destinatários, atuar como tradutor instantâneo e até mesmo oferecer conselhos baseados em diversos pontos de vista.
"Estamos no limiar do êxito", afirmou recentemente Lenat. Esperanças como essa não são novas na seara da inteligência artificial, que, até agora, gerou mais decepções do que outra coisa.
Na década de 1940, cientistas já vislumbravam computadores capazes de aprender com a experiência e raciocinar por conta própria. O retrato mais célebre dessa fantasia foi dado por Hal 9000, o computador falante que opera uma nave espacial, mas vira assassino, no filme "2001".
Em seus primórdios, a inteligência artificial era promissora, mas seu uso era limitado a algumas tarefas específicas.
Um programa criado nos anos 1970 ajudava médicos a diagnosticar tipos de meningite. Mas, por não saber que isso seria ridículo, o programa também era capaz de afirmar que um carro sofria da doença. Outros softs não detectavam nada de errado num banco de dados que atribuísse 20 anos de experiência profissional a uma pessoa de 25 anos.



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