São Paulo, Quarta-feira, 25 de Agosto de 1999
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BUG DO ANO 2000

Cidades brasileiras temem o bug do milênio

MARIJÔ ZILVETI
da Reportagem Local

Na noite de Ano Novo, você pode estar bebendo champanhe para comemorar a virada do ano. Mas o mundo inteiro vai estar de olho nos computadores. Eles podem falhar.
Falta de água e de luz. Problemas de trânsito, arquivos perdidos. É a falha do ano 2000, o bug do milênio.
Trata-se de um problema que atinge programas e sistemas computacionais que vêem o ano apenas com os dois dígitos finais. Na troca de 1999 para 2000 (99 para 00), podem não saber como se comportar.
Bilhões de dólares já foram gastos, no mundo inteiro, para compatibilizar os sistemas computacionais. Mesmo assim, metade das empresas não estará compatível até o final do ano, segundo estimativa do instituto de pesquisas Gartner Group.
Há duas semanas, o Banco Mundial promoveu um encontro em São Paulo para discutir o assunto. Compareceram representantes dos governos federal e estadual e outras entidades.
Os dois governos têm sites para tratar do bug (leia texto abaixo), mas os números não são totalmente confiáveis. Isso acontece porque nem todos estão respondendo aos questionários ou também não estão divulgando as informações necessárias.
De qualquer forma, o Exército poderá ficar de prontidão caso a população entre em pânico. Quem afirma é Marcos Osório de Almeida, secretário executivo adjunto da Comissão Coordenadora do Programa Ano 2000 do governo federal.
Segundo avaliação do governo, as áreas mais avançadas em relação ao bug são instituições financeiras, de energia elétrica, de combustíveis e de transporte aéreo.
Os setores que registram problemas são saúde, abastecimento de água potável e serviços públicos municipais (leia texto abaixo).
O governo federal, segundo declarações de Osório de Almeida, já investiu, nos anos de 98 e 99, R$ 650 milhões. Esse valor, no entanto, pode ter incorreções, uma vez que pode haver confusão com antecipação de gastos de atualização tecnológica.
A comissão coordenadora do governo federal "entende que ainda faltam pequenas e médias empresas fazerem seus ajustes, pois pode haver o efeito dominó, gerando problemas em cadeia".
Segundo o comitê do Senado norte-americano que avalia o problema, o Brasil está no grupo 2 (possibilidade de 33% das empresas serem afetadas) em relação a riscos com o bug do milênio, junto com Canadá e países europeus. No grupo 1 estão apenas os EUA, o Reino Unido e o México.
O Gartner Group estima que as despesas dos Estados Unidos com o bug estejam entre US$ 150 bilhões e US$ 200 bilhões.
Mesmo assim, muitos norte-americanos dizem que vão estocar água e comida por até mais de dois meses para a virada do ano.
E o Reino Unido, onde também foram feitos grandes investimentos, está registrando problemas como a inaptidão em emitir cartão eletrônico com data de validade correta. O governo britânico faz campanha para esclarecer o problema.


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