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MÚSICA
"Violão Virtual" é feito para quem já toca e quer aprender a encadear acordes
CD ensina harmonia a violonista
EDSON FRANCO
Editor interino de Suplementos
Passada a euforia inicial provocada pela abundância de programas educativos musicais no mercado, a chegada de um CD-ROM
como "Violão Virtual" -lançado
pela MGB (0/xx/21/509-3434)-
obriga o consumidor a fazer uma
série de questionamentos.
Será que o produto é voltado
para iniciantes? Será que eu vou
melhorar a minha performance
no instrumento com a ajuda do
CD? Será que eu vou aprender a
solar? A resposta para todas essas
perguntas é não.
Esse CD é feito sob medida para
o violonista que já tem algum domínio sobre o instrumento e que
está interessado em aprender
mais sobre harmonia, a arte de
encadear acordes -três ou mais
notas tocadas simultaneamente.
Ensinada de maneira teórica, a
harmonia é um dos tópicos mais
espinhosos do aprendizado, pois
é o ponto em que música e matemática se encontram.
Isso se reflete até na representação gráfica dos acordes. No sistema adotado pelo "Violão Virtual"
-e pela maioria das publicações
similares-, um acorde de dó menor com sétima e nona é representado pela cifra Cm7/9.
A grande virtude do produto é
fazer com que, mais do que
aprender fórmulas de construção
de acordes, o usuário conheça a
sonoridade deles.
Irresponsabilidade criativa
Dependendo da sensibilidade
de quem usa o CD, ficam nítidas
as características tristes de um
acorde em tom menor, a festividade de um em maior e a tensão
de um acorde de quarta.
Pena que os timbres gerados pela placa de som Sound Blaster
soem tão artificiais. Apesar do nome do produto, as sonoridades
dele são muito mais próximas do
piano do que do violão.
Mas esse não é o principal problema do "Violão Virtual". A
preocupação com harmonia fez
com que fosse posto de lado qualquer esforço para dar ao usuário
noções mínimas e, em alguns casos, indispensáveis de ritmo.
Isso pode levar à descoberta de
um acorde rico em sonoridade,
mas sem saber se ele fica melhor
numa batida sincopada de bossa
nova ou sobre a rigidez militar de
uma marcha.
Mas esse aspecto pode ter seu
lado bom. Com um pouco de
bom senso, o usuário corre o risco
de inventar alguma maneira de
dar uma vazão rítmica inusitada a
determinado acorde.
Nesse caso, nem é bom saber
demais sobre harmonia, pois deixam de existir as regras que limitam os donos de uma saudável irresponsabilidade criativa.
No frigir dos ovos, o "Violão
Virtual" se insere naquela categoria de produtos que, em vez de entregar o peixe, fornecem o conhecimento necessário para pescá-lo.
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