São Paulo, quarta-feira, 25 de outubro de 2000

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DOMÍNIOS DA REDE
Comitê Gestor da Internet cogita reduzir preços cobrados; recursos são aplicados em pesquisas e viagens
Registro de sites brasileiros pode ficar mais barato

DA REPORTAGEM LOCAL

Para que um site consiga atrair boa quantidade de visitantes, é importante que ele tenha um endereço fácil de lembrar.
Atualmente, quem quer registrar um site com endereço terminado em .com.br só tem uma alternativa: pagar uma taxa anual (R$ 50) para a Fapesp (http://registro.br), entidade do governo paulista que coordena o registro de domínios (endereços) na Internet brasileira.
Os recursos arrecadados pela Fapesp são repassados ao Comitê Gestor da Internet no Brasil (CG), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. Embora o presidente do comitê, Ivan Moura Campos, considere o preço cobrado "razoável", existem discussões internas para reduzi-lo: "Se chegarmos a uma conclusão, poderemos colocar essa mudança em vigor no começo do ano que vem", afirma Cassio Vecchiatti, conselheiro do CG.
O detalhe é que a Fapesp, que é quem presta o serviço e faz a manutenção dos computadores que guardam os nomes de todos os sites brasileiros (aproximadamente 320 mil, segundo a entidade), fica com uma pequena fração do dinheiro: dos R$ 10,98 milhões arrecadados pelo CG com o registro de domínios neste ano, apenas R$ 835 mil foram para a Fapesp. Ou seja: de cada R$ 50 que o CG arrecadou, menos de R$ 4 foram efetivamente usados no serviço pelo qual você pagou.
Todo o resto vai para o Comitê Gestor, que, apesar de contribuir com projetos de pesquisa como as RMAV, redes que serão usadas por universidades públicas para se conectar à Internet 2 (versão de altíssima velocidade da Internet tradicional), acumula um superávit que já chega a R$ 20 milhões.
Analisando as contas do comitê, no entanto, surge um outro ponto interessante: até o mês de setembro, os 12 membros da sua diretoria gastaram mais de R$ 218 mil em viagens e congressos.
Essa quantia equivale a 73,8% dos gastos com equipamentos usados para fazer o registro de endereços, que foram de aproximadamente R$ 295 mil durante o mesmo período.
Em 1999, a prioridade, pelo menos em termos de gastos, foi invertida: enquanto o CG gastou R$ 262 mil com viagens, investiu apenas R$ 29 mil em equipamentos.
Desde 1998, o comitê já gastou R$ 512 mil com viagens e investiu R$ 325 mil em equipamentos.
Vecchiatti não considera isso um problema: "Nós temos R$ 20 milhões em caixa. Esses R$ 512 mil equivalem a uns 2,5%. É nada". Além de cobrir gastos com viagens a congressos internacionais, a verba é gasta em passagens para que os 12 conselheiros (que moram em vários Estados) possam se reunir mensalmente: "Nós não recebemos nada pelo trabalho, então não seria justo que gastássemos do nosso bolso com viagens para as reuniões", diz Vecchiatti.
"Os recursos não podem ser gastos apenas com viagens e pessoal", afirma Joaquim Falcão, professor de direito na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e crítico do sistema de registros adotado no Brasil.
Segundo ele, outras empresas e fundações públicas deveriam ser autorizadas a prestar o serviço: "Se houvesse competição, o serviço poderia ser melhor", acredita.

Sem pagar
Nos Estados Unidos, existe uma companhia que faz o serviço de graça. É a Namezero (www.namezero.com), que fornece gratuitamente endereços terminados em .com, .net ou .org. Se você quiser um, visite o site da empresa e preencha os formulários. Digite corretamente seus dados pessoais, pois eles são checados antes da liberação do endereço.
A empresa também irá verificar se o domínio que você solicitou não foi registrado por outra pessoa. Se ele estiver disponível, você receberá e-mails que confirmarão o pedido e trarão instruções para configurar seu novo endereço. Para custear o serviço, a Namezero coloca uma barra com anúncios na parte de baixo das telas do seu site.
A empresa não oferece programas de construção de sites ou espaço para hospedar suas páginas, mas você pode consegui-los visitando endereços como http://vila.bol.com.br, http://br. geocities.com e www.tripod.com.br. (BG)



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