São Paulo, quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

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software

Abertura de código da Microsoft é vista com desconfiança

CÉTICOS Especialistas acham que a ação da empresa tem objetivo de influenciar a decisão sobre um padrão de arquivos

CAMILA RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão da Microsoft de publicar parte dos detalhes de seus programas, anunciada na última quinta-feira, com o objetivo de facilitar a criação de programas para o Windows, é vista com desconfiança por especialistas consultados pela Folha.
Jorge Stolfi, diretor do Instituto de Computação da Unicamp, acredita que "o anúncio da abertura das APIs [a grosso modo, um conjunto de instruções que orientam a utilização de funcionalidade de um software] tem o objetivo de influenciar a votação iminente na ISO [Organização Internacional de Padronização]".
Ele se refere a uma disputa entre dois formatos para definir qual será o padrão internacional de documentos de computador. Um deles é o ODF (OpenDocument Format), que foi criado em 2005 por consenso de várias empresas e é livre, ou seja, não é propriedade de nenhuma delas. O outro é o OOXML, criado pela Microsoft, que estaria tentando pressionar os integrantes da ISO a votar a favor de seu formato.
Em setembro, a organização votou contra o OOXML, mas a empresa terá uma nova chance nesta semana. A decisão será tomada em Genebra, em um encontro que começou anteontem e acaba nesta sexta-feira.
"Se o padrão OOXML for aprovado, todas as leis que tentam quebrar o monopólio serão enfraquecidas", diz Stolfi.
Marco Gubitoso, professor do Departamento de Ciência da Computação da USP, concorda que "abrindo [as APIs e os protocolos], talvez fique mais fácil a aceitação do padrão".
Jon "Maddog" Hall, diretor-executivo da Linux International, mostra-se descrente. "No passado, a Microsoft adotou "padrões" como Kerberos, Java e outros e depois os misturou aos seus próprios padrões [o que mantém os programas incompatíveis com outros]".
Procurada, a Microsoft não quis falar sobre o caso.

Histórico
Em outubro do ano passado, a Comissão Européia anunciou que a Microsoft cumpriria a decisão judicial de três anos antes e publicaria informações técnicas sobre seus programas. A companhia era acusada de abuso de domínio de mercado.
Em dezembro, fez um acordo com a Novell e o grupo de software livre Samba para melhorar a comunicação entre Linux e Windows.


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