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COMDEX
Leia teste exclusivo do Tablet PC, que aceita comandos na tela por meio de uma caneta; custo-benefício não convence
Computador portátil vira prancheta digital
BRUNO GARATTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Idealizado pela Microsoft, o
computador portátil Tablet PC foi
um dos principais destaques da
feira Comdex, que aconteceu semana passada nos EUA. O aparelho, que
será fabricado por várias empresas, tem duas variações. A versão
"pura", que é uma prancheta digital, e a versão "híbrida", que é um
laptop com tela sensível ao toque.
A Folha testou com exclusividade o modelo Acer TravelMate
C100, que pertence à segunda categoria. À primeira vista, ele parece um laptop comum, mas seu diferencial logo fica evidente: a tela
pode ser girada e encaixada,
transformando o aparelho numa
prancheta.
Apesar disso, o TravelMate é leve: pesa apenas 1,4 kg, 100 g a menos do que um tablet "puro" como o ViewSonic V1100 (www.viewsonic.com). Por outro lado,
o aparelho esquenta bastante durante a operação, o que pode incomodar o usuário que o carregue como uma prancheta.
A tela de cristal líquido do portátil tem 10,4 polegadas e funciona
com resolução de 1.024x768 pontos, mas sua qualidade deixa a desejar: a imagem parece lavada e
desfocada, dificultando a leitura
de textos. Pode-se contornar esse
problema aumentando o brilho
da tela, mas a providência reduz a
autonomia das baterias, que cai
de 2h25min para 2h10min.
Escrita digital
A má qualidade da imagem pode ser atribuída ao sistema de reconhecimento de toque: ao contrário das telas usadas nos micros
de mão, que reagem à pressão, o
visor do TravelMate usa a tecnologia EMR, que exige uma caneta
magnética especial. Embora interfira com a resolução visual, o
novo sistema facilita bastante a
utilização do Tablet PC -como a
tela só reage aos toques da caneta,
é possível apoiar as mãos nela.
O TravelMate é fornecido com
duas canetas: uma pequena, que
pode ser guardada no corpo do
aparelho, e outra maior, que traz
um recurso bastante interessante
-a borracha digital. Se o usuário
estiver desenhando e quiser apagar alguma coisa da tela, basta esfregar a extremidade superior da
caneta na tela, como se estivesse
usando uma borracha comum.
Essa função torna o Tablet PC
ideal para desenhistas: com o aparelho, torna-se possível trabalhar
diretamente sobre a tela.
Software
O sistema operacional usado é o
Windows XP Tablet, que traz alguns incrementos. Há um software para fazer anotações manuscritas, mas ele não chega a impressionar. Mais útil, o programa
Windows Journal funciona como
um caderno digital -pode-se escrever e desenhar em toda a tela.
O Journal reconhece a caligrafia
do usuário e transforma suas anotações em arquivos de texto, mas
esse recurso não funciona com o
idioma português (a Microsoft
afirma estar preparando uma
atualização, mas não diz quando
ela será lançada). O reconhecimento de escrita em inglês traz
um avanço, mas é imperfeito: embora reconheça escrita cursiva
-não é preciso grafar caracteres
especiais como nos micros de
mão-, comete erros frequentes.
O sistema cometeu quatro erros
num teste com cem palavras em
inglês. Para ter uma idéia do que
isso significa, seriam quatro erros
só nos dois primeiros parágrafos
deste texto. Os resultados também dependem da caligrafia do
usuário -os enganos chegaram a
13 no texto de cem palavras.
Quando o usuário faz suas anotações no Journal, elas são transformadas em e-mails que contém
o texto reconhecido pelo sistema
e uma reprodução gráfica da página manuscrita. A imagem é difícil de transmitir via rede: cada página tem até 577 Kbytes.
O sistema operacional também
aceita comandos de voz em inglês, mas alguns usuários podem
enfrentar problemas. O manual
do TravelMate recomenda que se
fale com "sotaque da CNN".
Componentes
O hardware do aparelho é considerável: chip Pentium III de 800
MHz, 256 Mbytes de memória
RAM, disco rígido de 27,9 Gbytes
(25,2 livres), entradas de modem
e rede Ethernet e placa de rede
sem fio embutida (padrão
802.11b). Também há duas portas
USB e uma entrada Firewire, que
pode ser usada na conexão de filmadoras digitais.
A utilização de filmadoras pode
ser comprometida pelo disco rígido do TravelMate, que é relativamente lento: durante testes realizados com o programa Sandra
2003, alcançou performance média de apenas 9.000 Kbytes/s, inferior à obtida por discos de 4.200
RPM (rotações por minuto), comuns em micros de mesa antigos.
Apesar do processador de 800
MHz, o sistema se mostrou surpreendentemente moroso, enfrentando alguma dificuldade para executar programas simples,
como o Internet Explorer.
Considerando o preço, que não
é baixo (R$ 14.200; informações:
www.metrocomm.com.br), e a
falta de programas adaptados para o uso de caneta, o TravelMate se destaca mais
como demonstração de tecnologia, pois sua relação custo-benefício é pouco convincente.
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