São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2000


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Bit quântico pode ter mais dados

DA "NEW SCIENTIST"

A informação do mundo quântico se comporta de maneira excêntrica. Um bom exemplo de informação clássica é uma seqüência de zeros e uns que poderiam ser codificados por meio de variações de voltagem em um cabo eletrificado. A voltagem acima de um certo nível dá ao bit o valor um; abaixo, o valor zero. Mas codificar informação em uma partícula quântica, como um fóton, é bastante diferente.
Os fótons podem existir em dois ou mais estados ao mesmo tempo. Por exemplo, o campo elétrico de um fóton pode ser filtrado para que oscile em um determinado plano, fenômeno conhecido como polarização. Torne esse plano vertical e ele recebe o valor zero. Na horizontal, torna-se um.
Mas, devido à superposição quântica, o fóton pode estar polarizado tanto horizontal quanto verticalmente a um só tempo, e assim ter valor zero e valor um simultaneamente. A polarização desse fóton é conhecida como qubit, ou bit quântico.
Com a superposição, poderia ser possível duplicar imediatamente a capacidade dos canais de comunicação usando qubits superpostos. Mas não é esse o caso. A natureza estranha e frágil da informação quântica não o permite.
Com um fóton isolado, só se pode medir a polarização em uma direção. Quando essa medição é realizada, o restante da informação que o fóton contém se perde. Assim, só se pode extrair uma informação de cada qubit. Portanto, a capacidade de um canal quântico para enviar informação clássica não excede a capacidade de um canal tradicional.
Mas o emaranhamento muda isso tudo. A coisa mais curiosa sobre as partículas emaranhadas é o fato de que medir uma das metades de cada par imediatamente determina o resultado da medição da outra metade, não importa quão distantes estejam. Essa capacidade de conectar magicamente dois pontos no contínuo espaço-temporal significa que o emaranhamento pode revolucionar a comunicação. Já foi demonstrado que o emaranhamento pelo menos duplica a capacidade de um canal quântico.
Os físicos começaram recentemente a fazer experiências com trios emaranhados (qutrits) e com quartetos emaranhados (ququarts), de propriedades ainda mais complexas. Combinações ainda maiores são inevitáveis. Esses estados permitiriam que a informação quântica viajasse pelas redes a uma velocidade incrível.


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