|
Próximo Texto | Índice
INTERNET
Repórter investiga serviços de encontro na rede acusados por clientes de iludi-los para obter seus dados cadastrais
Mazelas de um robô que dizia me amar
KATHARINE MIESZKOWSKI
DA "SALON"
Ele é loiro e tem olhos azuis. É artista, escritor ou músico, tem entre 28 e 32 anos e gosta de mim. A internet me contou.
Mas não estou convencida de
que ele exista. Ele pode ser simplesmente o robô que me amava.
Um e-mail do serviço de encontros do site SomeoneLikesYou
(www.someonelikesyou.com)
anunciou o interesse do pretendente. O serviço é um intermediário romântico na rede, com bilhete via e-mail. Mas, se a maioria dos sites de paquera divulga os
nomes e e-mails de seus funcionários, os cupidos da SomeoneLikesYou e seu site irmão, o Crushlink, ocultam esses dados.
Esse sigilo e o volume de mensagens que surgem dos endereços
crushmaster@crushlink.com geraram especulação: talvez haja
menos romance e mais marketing
agressivo em ação. Os concorrentes acusam a Crushlink e a SomeoneLikesYou de praticar spam e ampliar seus quadros de assinantes tirando vantagem dos corações solitários.
Um grupo de defesa do consumidor da Califórnia ameaça processar a Crushlink por iludir os
consumidores. E webmasters anti-spam suspeitam que os sites sirvam para coletar endereços.
A pergunta não é quem está me
paquerando? Mas quem controla
esses sites?
Para descobrir que homem chegaria ao ponto de revelar seu interesse por mim desse jeito brega,
registrei-me no SomeoneLikes
You. Ofereci dados como data de
nascimento e CEP. Depois informei minha cor de cabelos, cor dos
olhos e primeiro encontro ideal.
Por fim, convidaram-me para
oferecer os e-mails de todas as
pessoas que eu gostaria de paquerar. Se eu adivinhar quem é meu
fã e enviar o e-mail dele, nossas
identidades serão reveladas.
Mas, se não houver conexão
amorosa, todos os e-mails que enviei ao site receberão a mensagem: "Você tem uma admiradora
secreta!". E o redemoinho de maluquice romântica se espalha.
O que diferencia o Someone
LikesYou e o Crushlink dos demais sites do gênero é que eles estimulam os visitantes a revelar o
maior número possível de e-mails. Quanto mais endereços cedidos, mais dicas sobre a identidade da pessoa são reveladas.
O sistema de pistas esclarece
porque o vírus do romance desses
sites cresceu tanto. Uma pessoa
que quer saber quem está interessado nela pode gerar dezenas de
e-mails de paquera para pessoas
que mal conhece, que podem ser
convencidas pelo site a disseminar o amor.
Tradução de Paulo Migliacci
Próximo Texto: Outro lado: Dono de site de encontro nega prática de spam Índice
|