São Paulo, quarta-feira, 28 de setembro de 2005

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MÚSICA

Criadores do WinMX, do BearShare e do eDonkey param de distribuir softs de troca; redes continuam funcionando

Ultimato das gravadoras ameaça redes

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sete empresas que mantêm redes de trocas de arquivos receberam um ultimato da Riaa (www.riaa.com), entidade que representa a indústria fonográfica norte-americana: ou tiram seus sites do ar ou vão encarar a Justiça, que já classificou o compartilhamento de arquivos como crime neste último mês de junho.
A reação imediata das notificações foi a suspensão da distribuição dos programas WinMX, BearShare e eDonkey. Esse último, segundo estudo da empresa Cache Logic (www.cachelogic.com), movimenta o equivalente a 51% do total de dados que circulam pelas redes da atualidade.
Os nomes das outras quatro empresas notificadas não foram divulgados pela Riaa.
A ação da indústria fonográfica não é totalmente efetiva. Devido a natureza descentralizada das redes ponto a ponto (P2P), mesmo que as empresas sejam fechadas, os usuários podem continuar a se conectar uns com os outros.
Dessa forma, apenas os possíveis novos usuários são afetados imediatamente pelas ações enviadas pela Riaa.
Os efeitos a longo prazo, entretanto, serão bem mais severos.
Para o vice-presidente da empresa Loudeye, Marc Morgenstern, certamente haverá um enorme realinhamento das empresas de troca depois das cartas enviadas pela Riaa. "Todos verão as conseqüências, pois a decisão torna difícil a existência dessas empresas", diz.

Saída honrosa
Enquanto isso, os responsáveis pelas redes de troca se negam a comentar o assunto.
Dias antes dos ataques judiciais, o "Wall Street Journal" noticiou que algumas das principais empresas que mantêm redes de troca receberam propostas de compra.
A interessada seria a Mashboxx (www.mashboxx.com), uma parceira da Sony e da BMG, e o primeiro negócio a ser concretizado provavelmente seria a aquisição da rede Groskter, que foi encerrada após decisão judicial neste último mês de junho.
A StreamCast Network, que distribui o programa Morpheus, também estaria próxima de um acordo. O intuito da Mashboxx seria mudar o funcionamento das redes ilegais, que cobrariam pelos downloads e respeitariam as leis de proteção dos direitos autorais.

Cobiça
Os interesses comerciais da indústria fonográfica incomodam até quem usa a internet para vender músicas legalmente.
Durante um evento nos EUA, o executivo da Apple Steve Jobs reclamou da cobiça das gravadoras. Segundo Jobs, cuja empresa domina cerca de 70% do comércio de músicas pela internet, a Riaa estaria pressionando a loja iTunes a aumentar seus preços.
Os representantes das gravadoras não negaram a informação, mas defenderam seus pontos de vista.
O executivo do Warner Music Group Edgar Bronfman, por exemplo, não concorda com o preço único de US$ 0,99 cobrado pela iTunes.
"Não existe no mundo conteúdo que não tenha preços flexíveis. Nem todas as músicas são feitas do mesmo jeito. Nem todos os álbuns passam pelo mesmo processo de criação", disse Bronfman. (JULIANO BARRETO)


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