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PARA ONDE VAI TUDO ISSO?
Mudanças de padrões tecnológicos tornam coleções de fotos, e-mails e documentos ilegíveis
Progresso dificulta acesso a dados digitais
KATIE HAFNER
DO "NEW YORK TIMES"
Nos Estados Unidos, 115 milhões de computadores domésticos estão transbordando de tesouros pessoais: milhões de fotografias, músicas de todos os gêneros, trabalhos acadêmicos, grandes romances americanos e, naturalmente, montanhas de e-mails.
Ninguém imaginou ainda uma
forma de preservar esses materiais eletrônicos para a próxima
década e muito menos para os
próximos séculos. Assim como os
e-mails indesejados, o problema
do arquivamento digital, que parece ser de simples solução, confunde até mesmo os especialistas.
""Salvar um arquivo digital por,
digamos, cem anos vai exigir muito trabalho", disse Peter Hite, presidente da Media Management
Services, uma empresa de consultoria em Houston. ""Por outro lado, tirar uma fotografia tradicional e apenas colocá-la em uma
caixa de sapatos não dá nenhum
trabalho." Metade de todas as fotografias já é obtida por meio de
câmeras digitais, e a maior parte
das imagens nunca sai dos discos
rígidos dos computadores pessoais.
O desafio da preservação digital
em geral é tão terrível e complexo
que a Biblioteca do Congresso dos
EUA passou os últimos anos formando comissões e emitindo relatórios sobre o preparo da nação
para a preservação digital.
Jim Gallagher, diretor de serviços de tecnologia da informação
da Biblioteca do Congresso, disse
que a biblioteca, diante de "um dilúvio de informações digitais",
embarcou em um projeto multianual e multimilionário, de olho na
criação de padrões uniformizados para preservação de material
digital, de forma que esse material
possa ser lido no futuro, não importando qual equipamento ou
software que esteja sendo usado.
Presume-se que as máquinas e os
formatos de software em uso
atualmente vão se tornar obsoletos mais cedo do que tarde.
""Sob todos os aspectos, é um
problema global para os maiores
governos, para as maiores corporações e mesmo para as pessoas",
disse Ken Thibodeau, diretor de
arquivos de registros eletrônicos
na Administração Nacional de
Arquivos e Registros.
Enquanto isso, os proprietários
de computadores pessoais se debatem na esfera privada. Gavetas
de escrivaninhas e armários estão
cheios de computadores obsoletos, pilhas de discos Zip e disquetes de 3,5 polegadas e até de discos
removíveis de 5,25 polegadas dos
anos 1980. Sem apresentar uma
solução clara, os especialistas recomendam que as pessoas copiem seu material, esteja ele em
vinil, filme ou papel, para CDs e
outros formatos de backup.
Ponto fraco
Mas os mecanismos de backup
também podem perder sua integridade. Fitas magnéticas, CDs e
discos rígidos estão longe de serem robustos. O tempo de vida
dos dados em um CD gravado em
um gravador caseiro, por exemplo, pode ser de só cinco anos, se
ele for exposto a graus extremos
de umidade ou temperatura.
E, se um CD for arranhado, disse Hite, ele pode se tornar inútil.
Diferentemente, diz ele, de dados
esmaecidos, porém legíveis, impressos em papel, o momento em
que um arquivo digital se torna
corrompido ou começa a se degradar é indecifrável.
"Estamos acumulando informações digitais mais rápido do
que podemos manuseá-las, e mudando para novas plataformas
mais rápido do que podemos
controlá-las", disse Jeffrey Rutenbeck, diretor do Programa de Estudos de Mídia da Universidade de Denver.
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