São Paulo, quarta, 30 de dezembro de 1998

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TECNOLOGIA
Técnica de hipertexto ganha nova forma para visitar sites na rede mundial de computadores
Acesso a textos será tridimensional

MATTHEW MIRAPAUL
do New York Times News Service

A ficção em hipertexto nasceu na metade dos anos 80, quando os escritores tentavam expandir as fronteiras da literatura usando tecnologia de computação.
Mas as fronteiras da tecnologia se expandiram, de modo que os autores de ficção em hipertexto estão agora tentando novas técnicas que literalmente introduzem uma nova dimensão em seus trabalhos.
Holo-X e Waxweb, uma dupla de projetos para a Web, empregam software de linguagem de realidade virtual (VRML) para criar ambientes tridimensionais para suas palavras e imagens.
O "The Tomb Robbers" incorpora panoramas de 360 graus em "QuickTime VR", que servem como ilustrações e como elementos de navegação nas histórias.

Mergulho na história
A maior parte dos exemplos de ficção em hipertexto espera que os leitores mergulhem em uma história clicando em palavras destacadas, por sua vez ligadas a outras passagens escritas.
Mas desde que a técnica começou a ser empregada, porém, os escritores virtuais têm empregado desenhos, fotografias e outros recursos gráficos bidimensionais para acrescentar significados às suas histórias na tela.
Ou seja, software tridimensional era um acontecimento inevitável à palheta de ferramentas multimídia.
Para os que pretendem visitar o Holo-X, é melhor estar ciente de que a linguagem e os recursos disponíveis são bem rudes.
O texto do site é erotismo com hiperlinks. Mas, se você conseguir apreciar ou desconsiderar o conteúdo, o Holo-X oferece um vislumbre fascinante sobre o mundo futuro do hipertexto. Na sua melhor forma, a ficção cria um mundo próprio. Aqui, ela é incorporada por um deles.
Assim que o Holo-X é carregado por um browser, surge uma imagem tridimensional de um quarto na tela.
Os visitantes podem circular pelo espaço e se aproximar, via zoom, de objetos como diários ou uma tomada na parede, conectados a janelas que surgem na tela repletas de links de hipertexto. O site também contém diversos elementos de multimídia, tais como um aparelho de som que conduz a arquivos de música.
Outro aspecto inovador do site é o "propulsor de diálogos", que gera os comentários da suculenta protagonista, a feiticeira da linguagem em territórios incógnitos (cujas iniciais em inglês querem dizer algo como mulher fácil). Os comentários dela, que aparecem na forma de texto, são gerados aleatoriamente, mas as opções foram cuidadosamente programadas para evitar perda de significado para a história.
"Há boa quantidade de texto", diz Jay Dillemuth, um dos autores do Holo-X. "Se o texto fosse exposto linearmente, a protagonista falaria por quase três horas." Agora, cada uma das 20 cenas dura de um a três minutos.
A prosa foi criada por meia dúzia de colaboradores, incluindo Dillemuth, Alex Cory e Caroline E. White, os principais sócios do site, e Mark Amerika, autor da ficção em hipertexto "Grammatron". Quando não está se espojando na sarjeta, a linguagem aspira à condição de poesia, como neste exemplo: "a noite jubilosa em espasmos retintos desce sobre a cidade".
A função do Holo-X é de alguma forma semelhante à de um casaco de pele para uma prostituta: o site e seu conteúdo intelectualizado visam atrair leitores para a XRave, comunidade virtual de temática adulta, que os sócios planejam estrear amanhã.


Tradução de Paulo Migliacci.



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