São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

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PIRATARIA

Estúdios de cinema ameaçam internautas que colocam filmes na rede

Hollywood rastreia troca de arquivos

DA ASSOCIATED PRESS

Tentando combater a troca de arquivos na internet, que prejudica a indústria musical, a indústria do cinema nos EUA está caçando internautas que compartilham filmes via rede. A operação faz parte dos crescentes esforços para combater a pirataria on-line, que incluem medidas técnicas invasivas.
A Motion Picture Association of America (MPAA), que reúne os sete principais estúdios de cinema dos EUA, usa uma ferramenta de busca especial, que vasculha as redes de troca de arquivos. A MPAA diz ter enviado cartas a mais de 100 mil internautas desde 2001.
Paralelamente, a divisão de banda larga da AOL Time Warner começou a tentar identificar e bloquear os usuários que fazem muito upload (envio de dados) para a rede, comportamento que quase sempre indica troca de arquivos audiovisuais.
"Nós não estamos bloqueando o uso de programas ou o acesso a sites", diz Mark Harrad, da Time Warner Cable. "Mas estamos fazendo várias coisas para administrar melhor a largura de banda [capacidade da rede" e interferir com pessoas que estão violando seus contratos de serviço."
Harrad não quis falar sobre as técnicas de interferência, mas negou que a operação seja focada nos usuários que trocam arquivos. Segundo ele, a operação da Time Warner aborda os engarrafamentos de rede, não a pirataria.
A AOL Time Warner controla o estúdio Warner Brothers, que é um dos sete maiores de Hollywood. A empresa também controla a gravadora Warner Music, que está entre as cinco maiores.
É mais difícil trocar filmes do que músicas via internet. Um filme pode ter mais de 600 Mbytes, o que facilmente resulta em seis horas de download, mesmo com uma conexão de banda larga (alta velocidade). Em comparação, os arquivos MP3 costumam ter 6 Mbytes cada um, o que torna possível baixar uma canção em poucos minutos.

Downloads ilegais
Segundo a empresa de consultoria Viant, de 400 mil a 600 mil filmes são baixados ilegalmente a cada dia. Embora esse número seja bastante inferior aos 3 bilhões de músicas trocadas no auge do programa Napster, que deixou de operar, é o suficiente para assustar os estúdios de Hollywood.
"A nossa indústria pode sofrer tantos danos quanto a indústria musical", afirma Ken Jacobsen, vice-presidente da MPAA.
O software de monitoramento usado pela MPAA é fornecido pela empresa californiana Ranger Online. O programa, que é automatizado, descobre o endereço IP do usuário que troca filmes na rede. Em seguida, uma queixa é encaminhada ao provedor de acesso do internauta.
A MPAA pede que o provedor faça um ultimato ao usuário: remova os arquivos pirateados do seu computador ou tenha a sua conexão desligada.
Segundo Jacobsen, quase todas as pessoas que receberam cartas desse tipo obedeceram.
A MPAA diz que não tem números indicando precisamente quantos usuários foram desconectados por seus provedores, mas pelo menos um destinatário revidou.
Foi o site norte-americano InternetMovies.com (www. internetmovies.com), que abriu um processo contra a MPAA na Justiça dos EUA.

Balão de ensaio
O deputado norte-americano Howard Berman está propondo uma lei que permitiria empregar uma série de medidas eletrônicas para obstruir as redes de troca de arquivos. Os recursos, que seriam adotados por empresas de mídia, poderiam bloquear a transferência de arquivos, redirecionar usuários para outros sites ou confundi-los com arquivos falsos.
Reservadamente, executivos de gravadoras admitem ter pretendido atrapalhar a troca de músicas com gravações falsas.
Internautas que tentaram baixar as músicas do novo CD do cantor Eminem, lançado em junho, ocasionalmente obtiveram arquivos em que um único verso é repetido durante toda a gravação, em vez de músicas completas.
Contudo táticas como essa podem ser consideradas ilegais pela legislação atual dos EUA.



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