São Paulo, segunda, 12 de outubro de 1998

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VAREJO
Com dívida de R$ 800 mi, rede começa a vender brinquedos
Arapuã diversifica vendas para sair mais rápido da concordata

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
da Reportagem Local

Pouco mais de cem dias depois do pedido de concordata, a Arapuã começa a vender brinquedos, mas a ampliação de produtos é apenas uma das mudanças adotadas na empresa nesse período.
Com dívida de cerca de R$ 800 milhões, principalmente junto a fornecedores, a companhia está passando por uma reestruturação que inclui a terceirização dos setores de crédito e de cobrança, diversificação e enxugamento.
Paralelamente a essas ações táticas, a Arapuã contratou o Unibanco para montar uma operação financeira de longo prazo, de forma que possa sair da concordata.
Assim que pediu concordata, em 22 de junho, a principal preocupação da diretoria da empresa foi tentar normalizar o fornecimento de mercadorias, já que seus estoques se reduziram a praticamente zero depois de semanas de negociações com fornecedores.
Hoje, a grande maioria dos fornecedores está vendendo para a Arapuã porque não querem perder um canal de vendas com 220 lojas no país.
O plano adotado pela empresa prevê redução de gastos e recuperação das vendas, que foram abaladas com o desgaste causado pelo pedido de concordata. Do lado das despesas, a rede conseguiu atingir seu objetivo. As vendas também cresceram, mas a recuperação perdeu força nos últimos tempos.
O faturamento de setembro chegou a superar em 40% o de agosto, mas a média de crescimento caiu nos últimos dias. Com a alta das taxas de juros e o clima de incerteza na economia, os consumidores diminuíram o ritmo de compras.
Mesmo com o esfriamento na economia, a Arapuã está perto de atingir o ponto de equilíbrio entre suas despesas e receitas. O que ainda pesa sobre a empresa são as dívidas com os credores.
Um princípio está orientando as mudanças -a Arapuã deve fazer o que sabe fazer: comprar e vender mercadorias. Isso explica a terceirização das operações de crédito. Hoje, três financeiras (Santander, Losango e Fininvest) tocam os financiamentos. Também foi repassada para empresas especializadas a cobrança de créditos.
Essas duas decisões ajudaram a reduzir custos, inclusive com a demissão de funcionários. Nos últimos três meses, a empresa demitiu aproximadamente 1.400 empregados, reduzindo o número de funcionários para cerca de 3.000.
Também foram fechadas 22 lojas que eram deficitárias. Estão sendo renegociados os contratos de aluguel dos imóveis onde estão instaladas a grande maioria das lojas.
A nova estratégia da Arapuã prevê a diversificação de sua linha de produtos. Desde o início da década de 90, a rede trabalha basicamente com eletrodomésticos.
A Arapuã começou a vender também relógios e utensílios para o lar, como panelas e faqueiros. Na semana passada, começou a oferecer brinquedos e, nos próximos dias, devem aparecer nas lojas móveis, CDs e computadores.


Colaborou Ricardo Grinbaum, da Reportagem Local



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