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ORÇAMENTO DOMÉSTICO
Preços em alta, renda menor e risco de desemprego farão sobrar mais mês no final do salário
Planeje-se; o dinheiro está mais curto
ISABEL CAMPOS
EDITORA-ADJUNTA DO FOLHAINVEST
Você já parou para pensar que,
nos próximos quatro meses, vão
chover despesas extras no orçamento da sua família e que o clima natalino, neste final de ano,
será bem diferente do de 2000?
Os extras começam nesta sexta-feira com o Dia das Crianças, passam pelos presentes de Natal, Réveillon, férias, IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores) até chegarem ao
material e uniforme escolar. Pouca gente sabe que os picos de inadimplência no país acontecem
nos meses de março e abril por
causa das dívidas contraídas para
pagar essas despesas.
A questão é que, neste final de
ano, além de olhar os extras tradicionais, as pessoas também devem abrir o olho para o turbulento cenário econômico, que inclui
risco crescente de desemprego,
arrocho salarial e alguns aumentos de preço.
Quem está em época de dissídio
coletivo ou chegando perto não
deve contar com correção salarial
igual à do ano passado. "Em 2000,
as condições econômicas eram
outras. A maioria das categorias
conseguiu zerar as perdas decorrentes da inflação ou ter aumento
real. A conjuntura, agora, é bem
diferente", diz Wilson Amorim,
coordenador técnico do Dieese
(Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). "Em períodos de retração e aumento de desemprego, fica difícil negociar salário", explica
Alberto Borges Matias, professor
da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da
USP de Ribeirão Preto.
"Historicamente, no segundo
semestre, a taxa de desemprego
cai e a de agosto é menor que a de
julho. Não estamos seguindo esse
padrão", diz Amorim. Em julho, a
taxa na Grande São Paulo foi de
17,3%; em agosto, 17,7%.
Em razão da crise, a tendência é
que as negociações salariais passem a privilegiar a manutenção
do emprego em vez de aumentos
salariais. Ricardo Humberto Rocha, professor do Labfin (Laboratório de Finanças da USP), diz
acreditar que os acordos coletivos
que estão para sair deverão girar
em torno de aumentos de 5%. De
acordo com projeções do governo
federal divulgadas na semana
passada, o brasileiro terá um ganho real sobre sua renda próximo
de zero neste ano.
Na ponta do custo de vida, a inflação está sob controle. Dependendo do índice, talvez feche o
ano, no máximo, em 7,5%, diz
Matias. Porém, se considerarmos
que a inflação talvez não seja reposta nos salários e que há gastos,
principalmente na classe média,
que não aparecem na coleta de
preços dos índices de inflação, a
situação é de empobrecimento.
As escolas e universidades, neste mês, começam a enviar os boletos de reserva de matrícula para
2002. Segundo João Paulo Nogueira, diretor da CNA, empresa
especializada em consultoria administrativa e financeira para escolas, cada colégio está adotando
um critério de reajuste para 2002,
mas a maioria pretende elevar a
anuidade entre 8% e 10%. "Escolas de cursos extras, como inglês e
natação, também deverão reajustar seus preços", afirma Rocha.
As férias deste verão vão custar
bem mais do que as do anterior.
Neste mês, algumas companhias
aéreas elevaram suas tarifas em
cerca de 3%. No acumulado do
ano, o aumento já chega a 30%.
Planejar a vida financeira, dizem os consultores, é fundamental em qualquer época. Mas, num
cenário de retração econômica,
como o atual, torna-se uma questão de sobrevivência, um caminho para não entrar nas estatísticas de inadimplência. Segundo a
Serasa, de janeiro a setembro, foram protestados 2,3 milhões de títulos de pessoas físicas. Esse número é 86,4% superior ao registrado no mesmo período de 2000.
Outra recomendação é incluir
no planejamento um percentual a
ser poupado todo mês, para montar um fundo de emergência. Caso esteja difícil guardar dinheiro,
no quadro acima, há algumas dicas de como cortar despesas.
"O brasileiro conseguiu economizar 20% de energia elétrica.
Quando as pessoas querem, elas
conseguem poupar. Basta ter um
pouco de disciplina", diz Fábio
Colombo, diretor da consultoria
Money Maker.
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