São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2001

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DERIVATIVOS

BM&F está negociando contratos mínis de dólar e Ibovespa; aportes são menores que no contrato tradicional

Pequeno investidor pode operar no mercado futuro

ISABEL CAMPOS
EDITORA-ADJUNTA DO FOLHAINVEST

Os pequenos e médios investidores têm novos instrumentos de proteção ou para obter ganhos no mercado financeiro. Desde o dia 17 de setembro, a BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) está operando dois novos contratos: futuro míni de dólar e futuro míni de Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo).
Segundo Edemir Pinto, diretor-geral da BM&F, o mercado de mínis é semelhante ao fracionário da Bovespa. Os contratos têm as mesmas características dos tradicionais, mas os valores são menores para possibilitar o ingresso de investidores de pequeno porte.
Enquanto o contrato tradicional de dólar equivale a US$ 50 mil, o míni é de US$ 5.000. No Ibovespa míni, cada ponto do contrato corresponde a R$ 0,30. No tradicional, cada ponto vale R$ 3,00.
Para Pinto, esses contratos podem ser mais vantajosos para o investidor do que aplicar, por exemplo, em um fundo. "Num fundo cambial, a pessoa dá uma ordem hoje, e ela é executada no dia seguinte. No mercado futuro, as operações são sempre liquidadas no mesmo dia. Além disso, o custo por operação muitas vezes é inferior ao das taxas de administração dos fundos."
Paulino Botelho de Abreu Sampaio, diretor da corretora Coinvalores, está otimista com o mercado de contratos mínis. "Existe uma demanda por esse tipo de produto. O volume de negócios ainda é pequeno, mas é só uma questão de tempo para crescer."
Leão Machado Neto, diretor da corretora Spinelli, elogia a iniciativa da BM&F, mas não acha que esse nicho venha a ter muita expressividade. "Mercados futuros são para profissionais. Para um pequeno investidor, é mais fácil montar uma posição em um fundo de investimento."
Tanto Sampaio como Machado dizem que, antes de entrar no mercado futuro, é preciso se assessorar com uma corretora e estudar o assunto. O segmento é complexo, envolve riscos e exige um acompanhamento diário das posições. Além disso, no caso dos mínis, como eles estão começando, o investidor, eventualmente, pode ter dificuldade para sair de uma posição devido à falta de liquidez.

Hedge
Os mercados futuros possibilitam a montagem de vários tipos de operação. Vamos supor que uma pessoa tenha uma dívida ou um crédito em dólar a vencer e que esteja com receio de que o real venha a se desvalorizar ou se valorizar. Nesse caso, explica o diretor-geral da BM&F, ela pode utilizar o futuro de dólar para fazer um hedge (proteção).
Para se proteger contra uma eventual flutuação de preço, a pessoa compra ou vende dólares no mercado futuro. Com isso, ela trava sua posição numa determinada cotação e elimina o risco de uma valorização ou desvalorização da moeda americana acima do patamar estabelecido.
Veja que, ao eliminar as perdas, as operações de hedge também limitam o lucro. Se o dólar flutuar diferentemente do previsto, a pessoa não tirará nenhum proveito do fato.
Outro exemplo, diz Sampaio, diretor da Coinvalores, é utilizar o mercado futuro para proteger posições em Bolsa. Imagine um investidor que tenha cotas de um fundo de ações atrelado ao Ibovespa e que não queira vendê-las, mas esteja temendo que o índice possa cair.
Nessa situação, ele pode fazer hedge vendendo contrato de Ibovespa futuro. Ele trava sua posição em determinada cotação e, de cada vez que o mercado fica abaixo dela, recebe a diferença. Se subir, ele pagará a diferença para quem está na ponta compradora, mas não terá prejuízo porque suas cotas no fundo de ações também estarão em alta.


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