|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FRAUDES
A xerife do mercado de ações, a CVM, multa corretoras e pessoas físicas
Fuja dessas operações
fraudulentas do mercado
DA REPORTAGEM LOCAL
No rol das operações ilegais do
mercado financeiro o que não falta é criatividade. "Zé com zé" ou
"esquenta-esfria" são alguns dos
jargões para definir operações
realizadas no mundo acionário.
Elas seduzem os investidores
desavisados, mas são consideradas crimes, tanto pela autarquia
responsável pelos investimentos
em renda variável, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários),
quanto pela Receita Federal.
Na última semana, a CVM puniu corretoras e pessoas físicas
que fizeram operações fraudulentas no mercado de opções entre
novembro de 93 e fevereiro de 94.
Uma das maiores multas já aplicadas pela autarquia ficou para a
Souza Barros, que existe há 72
anos, uma das mais antigas corretoras de valores do mercado. A
multa foi de R$ 1,2 milhão.
De acordo com o relatório da
CVM, a corretora teria feito operações na qual alegava prejuízos
de US$ 2 milhões em sua carteira
própria. O falso prejuízo, segundo
a CVM, serviu para enganar o fisco. "Esse tipo de operação sempre
foi muito comum no mercado financeiro", observa Ivan Sant'Anna, escritor e ex-operador.
A operação, conhecida como
"esquenta-esfria, ocorre quando
existem dois interessados: o primeiro, quer pagar menos Imposto de Renda; o segundo, justificar
uma entrada de recursos.
"Isso sempre acontece entre a
pessoa jurídica que quer evitar
pagar o tributo e uma pessoa física que não tem como justificar
uma entrada extra de recursos",
diz.
A operação realizada no mercado financeiro faz com que uma
pessoa ganhe e a outra perca, mas
só para efeitos contábeis.
Perante a lei isso é crime porque
há sonegação de imposto. Sant'Anna diz que esse tipo de operação era mas difícil de ser fiscalizada na época em que a inflação era
alta.
Álvaro de Souza Barros, diretor
da Souza Barros, afirma que a corretora nunca operou em carteira
própria. "Ainda não fomos notificados pela CVM, por isso não sabemos quais regulamentos infringimos", diz.
De acordo com a CVM, a Tendência Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários cometeu a mesma fraude naquele ano.
Procurados pela Folha, os diretores da corretora não responderam.
Informações privilegiadas
Outra operação bastante conhecida pelo mercado financeiro é a
"Zé com Zé". Nessa operação, o
investidor tenta manipular o preço de um papel comprando e vendendo ações com outro nome.
O ex-presidente da CVM Francisco da Costa e Silva afirma que o
controle por parte da CVM está
mais rígido, o que vem favorecendo a descoberta desse tipo de manipulação. "O padrão de fiscalização do Brasil é bom, precisamos
apenas de uma maior auto-regulação", afirma.
Outra forma ilegal de atuar no
mercado de capitais é utilizar informações privilegiadas. No ano
passado, quando ocorreu o anúncio da fusão das cervejarias Brahma e Antarctica, pessoas envolvidas com a operação foram acusadas de ter tido acesso a informações exclusivas.
Atualmente, a CVM investiga a
possibilidade das pessoas envolvidas terem se beneficiado das informações e terem comprado
ações dessas duas empresas porque já sabiam da fusão.
Texto Anterior: Passivo e ativo Próximo Texto: Dicas Índice
|