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AÇÕES
Veja o que fazer para receber dividendos e bonificações se você esqueceu seus papéis na gaveta durante anos
Tire as suas aplicações do fundo do baú
DA REDAÇÃO
Se você tem ações de empresas
guardadas no baú, é bom arejá-las
antes que virem pó. O bancário
aposentado Maurício Darbello,
52, de Campinas, "encontrou" recentemente dez certificados correspondentes a 53.902 ações preferenciais do banco Auxiliar de
São Paulo, que havia esquecido
em uma gaveta entre documentos
antigos. "Será que valem alguma
coisa; podem ser negociadas no
mercado?", perguntou ele em e-mail enviado à Folha.
O Auxiliar teve sua liquidação
decretada pelo Banco Central no
dia 19 de novembro de 85. A corporação Bonfiglioli foi designada
pelo BC como liquidante ordinária, e nos últimos 14 anos foram
resolvidas as pendências trabalhistas com investidores de cadernetas de poupança e em fundo
157, segundo informação do departamento jurídico da empresa.
Ainda hoje, cerca de 50 acionistas procuram diariamente o departamento jurídico em busca de
informações sobre seus papéis, e a
orientação é sempre a mesma:
eles devem aguardar o final da liquidação. Se restar algum patrimônio, será rateado entre os acionistas.
No mercado, os papéis perderam liquidez. Segundo a Bovespa
(Bolsa de Valores de São Paulo),
as ações do Auxiliar deixaram de
ser negociadas desde que o Banco
Central decretou sua liquidação
extrajudicial.
Darbello, um ex-contador do
Auxiliar, comprou o primeiro lote
de ações em uma emissão feita em
77. "Depois, recebi outros lotes
como parte das gratificações semestrais dadas aos funcionários",
conta ele.
Quando o banco entrou em liquidação, ele procurou a agência
de Campinas para tentar resgatar
as ações, mas foi informado de
que isso não seria possível. "Procurei um advogado, na época,
mas nenhum aceitou a causa",
diz.
Agora, só lhe resta esperar que
um dia a liquidação chegue ao
fim. "O acionista deve manter os
papéis e esperar o fim da liquidação", diz Marcelo Marques, gerente de orientação ao investidor
da CVM (Comissão de Valores
Mobiliários).
Dividendos
Assim como Darbello, Genaro
Moacir Prates, de Santa Helena,
interior do Paraná, também tem
andado em busca das pegadas de
uma empresa da qual seu pai,
Paulo Sinval Prates, já falecido, foi
acionista.
"Em abril de 66, ele adquiriu 50
ações ordinárias da Companhia
Federal de Desenvolvimento Econômico, então com sede em Porto
Alegre", conta Prates. O investidor pagou, na época, Cr$ 1.000
por ação.
Até 69 ele recebeu dividendos
duas vezes por ano. Em 70, perdeu o contato com a empresa. Um
ano depois, recebeu um comunicado do Banco Áurea de Investimentos S/A, informando sobre a
fusão da Companhia Federal de
Desenvolvimento Econômico
com aquela instituição.
"O Banco Áurea informava que,
com a constituição da nova empresa, teria havido uma valorização de 40% do capital e que, para
cada grupo de dez ações do meu
pai, seriam acrescidas outras quatro", diz Prates. Depois disso,
nunca mais a família teve contato
com a instituição.
Em suas buscas, Prates foi informado pelo BC de que o Banco Áurea foi adquirido pelo BCN. O BC,
porém, não encontrou qualquer
registro do Banco Áurea de Investimentos.
O Departamento de Marketing
do Bradesco, controlador do
BCN, informa que está verificando se há algum registro de Paulo
Sinval Prates como acionista do
BCN.
Se você se descuidou de sua carteira de ações, como Darbello e a
família Prates, prepare-se para
enfrentar uma via-crúcis para resgatar sua aplicação. "O primeiro
passo é procurar o serviço de
orientação e educação do investidor", diz Marques.
Pelo telefone 0800-241616, você
poderá informar-se se a empresa
que emitiu os papéis ainda tem
capital aberto e poderá localizar o
seu endereço para entrar em contato com ela.
Se a empresa fechou o capital,
você encontrará informações sobre ela no centro de consultas da
CVM, no Rio (rua Sete de Setembro, 111, 21º andar, telefone (21)
212-0315), ou no escritório de São
Paulo (rua Formosa, 36, 20º andar, telefone (11) 326-2015).
"Uma vez localizada a empresa,
o investidor poderá tentar vender
suas ações ao controlador", diz
Marques. Informe-se, também,
sobre os dividendos pagos nos
anos em que você ficou com o papel no baú. "Os dividendos só
prescrevem após três anos, e mesmo os acionistas daquelas que fecharam o capital têm direito a
eles", acrescenta.
Segundo Marques, no caso de
empresas que continuam com o
capital aberto, o investidor deverá
informar-se sobre a ocorrência de
"split" (desdobramento de ações)
e distribuição de bonificações.
Se houve desdobramento de
ações, o investidor terá direito a
mais papéis. A bonificação, um
artifício contábil que as empresas
usam para incorporar reservas ao
capital, consiste na emissão de
novas ações. Nesse caso, o investidor terá direito a novos papéis.
"Esse direito não prescreve com o
tempo", diz Marques.
Para evitar dores de cabeça e
prejuízos, ele recomenda aos investidores acompanhar regularmente as cotações de seus papéis e
buscar informações sobre a empresa pelo menos uma vez por
ano.
(SANDRA BALBI)
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