São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2000


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AÇÕES
Veja o que fazer para receber dividendos e bonificações se você esqueceu seus papéis na gaveta durante anos

Tire as suas aplicações do fundo do baú

DA REDAÇÃO

Se você tem ações de empresas guardadas no baú, é bom arejá-las antes que virem pó. O bancário aposentado Maurício Darbello, 52, de Campinas, "encontrou" recentemente dez certificados correspondentes a 53.902 ações preferenciais do banco Auxiliar de São Paulo, que havia esquecido em uma gaveta entre documentos antigos. "Será que valem alguma coisa; podem ser negociadas no mercado?", perguntou ele em e-mail enviado à Folha.
O Auxiliar teve sua liquidação decretada pelo Banco Central no dia 19 de novembro de 85. A corporação Bonfiglioli foi designada pelo BC como liquidante ordinária, e nos últimos 14 anos foram resolvidas as pendências trabalhistas com investidores de cadernetas de poupança e em fundo 157, segundo informação do departamento jurídico da empresa.
Ainda hoje, cerca de 50 acionistas procuram diariamente o departamento jurídico em busca de informações sobre seus papéis, e a orientação é sempre a mesma: eles devem aguardar o final da liquidação. Se restar algum patrimônio, será rateado entre os acionistas.
No mercado, os papéis perderam liquidez. Segundo a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), as ações do Auxiliar deixaram de ser negociadas desde que o Banco Central decretou sua liquidação extrajudicial.
Darbello, um ex-contador do Auxiliar, comprou o primeiro lote de ações em uma emissão feita em 77. "Depois, recebi outros lotes como parte das gratificações semestrais dadas aos funcionários", conta ele.
Quando o banco entrou em liquidação, ele procurou a agência de Campinas para tentar resgatar as ações, mas foi informado de que isso não seria possível. "Procurei um advogado, na época, mas nenhum aceitou a causa", diz.
Agora, só lhe resta esperar que um dia a liquidação chegue ao fim. "O acionista deve manter os papéis e esperar o fim da liquidação", diz Marcelo Marques, gerente de orientação ao investidor da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Dividendos
Assim como Darbello, Genaro Moacir Prates, de Santa Helena, interior do Paraná, também tem andado em busca das pegadas de uma empresa da qual seu pai, Paulo Sinval Prates, já falecido, foi acionista.
"Em abril de 66, ele adquiriu 50 ações ordinárias da Companhia Federal de Desenvolvimento Econômico, então com sede em Porto Alegre", conta Prates. O investidor pagou, na época, Cr$ 1.000 por ação.
Até 69 ele recebeu dividendos duas vezes por ano. Em 70, perdeu o contato com a empresa. Um ano depois, recebeu um comunicado do Banco Áurea de Investimentos S/A, informando sobre a fusão da Companhia Federal de Desenvolvimento Econômico com aquela instituição.
"O Banco Áurea informava que, com a constituição da nova empresa, teria havido uma valorização de 40% do capital e que, para cada grupo de dez ações do meu pai, seriam acrescidas outras quatro", diz Prates. Depois disso, nunca mais a família teve contato com a instituição.
Em suas buscas, Prates foi informado pelo BC de que o Banco Áurea foi adquirido pelo BCN. O BC, porém, não encontrou qualquer registro do Banco Áurea de Investimentos.
O Departamento de Marketing do Bradesco, controlador do BCN, informa que está verificando se há algum registro de Paulo Sinval Prates como acionista do BCN.
Se você se descuidou de sua carteira de ações, como Darbello e a família Prates, prepare-se para enfrentar uma via-crúcis para resgatar sua aplicação. "O primeiro passo é procurar o serviço de orientação e educação do investidor", diz Marques.
Pelo telefone 0800-241616, você poderá informar-se se a empresa que emitiu os papéis ainda tem capital aberto e poderá localizar o seu endereço para entrar em contato com ela.
Se a empresa fechou o capital, você encontrará informações sobre ela no centro de consultas da CVM, no Rio (rua Sete de Setembro, 111, 21º andar, telefone (21) 212-0315), ou no escritório de São Paulo (rua Formosa, 36, 20º andar, telefone (11) 326-2015).
"Uma vez localizada a empresa, o investidor poderá tentar vender suas ações ao controlador", diz Marques. Informe-se, também, sobre os dividendos pagos nos anos em que você ficou com o papel no baú. "Os dividendos só prescrevem após três anos, e mesmo os acionistas daquelas que fecharam o capital têm direito a eles", acrescenta.
Segundo Marques, no caso de empresas que continuam com o capital aberto, o investidor deverá informar-se sobre a ocorrência de "split" (desdobramento de ações) e distribuição de bonificações.
Se houve desdobramento de ações, o investidor terá direito a mais papéis. A bonificação, um artifício contábil que as empresas usam para incorporar reservas ao capital, consiste na emissão de novas ações. Nesse caso, o investidor terá direito a novos papéis. "Esse direito não prescreve com o tempo", diz Marques.
Para evitar dores de cabeça e prejuízos, ele recomenda aos investidores acompanhar regularmente as cotações de seus papéis e buscar informações sobre a empresa pelo menos uma vez por ano. (SANDRA BALBI)


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