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IMÓVEIS
Analistas sugerem aplicações sem risco, como fundos de renda fixa DI
Veja como poupar para a construção da casa própria
ISABEL CAMPOS
EDITORA-ADJUNTA DO FOLHAINVEST
Quando o plano é construir a
casa própria, o que não faltam são
dúvidas de caráter financeiro. O
engenheiro Rogério Augusto de
Souza, 23, já tem um terreno em
São José dos Campos, interior de
São Paulo, onde pretende começar a construir uma casa daqui a
três anos. "Durante esse período,
em que tipo de aplicação devo colocar o dinheiro que vou economizar para a construção?", pergunta ele.
Ricardo Penteado, 25, que trabalha na área administrativa de
uma multinacional, também já
comprou um terreno em São Paulo. Ele tem R$ 5.000 numa caderneta de poupança e seu objetivo,
nos próximos 11 meses, é guardar
R$ 900 por mês, para então começar a construção, na qual pretende gastar cerca de R$ 60 mil. As
principais dúvidas de Penteado
são em que tipo de aplicação o dinheiro deve ser investido e se ele
precisa ter todos os recursos antes
de começar a construir.
Curto prazo
Para quem vai precisar do dinheiro antes de dois anos, como
Penteado, a recomendação dos
especialistas ouvidos pela Folha é
investir em um fundo de renda fixa DI. "Ele paga mais que a poupança e praticamente não oferece
risco", diz Maurício Levi, diretor
da Fama Investimentos. "Os fundos DI acompanham de perto as
taxas de juros sugeridas pelo governo e praticadas entre os bancos", explica Reginaldo Carvalho,
responsável pela distribuição de
fundos do Banco Real/ ABN Amro.
Segundo Guilherme Abbud,
gestor de fundos de renda fixa do
Ing Investiment Management, se
Penteado colocar os R$ 5.000 que
já tem no DI e acrescentar, durante 11 meses, R$ 900 ao mês, ao final do período, ele terá cerca de
R$ 16,5 mil brutos (sem considerar o desconto de IR).
Durante a obra, a recomendação dos especialistas também é
deixar o dinheiro num fundo DI,
que, além das qualidades citadas,
tem mais uma vantagem em relação à poupança: a liquidez diária.
Depois dos primeiros 30 dias de
depósito, o investidor pode tirar o
dinheiro a qualquer momento
sem perder a rentabilidade. Antes
desse prazo, ele fica sujeito a pagar IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Longo prazo
Quando o período de formação
de poupança para a construção é
superior a dois ou três anos, como
no caso de Souza, os consultores
afirmam que é possível ousar um
pouco mais nos investimentos,
mas não muito, pois há uma data
certa para a retirada do dinheiro.
Francisco Castro Lima, diretor
da Unibanco Asset Management,
recomenda colocar 80% em fundos DI e cerca de 20% em fundos
de renda variável (ações e derivativos).
Abbud sugere uma carteira com
50% em fundos DI, cerca de 35%
em fundos de renda fixa prefixada
e 15% em fundos de renda variável. Se for comprar algum material de construção importado, diz,
também pode pensar em um percentual pequeno -não superior
a 10%- em fundos cambiais.
Carvalho ressalta que, antes de
colocar uma parte do dinheiro em
renda variável, mesmo que pequena, o investidor deve avaliar se
tem perfil para suportar o risco
desse tipo de aplicação. "Se a pessoa é do tipo que não aceita risco,
deve colocar 100% do dinheiro
em fundo DI." Abbud lembra que
ninguém nunca está livre de pegar
uma crise econômica no meio do
caminho que comprometa a rentabilidade do seu fundo de renda
variável bem no momento em
que precisar sacar o dinheiro.
Planejamento
Escolhida a aplicação, não é necessário ter em mãos todo o dinheiro relativo à obra, como pergunta Penteado, para começar a
construção. Segundo Nelson Ferraz, coordenador da divisão de
gerenciamento de empreendimentos do Instituto de Engenharia, mais importante do que dispor de dinheiro é planejar.
"A questão é que, para ter um
bom planejamento, você precisa
ter um bom orçamento e, para ter
o orçamento, é necessário um
bom projeto", diz Ferraz. "As pessoas costumam não fazer nem
uma coisa nem outra. Desenham
uns rabiscos no papel, contratam
aquele "excelente" pedreiro e começam a obra, achando que estão
economizando."
Segundo Ferraz, esse raciocínio
não é correto. "Um bom projeto
evita problemas na construção e
despesas desnecessárias. O que
você gasta com ele, economiza
depois, com lucro, na obra."
Na primeira fase do projeto,
Ferraz recomenda soltar a imaginação e colocar no papel tudo o
que tem vontade. Na segunda fase, nivelar, com o engenheiro ou
arquiteto, o sonho à sua realidade
financeira. Isso não significa tirar
do papel o salão de jogos ou a piscina. Deixe-os previstos para
quando tiver recursos. Assim, no
futuro, não terá que contratar de
novo um arquiteto.
Concluído o projeto, solicite ao
profissional um orçamento detalhado de tudo o que você vai gastar, inclusive com impostos e outras taxas, e um cronograma físico-financeiro (traz as fases da
obra e o correspondente desembolso de dinheiro necessário)
adaptado à sua disponibilidade
econômica mensal. "Cada caso é
um caso, mas é quase sempre possível adaptar o ritmo da obra à
disponibilidade de dinheiro de
quem está construindo", afirma
Ferraz.
Outra recomendação dele é você mesmo fazer a pesquisa de preços e a compra dos materiais necessários, além de manter um livro-caixa com todas as entradas e
saídas especificadas.
Atualmente, diz Ferraz, o preço
de uma casa de padrão simples,
muito bem planejada, sai na faixa
de R$ 300 por metro quadrado de
área construída. Se for um sobrado, o custo pode cair para R$ 250
por metro quadrado.
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