São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2000


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IMÓVEIS
Analistas sugerem aplicações sem risco, como fundos de renda fixa DI

Veja como poupar para a construção da casa própria

ISABEL CAMPOS
EDITORA-ADJUNTA DO FOLHAINVEST

Quando o plano é construir a casa própria, o que não faltam são dúvidas de caráter financeiro. O engenheiro Rogério Augusto de Souza, 23, já tem um terreno em São José dos Campos, interior de São Paulo, onde pretende começar a construir uma casa daqui a três anos. "Durante esse período, em que tipo de aplicação devo colocar o dinheiro que vou economizar para a construção?", pergunta ele.
Ricardo Penteado, 25, que trabalha na área administrativa de uma multinacional, também já comprou um terreno em São Paulo. Ele tem R$ 5.000 numa caderneta de poupança e seu objetivo, nos próximos 11 meses, é guardar R$ 900 por mês, para então começar a construção, na qual pretende gastar cerca de R$ 60 mil. As principais dúvidas de Penteado são em que tipo de aplicação o dinheiro deve ser investido e se ele precisa ter todos os recursos antes de começar a construir.

Curto prazo
Para quem vai precisar do dinheiro antes de dois anos, como Penteado, a recomendação dos especialistas ouvidos pela Folha é investir em um fundo de renda fixa DI. "Ele paga mais que a poupança e praticamente não oferece risco", diz Maurício Levi, diretor da Fama Investimentos. "Os fundos DI acompanham de perto as taxas de juros sugeridas pelo governo e praticadas entre os bancos", explica Reginaldo Carvalho, responsável pela distribuição de fundos do Banco Real/ ABN Amro.
Segundo Guilherme Abbud, gestor de fundos de renda fixa do Ing Investiment Management, se Penteado colocar os R$ 5.000 que já tem no DI e acrescentar, durante 11 meses, R$ 900 ao mês, ao final do período, ele terá cerca de R$ 16,5 mil brutos (sem considerar o desconto de IR).
Durante a obra, a recomendação dos especialistas também é deixar o dinheiro num fundo DI, que, além das qualidades citadas, tem mais uma vantagem em relação à poupança: a liquidez diária.
Depois dos primeiros 30 dias de depósito, o investidor pode tirar o dinheiro a qualquer momento sem perder a rentabilidade. Antes desse prazo, ele fica sujeito a pagar IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

Longo prazo
Quando o período de formação de poupança para a construção é superior a dois ou três anos, como no caso de Souza, os consultores afirmam que é possível ousar um pouco mais nos investimentos, mas não muito, pois há uma data certa para a retirada do dinheiro.
Francisco Castro Lima, diretor da Unibanco Asset Management, recomenda colocar 80% em fundos DI e cerca de 20% em fundos de renda variável (ações e derivativos).
Abbud sugere uma carteira com 50% em fundos DI, cerca de 35% em fundos de renda fixa prefixada e 15% em fundos de renda variável. Se for comprar algum material de construção importado, diz, também pode pensar em um percentual pequeno -não superior a 10%- em fundos cambiais.
Carvalho ressalta que, antes de colocar uma parte do dinheiro em renda variável, mesmo que pequena, o investidor deve avaliar se tem perfil para suportar o risco desse tipo de aplicação. "Se a pessoa é do tipo que não aceita risco, deve colocar 100% do dinheiro em fundo DI." Abbud lembra que ninguém nunca está livre de pegar uma crise econômica no meio do caminho que comprometa a rentabilidade do seu fundo de renda variável bem no momento em que precisar sacar o dinheiro.

Planejamento
Escolhida a aplicação, não é necessário ter em mãos todo o dinheiro relativo à obra, como pergunta Penteado, para começar a construção. Segundo Nelson Ferraz, coordenador da divisão de gerenciamento de empreendimentos do Instituto de Engenharia, mais importante do que dispor de dinheiro é planejar.
"A questão é que, para ter um bom planejamento, você precisa ter um bom orçamento e, para ter o orçamento, é necessário um bom projeto", diz Ferraz. "As pessoas costumam não fazer nem uma coisa nem outra. Desenham uns rabiscos no papel, contratam aquele "excelente" pedreiro e começam a obra, achando que estão economizando."
Segundo Ferraz, esse raciocínio não é correto. "Um bom projeto evita problemas na construção e despesas desnecessárias. O que você gasta com ele, economiza depois, com lucro, na obra."
Na primeira fase do projeto, Ferraz recomenda soltar a imaginação e colocar no papel tudo o que tem vontade. Na segunda fase, nivelar, com o engenheiro ou arquiteto, o sonho à sua realidade financeira. Isso não significa tirar do papel o salão de jogos ou a piscina. Deixe-os previstos para quando tiver recursos. Assim, no futuro, não terá que contratar de novo um arquiteto.
Concluído o projeto, solicite ao profissional um orçamento detalhado de tudo o que você vai gastar, inclusive com impostos e outras taxas, e um cronograma físico-financeiro (traz as fases da obra e o correspondente desembolso de dinheiro necessário) adaptado à sua disponibilidade econômica mensal. "Cada caso é um caso, mas é quase sempre possível adaptar o ritmo da obra à disponibilidade de dinheiro de quem está construindo", afirma Ferraz.
Outra recomendação dele é você mesmo fazer a pesquisa de preços e a compra dos materiais necessários, além de manter um livro-caixa com todas as entradas e saídas especificadas.
Atualmente, diz Ferraz, o preço de uma casa de padrão simples, muito bem planejada, sai na faixa de R$ 300 por metro quadrado de área construída. Se for um sobrado, o custo pode cair para R$ 250 por metro quadrado.


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