São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2000


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FUNDOS
Carteiras de capital protegido exigem valorização de 8% a 9% da Bolsa, para superar o CDI em tempos de incerteza

Avalie os prós e os contras dessa proteção

RITA NAZARETH
DA REPORTAGEM LOCAL

Os fundos de capital protegido costumam ser vendidos como uma alternativa à renda fixa tradicional em momentos de incertezas.
Esses fundos têm uma carteira em sua maioria composta por títulos de renda fixa. O restante, entre 5% e 2%, é aplicado no mercado de renda variável, em geral em opções de Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo), para incrementar a sua rentabilidade.
O objetivo de quem investe é conseguir uma rentabilidade maior que a do CDI, porém sem arriscar perder parte do capital aplicado.
Saiba, porém, que em situações de volatilidade (oscilações), como a atual, ele só valerá a pena se a Bolsa conseguir uma valorização entre 8% e 9% em dois meses, ou seja, durante o período de carência da aplicação.

Estudo
Caso isso não ocorra, estudo da LAM (Lloyds Asset Management), divulgado com exclusividade para a Folha, mostra que o investidor que optou pela aplicação terá um retorno menor que o do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que reflete os juros do mercado.
A parte destinada à renda variável é aplicada pelo gestor no mercado de opções, no qual as operações têm vencimentos futuros.
No caso do fundo de capital protegido, o administrador "aposta" na alta da Bolsa que, se confirmada, reverterá em favor do investidor.
Por outro lado, se a "aposta" não se confirmar, ele ficará só com o percentual do CDI. "A valorização que a Bolsa tem que dar para que o fundo supere a variação do CDI, em geral, tem de ser alta devido ao momento atual de incertezas", afirma o administrador de um grande banco de investimentos.
De qualquer forma, segundo Gilberto Poso, diretor de risco da LAM, o investidor deve considerar o custo de oportunidade envolvido na operação.

Especulação
Sem ter clara a tendência do mercado para o momento, o programador de sistemas James Berzin, 27, optou por um fundo de capital protegido em fevereiro deste ano. "Meu perfil de investimentos varia entre o conservador e o moderado", afirma.
"Só que começo a entrar em pânico em relação ao que pode acontecer à parte de meu patrimônio destinada à renda variável em momentos de indefinições do mercado", diz o investidor.
Esse excesso de preocupação do investidor decorre de uma experiência no mercado de ações há cerca de três anos, quando o mercado asiático despencou, arrastando as demais Bolsas mundiais.
"Perdi mais de 20% de meu patrimônio na época num fundo de ações", afirma. "Num fundo de capital garantido tenho a certeza de, pelo menos, preservar o principal investido."
Berzin considera, no entanto, que a aplicação é transitória. "Realmente não espero ficar rico no longo prazo com um fundo de capital protegido", diz. "Para um período mais longo ainda espero uma rentabilidade melhor de outras aplicações, como ações."
De acordo com Dilma Lima, diretora-adjunta de fundos do BankBoston, para o longo prazo, o investidor poderia optar por uma carteira composta por ações e CDI separadamente, de acordo com as proporções que forem mais convenientes para ele.
"Ou então, um fundo multicarteira, que dá a opção ao administrador de fazer a alocação de recursos de acordo com as proporções que forem mais adequadas ao momento", diz.
"Isso porque, descontados imposto e taxa de gestão, ele terá as rentabilidades integrais dos ativos em questão", afirma Dilma.


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