São Paulo, segunda, 5 de outubro de 1998

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OPINIÃO
Veja o que pensam alguns especialistas

da Reportagem Local


"O governo, provavelmente, vai taxar mais os estoques de riqueza financeira que são menos sensíveis à recessão", diz o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, sócio-diretor da corretora Convenção.
Para Belluzzo, com a economia em franca desaceleração, a cobrança de mais impostos sobre salários e lucros fica comprometida, pois poderia reduzir dramaticamente a atividade econômica.
Entre os impostos que atingem as aplicações, a CPMF é a que mais dá dinheiro ao governo. Com um aumento da alíquota de 0,20% para 0,30%, a arrecadação chegaria a R$ 10,5 bilhões anuais.
Belluzzo acredita que o governo também aumente o imposto de renda sobre aplicações financeiras, de 20% para 22% a 23%. "Eles vão querer maximizar as receitas."
Na opinião de Belluzzo, pode haver fuga de pequenos investidores dos fundos de renda fixa para a caderneta de poupança, no primeiro momento.

Para o economista Luís Paulo Rosenberg, um dos sócios da Linear Investimentos, "medidas isoladas não vão resolver a crise em que o país mergulhou, com a fuga de US$ 500 a US$ 600 milhões por dia, de investidores estrangeiros."
Ele acredita que está para sair "um pacotaço" das pranchetas do governo. Nele, sem dúvida, estarão aumentos dos impostos que incidem sobre as aplicações financeiras."Na sequência de um pacote fiscal, o governo deverá fazer ajustes no câmbio."
Assim, ele recomenda a quem tiver dívidas em dólar se proteger aplicando em fundos cambiais ou comprando contratos de dólar na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros).
"Acima de tudo, é hora de se fazer uma gestão conservadora do orçamento doméstico. A recomendação de Rosenberg aos aplicadores é permanecer nos fundos DI para aproveitar os juros altos, enquanto eles durarem. "A próxima etapa do ajuste, será o recuo das taxas de juro", conclui.


Alberto Borges Matias, diretor da Austin Asis, empresa de consultoria e análise financeira, acredita que o governo deverá buscar uma forma de "esterilizar" a dívida interna, que hoje é de R$ 400 bilhões.
"O volume não é o problema, mas, sim, os juros altíssimos que incidem sobre o principal", diz Matias. Segundo ele, o governo não tem déficit operacional, mas o déficit final chega a 7% do PIB (Produto Interno Bruto), por conta dos juros da dívida interna.
Na sua opinião, o governo terá de alongar a dívida, hoje concentrada em títulos de curto prazo em poder dos bancos. Só então poderá começar a baixar a taxa de juro. Parte desses títulos está em poder dos fundos de investimento e dos fundos de pensão.
Na sua opinião, se o governo não aprovar, até o final do ano, uma reforma tributária, a economia entra em colapso. "A reforma deverá eliminar todos os impostos que incidem sobre a produção e taxar apenas o consumo, com um único imposto."



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