São Paulo, segunda, 7 de setembro de 1998

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CRISE
Ameaça de recessão derruba a cotação das empresas negociadas nas Bolsas e em cinco dias queda chega a 10%
Seja sócio da Telesp
com apenas R$ 139

Adriana Zehbrauskas/Folha Imagem
Os negócios realizados no pregrão da Bolsa de Valores de São Paulo (foto), na última sexta-feira, tiveram queda de 6, 13%


MARA LUQUET
Editora do Folhainvest

Muitos investidores já chegaram a pagar, no final de julho, R$ 300,00 pelo lote de mil ações da Telesp, empresa paulista de telefonia fixa que foi privatizada. Na última sexta-feira, quando as ações eram negociadas a R$ 139,00, eram raros os compradores.
Se você tem motivos para acreditar que essa empresa não quebra nos próximos dois a cinco anos e que os moradores de São Paulo continuarão a usar telefone, vale a pena avaliar o papel.
Se alcançar metade da cotação de julho, a ação da Telesp proporcionará ao investidor um ganho de 8%. Se voltar ao patamar antigo, a valorização será de 115,83%. Difícil? No curto prazo sim, no longo, há chances.
Mas não se precipite, porque o papel poderá ficar ainda mais barato nas próximas semanas. Por isso, a maior parte dos analistas está recomendando que investidores guardem suas aplicações em fundos pós-fixados, os chamados fundos DI (veja texto na página 6), e observem o mercado nas próximas semanas antes de iniciar as compras de suas ações.
A outra recomendação é comprar os papéis em etapas, e não de uma única vez. Assim, se você comprará ações a diversos preços.
"A crise abre oportunidades de investimentos, pois derruba o preço de todos os ativos", diz Antônio Costa, administrador da Oryx Asset Management. Por isso, ele diz, abrem-se extrordinárias oportunidades de investimentos durante o ciclo recessivo.
Lembre-se que havia compradores para a Telesp a R$ 300,00 porque a expectativa era de que a empresa, depois de privatizada, cresceria e se tornaria cada vez mais rentável. As perspectivas ainda são boas e os novos controladores devem deixá-la mais eficiente do que quando estava nas mãos do Estado.
O que mudou foi a percepção de risco dos investidores porque a economia deverá atravessar um ciclo recessivo, reduzindo os ganhos das empresas. Além disso, os preços das ações estão caindo porque há uma forte pressão vendedora por parte dos investidores estrangeiros.
Esses investidores perderam muito dinheiro nas últimas semanas com aplicações na Rússia, que ficou inadimplente e desvalorizou sua moeda. Eles têm medo que o Brasil, também uma economia emergente, faça o mesmo e, por isso, reduzem, no país, sua exposição ao risco. Além disso, precisaram de caixa para cobrir as perdas internacionais.
Como os brasileiros, pessoas físicas, ainda são um contingente pouco expressivo nas Bolsas brasileiras, o peso dos negócios orquestrados por esses investidores faz diferença e a pressão vendedora derruba o preço dos papéis.



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