São Paulo, segunda, 7 de setembro de 1998

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BANCOS
Funcionários estão informados sobre a crise financeira
A orientação dos gerentes
aos clientes ainda é confusa


da Reportagem Local Ao contrário do que aconteceu em outubro do ano passado, os gerentes dos bancos estão hoje mais bem informados sobre a crise financeira. Mas, em geral, ainda têm dificuldade para orientar seus clientes a buscar proteção para o dinheiro nestes tempos de grandes oscilações do mercado.
Gerentes de aplicações são capazes de discorrer sobre a economia mundial com a agilidade verbal de um economista do governo.
No entanto, quem procurar as agências em busca de uma luz para encontrar a melhor aplicação para um dinheiro novo ficará, no mínimo, confuso.
O Folhainvest conferiu as "dicas" de três instituições financeiras, consultando algumas agências sobre a melhor aplicação para uma quantia de R$ 20.000 e ouviu de tudo. "Ponha na poupança, pois é isenta de impostos", sugeriu a gerente de aplicações de uma agência do Bradesco na região dos Jardins, área nobre de São Paulo.
Questionada sobre a baixa rentabilidade das cadernetas, a funcionária fez nova tentativa: "Se você não for precisar do dinheiro no curto prazo, pode aplicar em um fundo de renda fixa de 90 dias", disse. "Nesse caso o banco paga a CPMF para você".
Em outra agência do Bradesco, na mesma região, a gerente da área sugeriu aplicar os R$ 20.000 em um dos fundos de renda fixa do banco ou em CDB prefixado. "A vantagem do CDB prefixado é que você sabe quanto seu dinheiro vai render", explicou. Essa orientação não leva em conta que, se os juros subirem, como o mercado está sinalizando, a rentabilidade desse título cai.
No HSBC Bamerindus, a agência visitada tem um espaço reservado para atender investidores. Uma funcionária, demonstrando bom conhecimento da situação do mercado, avisa, de saída, que, antes de qualquer orientação, o cliente terá de passar por um "check up" para que seja definido seu perfil de investidor. "Só conhecendo suas necessidades e o grau de risco que está disposto a correr, poderei ajudá-lo."
No Itaú, um funcionário um pouco lento limitava-se a extrair dos arquivos do computador as informações solicitadas. "A maioria dos clientes está aplicando em fundos de renda fixa", foi seu único comentário.
Se nas grandes cidades é possível obter alguma orientação sobre aplicações financeiras nas agências bancárias, no interior a situação é mais complicada. "Ninguém sabe o que é melhor neste momento", disse Tadeu Sérgio Pinto de Carvalho, um advogado de Rio das Pedras (190 quilômetros a Noroeste da capital).
Ele tem aplicações em três bancos na cidade e pensa em realocar seu patrimônio. "Perdi metade do que apliquei em um fundo de ações ", disse. Segundo Carvalho, 95% do seu patrimônio está em fundos de renda fixa. "Não sei o que há dentro desses fundos; os funcionários por aqui não têm muita informação", concluiu.



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