|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CARTEIRA
O aumento dos juros e as oscilações das Bolsas exigem uma revisão cuidadosa de seus investimentos
Evite movimentos bruscos
esta semana
SANDRA BALBI
da Reportagem Local
Os próximos dias ainda serão de
incertezas para o investidor. A extinção da linha de financiamento
aos bancos, remunerada pela TBC
(Taxa Básica do Banco Central),
na sexta-feira, poderá elevar os juros de mercado para o patamar da
Tban (Taxa de Assistência do Banco Central), fixada em 29,75% ao
ano na última quarta-feira. Além
disso, a grande volatilidade (oscilação) das Bolsas deve prosseguir.
O momento exige que você faça
uma revisão das suas aplicações.
Para quem tem dinheiro aplicado
em Bolsa, a melhor tática nos próximos dias é fingir-se de morto.
"Sair agora significaria entregar
papéis da Telebrás a R$ 72 o lote
de mil, e amargar um enorme prejuízo", observa Eduardo Santalúcia Júnior, diretor de private banking do Sudameris. No final de junho, logo após o leilão de privatização da empresa, essas ações chegaram a custar R$ 149. "Eu não
venderia no nível atual das cotações", recomenda.
Quem está em um fundo de
ações ou carteira livre muito
agressivo deve retirar parte dos recursos e buscar águas menos turbulentas. "A hora é de escolher
aplicações mais conservadoras e
só alocar uma fatia pequena do patrimônio em posições mais agressivas", diz Marcelo Steuer, diretor
do banco Rendimento. "Há uma
incerteza muito grande no mercado", acrescenta.
Na realocação da carteira,
Steuer recomenda trocar os fundos de ações por um fundo de derivativos. Os mais agressivos desses fundos renderam entre 3% e
4%, em agosto, em comparação
com a queda de 35% da Bolsa. "Os
fundos de ações só se recuperação
junto com a Bolsa", prossegue.
Até lá você poderá obter algum ganho em outro ativo com o mesmo
grau de risco.
Renda fixa
Mesmo as aplicações em renda
fixa, costumeiro porto seguro dos
pequenos e médios investidores,
podem ser afetadas pelas oscilações. Os juros, já encorpados, devem subir ainda mais depois que o
governo, na sexta-feira, abriu caminho para que a Tban seja a referência para as taxas praticadas pelo mercado. Se tal medida vai conter a sangria de divisas provocada
pela fuga de investidores estrangeiros, só o tempo dirá.
Mas, sem dúvida, quem tem dinheiro aplicado em fundos de renda fixa que pagam taxas pós-fixadas vai ter ganhos adicionais a
partir desta semana. É o caso dos
fundos DI, que acompanham as
taxas do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), dos CDBs
(Certificados de Depósitos Bancários) pós-fixados e da caderneta de
poupança (ela é corrigida pela TR,
que capta as alterações nos juros).
"Quem já está posicionado em
renda fixa não deve fazer qualquer
movimento nos próximos dias",
recomenda Santalúcia, diretor do
Sudameris. Mesmo que você tenha aplicado seu dinheiro em um
fundo cuja carteira está mais carregada de títulos prefixados, "não
vale a pena mudar", segundo o
executivo.
Lembre-se que para migrar de
um fundo prefixado para um DI,
por exemplo, você terá de pagar
0,20% de CPMF. Observe o comportamento das taxas do CDI nos
próximos dias, faça suas contas e
depois decida se os ganhos compensam a movimentação.
Para que as cotas dos fundos
prefixados se desvalorizem, como
ocorreu em outubro do ano passado, será necessário que o governo
dê uma pancada muito forte nos
juros. Naquela ocasião, as taxas
pularam de 23% ao ano para 40%.
Agora, devem chegar a 29,75%.
Além disso, nos últimos dois
meses, os fundos de renda fixa começaram a rever suas carteiras e
não estão 100% aplicados em títulos prefixados, como em outubro.
O risco de desvalorização das cotas, portanto, é menor.
Como não há tanta diferença entre a taxa vigente na semana passada (19%) e a máxima sinalizada
pelo governo, o melhor, por enquanto, é ficar onde você está. Se
os juros baterem na Tban e pararem de subir, não haverá grandes
ganhos nos fundos pós-fixados
nem perdas tão substanciais nos
prefixados que justifiquem uma
manobra neste momento.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|