São Paulo, segunda, 7 de setembro de 1998

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CARTEIRA
O aumento dos juros e as oscilações das Bolsas exigem uma revisão cuidadosa de seus investimentos
Evite movimentos bruscos
esta semana

SANDRA BALBI
da Reportagem Local

Os próximos dias ainda serão de incertezas para o investidor. A extinção da linha de financiamento aos bancos, remunerada pela TBC (Taxa Básica do Banco Central), na sexta-feira, poderá elevar os juros de mercado para o patamar da Tban (Taxa de Assistência do Banco Central), fixada em 29,75% ao ano na última quarta-feira. Além disso, a grande volatilidade (oscilação) das Bolsas deve prosseguir.
O momento exige que você faça uma revisão das suas aplicações. Para quem tem dinheiro aplicado em Bolsa, a melhor tática nos próximos dias é fingir-se de morto. "Sair agora significaria entregar papéis da Telebrás a R$ 72 o lote de mil, e amargar um enorme prejuízo", observa Eduardo Santalúcia Júnior, diretor de private banking do Sudameris. No final de junho, logo após o leilão de privatização da empresa, essas ações chegaram a custar R$ 149. "Eu não venderia no nível atual das cotações", recomenda.
Quem está em um fundo de ações ou carteira livre muito agressivo deve retirar parte dos recursos e buscar águas menos turbulentas. "A hora é de escolher aplicações mais conservadoras e só alocar uma fatia pequena do patrimônio em posições mais agressivas", diz Marcelo Steuer, diretor do banco Rendimento. "Há uma incerteza muito grande no mercado", acrescenta.
Na realocação da carteira, Steuer recomenda trocar os fundos de ações por um fundo de derivativos. Os mais agressivos desses fundos renderam entre 3% e 4%, em agosto, em comparação com a queda de 35% da Bolsa. "Os fundos de ações só se recuperação junto com a Bolsa", prossegue. Até lá você poderá obter algum ganho em outro ativo com o mesmo grau de risco.

Renda fixa
Mesmo as aplicações em renda fixa, costumeiro porto seguro dos pequenos e médios investidores, podem ser afetadas pelas oscilações. Os juros, já encorpados, devem subir ainda mais depois que o governo, na sexta-feira, abriu caminho para que a Tban seja a referência para as taxas praticadas pelo mercado. Se tal medida vai conter a sangria de divisas provocada pela fuga de investidores estrangeiros, só o tempo dirá.
Mas, sem dúvida, quem tem dinheiro aplicado em fundos de renda fixa que pagam taxas pós-fixadas vai ter ganhos adicionais a partir desta semana. É o caso dos fundos DI, que acompanham as taxas do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), dos CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) pós-fixados e da caderneta de poupança (ela é corrigida pela TR, que capta as alterações nos juros).
"Quem já está posicionado em renda fixa não deve fazer qualquer movimento nos próximos dias", recomenda Santalúcia, diretor do Sudameris. Mesmo que você tenha aplicado seu dinheiro em um fundo cuja carteira está mais carregada de títulos prefixados, "não vale a pena mudar", segundo o executivo.
Lembre-se que para migrar de um fundo prefixado para um DI, por exemplo, você terá de pagar 0,20% de CPMF. Observe o comportamento das taxas do CDI nos próximos dias, faça suas contas e depois decida se os ganhos compensam a movimentação.
Para que as cotas dos fundos prefixados se desvalorizem, como ocorreu em outubro do ano passado, será necessário que o governo dê uma pancada muito forte nos juros. Naquela ocasião, as taxas pularam de 23% ao ano para 40%. Agora, devem chegar a 29,75%.
Além disso, nos últimos dois meses, os fundos de renda fixa começaram a rever suas carteiras e não estão 100% aplicados em títulos prefixados, como em outubro. O risco de desvalorização das cotas, portanto, é menor.
Como não há tanta diferença entre a taxa vigente na semana passada (19%) e a máxima sinalizada pelo governo, o melhor, por enquanto, é ficar onde você está. Se os juros baterem na Tban e pararem de subir, não haverá grandes ganhos nos fundos pós-fixados nem perdas tão substanciais nos prefixados que justifiquem uma manobra neste momento.



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