São Paulo, segunda, 10 de maio de 1999

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INVESTIMENTOS
Exportações e reformas preocupam analistas
A euforia é o maior risco do mercado

da Redação

Economistas e analistas de investimentos não estão vendo, a curto prazo, riscos que possam trazer de volta a intensa volatilidade (oscilação) do preço dos ativos financeiros, como juros, câmbio e Bolsas de Valores.
No longo prazo, contudo, eles acham que o cenário pode mudar. "O Brasil pode viver uma nova crise de credibilidade", diz Antônio Costa, sócio da corretora Oryx.
Primeiro, a reação da balança comercial brasileira, que era esperada para o período que se sucedeu à desvalorização cambial, não ocorreu até agora. Segundo, ainda há muitas dúvidas em relação ao futuro das reformas.
"Na nossa avaliação, o efeito da CPI dos Bancos está dado", diz Emanuel Pereira, gestor do fundo IP GAP Hedge. "Só não fico mais tranquilo porque ainda tenho dúvidas em relação à continuidade das reformas."
Pereira reforça o coro de importantes analistas de investimentos que estão realocando suas carteiras, tomando posições com perspectivas mais rentáveis (e, portanto, de maior risco), mas que também estão se cercando de muitos cuidados. "Estamos otimistas, mas não eufóricos", diz Pereira.
Para esses analistas, a euforia é o maior risco atualmente, pois pode parecer que o governo já não tem mais que acertar suas contas e dar continuidade às reformas tributária e previdenciária, principalmente. "Está tudo parado no Congresso e esse é o risco", diz Pereira.
Essa falta de ajuste nas contas públicas foi o principal fator que jogou para o alto as taxas de juro brasileiras. "O mercado de renda fixa possui características peculiares, condicionadas, em larga escala, ao ambiente macroeconômico volátil dos últimos 20 anos", dizem os economistas Natan Finger e Alex Mourad, do Credit Suisse First Boston/Garantia, num estudo publicado recentemente.
Como explicam esses economistas, por conta do descontrole fiscal, o Brasil conviveu, durante um longo período, com um problema crônico de alta inflação. Essa situação fez também com que o governo se tornasse o principal tomador final de recursos de renda fixa, resultando em uma concentração de operações em títulos públicos.
A alta inflação crônica, dizem esses analistas, também levou ao encurtamento de prazos médios no mercado, resultado do alto risco que apresentam os créditos de longo prazo em economias instáveis.
Se o governo concluir com sucesso as reformas, haverá espaço para novos cortes dos juros. A tendência, então, será de prazos maiores e desconcentração de operações com o governo. Assim, se o investidor quiser maiores ganhos, terá de diversificar mais sua carteira.
Mas, se o governo tiver problemas na conclusão de suas reformas, o terreno poderá ficar perigoso para os investidores.



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