São Paulo, domingo, 1 de fevereiro de 1998

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FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

Presidente da República

"Devo ter lido o "Manifesto Comunista' pela primeira vez quando estava entrando na universidade. Devia ter 18 anos. Naquela época, soava como um brado contra as injustiças e as desigualdades e tinha um apelo muito forte. O texto empolgava os jovens com a promessa de uma nova época na história da humanidade. O comunismo era um "espectro que rondava a Europa' e, segundo acreditavam alguns, todo o mundo capitalista. Como obra política, o "Manifesto' tem um aspecto paradoxal que nunca deixará de causar perplexidade a quantos estudem o seu significado histórico: um mesmo livro, modesto em suas proporções, mas imenso em sua ambição e em seu impacto, serviu ora para despertar em espíritos jovens e generosos uma legítima vontade de transformar o mundo, ora para justificar um totalitarismo de triste memória.
Com o tempo, os equívocos do texto se fizeram mais evidentes e o que era a promessa de uma nova época foi envelhecendo. A queda do Muro de Berlim foi a confirmação disso. Hoje se impõe com muito mais força a necessidade de que a transformação social concilie os anseios de igualdade e liberdade. Mas o "Manifesto', como o restante da obra de Marx, tem o seu lugar na história e continuará a ser uma referência para todos os que procurem entender o que ocorreu no mundo nos últimos 150 anos."



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