|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RICHARD RORTY
Filósofo norte-americano
"Li pela primeira vez o "Manifesto
Comunista' quando tinha 15 anos.
Fazia parte das leituras de um curso a que eu assistia sobre "As Ciências Sociais'. Não achei que a reivindicação de que a propriedade
privada devia ser abolida fosse nova ou perturbadora. Tomei isso
mais como um ponto pacífico, já
que tinha sido criado como (o que
naquele tempo era chamado de)
um trotskista.
Meus pais eram anti-stalinistas
de esquerda que me ensinaram
que o capitalismo tornava miseráveis os trabalhadores e camponeses e que algo precisava ser feito.
Porém, fiquei seriamente abalado
com a idéia de que a história era a
história da luta de classes e que a
burguesia era o vilão. O problema
era que eu parecia ser um moço
pequeno-burguês. Meus pais eram
jornalistas e nunca tinham trabalhado com as mãos. Eu nunca tinha passado fome e parecia improvável que um dia fosse passar.
Quando li o "Manifesto' fiquei com
vergonha e culpa, combinadas
com uma vaga esperança de que o
proletariado vitorioso não viesse a
ser muito duro comigo ao tomar o
poder.
Anos mais tarde, relendo o "Manifesto', tentei me convencer de
que nós da burguesia talvez um dia
ainda conseguíssemos tornar burguês o proletariado -tornando,
assim, a revolução e mais a luta de
classes desnecessárias. Mas era
mais fácil manter essa esperança
nos Estados Unidos de Harry Truman e Lyndon Johnson do que nos
Estados Unidos de hoje."
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|