São Paulo, domingo, 1 de março de 1998

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RISCO NO DISCO
Nuances indeléveis

LEDUSHA

Deus dos delicados, não me abandone nessa guerra insana. Minha máquina de ser reverencia a pane, memória dilatada. O veludo da voz de Billie lambe as paredes do lusco-fusco. Tudo dói, indispensável. A tarde despenteada em Grumari, as lágrimas do homem que me amou e nunca disse. O negro agonizante sob o sol narcísico de Ipanema, as crianças que me deixaram, farta de dor e leite. O eco nenhum de Frederico, sinas de musgo. A dor desenterra palavras -o carmim das palavras-, lascas afiadas, impura prosa. Sonho piscinas, atraída pelas labaredas. Preciso dormir bem dentro das suas asas enormes, pai.



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