São Paulo, domingo, 01 de abril de 2001 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
+ personagens Dando continuidade à série de documentários "Mapas Urbanos", que já cartografou São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, o cineasta paulistano Daniel Augusto, 28, agora dirige suas lentes para a capital de Pernambuco e mostra o que é que o Recife tem. Qual a especificidade de Recife em relação a outras metrópoles brasileiras? Ela é uma das piores metrópoles brasileiras quanto às condições de vida e uma das mais ricas em diversidade cultural. Como se deu a explosão do mangue beat? O mangue beat é a última resposta pernambucana a um dilema fundamental brasileiro: como entrar na modernidade sem perder a identidade. No caso, assume a "dialética rarefeita entre o não-ser e o ser outro", para usar a célebre definição de Paulo Emílio. O "nada nos é estrangeiro, pois tudo o é" adquire uma expressão dentro da canção, retomando o que já ocorrera durante o tropicalismo. Como é a convivência entre "tradicionalistas" e "multiculturalistas"? Já foi dito que o destino da arte no capitalismo é o museu ou o mercado. Se os herdeiros do movimento armorial tendem a proteger a cultura popular da indústria cultural, os artistas ligados ao mangue a vêem no intercâmbio com a cultura para as massas. Essa oposição de políticas culturais sempre gera atritos. As vanguardas estão emigrando do eixo Rio-São Paulo? Não sei até que ponto o conceito de vanguarda continua válido. Há algum tempo toda crítica, desde que tenha consumidores, é passível de uma rápida assimilação pelo capital. Isso permite que movimentos fora do eixo Rio-São Paulo façam ouvir sua voz, contanto que em algum momento eles sejam convertidos em mercadoria. Com isso, não quero dizer que, onde há mercadoria, não haja arte, pois a arte mantém um vínculo essencial com a verdade que está além do valor que o capital lhe atribui. Já tem em vista um novo mapa urbano? Sim, a Belo Horizonte dos poetas e compositores. Texto Anterior: + notas Próximo Texto: + Memória: Max Ernest Índice |
|