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Incerteza é inevitável
especial para a Folha
Quem precisa de certezas inquestionáveis para tomar decisões sobre o clima não vai
encontrá-las no último relatório do IPCC, de 1995. O documento até faz um esforço para
orientar a ação de governantes, mas o resultado obtido
não é dos mais encorajadores.
No "Sumário para Tomadores de Decisão", que abre o
volume, fala-se muito em incertezas. Sobre a correlação
entre aumento da concentração de CO2 por ação humana e
aumento da temperatura atmosférica, por exemplo, eis o
máximo que os autores conseguem afirmar: "É muito baixa
a probabilidade de que essas
correspondências possam
ocorrer por acaso como resultado exclusivo da variabilidade natural interna".
Na realidade, o grau de
(in)certeza alcançado parece
ter sido suficiente para que se
impusesse o chamado princípio da precaução. A sucessão
de indícios verificados nas
pesquisas levou à convicção de
que pode sair mais caro remediar do que prevenir.
E, com efeito, as evidências
só fazem acumular-se, a julgar
por publicações científicas
respeitáveis como "Science"
e "Nature". É rara a edição
que não traz algum artigo sobre efeito estufa.
Só neste semestre houve dois
artigos de peso. No primeiro,
caiu por terra um dos principais argumentos dos céticos, a
discrepância entre temperaturas atmosféricas medidas na
superfície do planeta e valores
obtidos por satélites. Havia erro nas medidas dos satélites.
No outro artigo, a análise de
centenas de medições de temperatura subterrânea confirmou que a Terra se aqueceu
1C em cinco séculos e que
metade disso ocorreu nos últimos cem anos Äo auge da industrialização, quando a concentração de CO2 passou de
280 partes por milhão (ppm)
para 360 ppm.
(ML)
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