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Os dez mais! brasileiros
1º A Máquina do Mundo, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) - Nos "Lusíadas", Camões mostra Vasco da
Gama recebendo a revelação do funcionamento da máquina do mundo como recompensa por sua heróica conquista do caminho para as Índias. O eu do poema de Drummond anda por caminhos familiares de Minas e, sem
nenhum motivo, a máquina se oferece a ele, que a recusa. O final dessa experiência, que tinha tudo para ser grandiosa, é enxabido. Publicado em "Claro Enigma" (1952), revisita alguns dos elementos fundamentais da obra de
Drummond, como a conflituosa relação eu/mundo e o lugar-símbolo que é Minas Gerais.
"Claro Enigma", Record, R$ 13,00.
2º O Inferno de Wall Street, de Sousândrade (1833-1902) - O maranhense Joaquim de Sousa Andrade, que escolheu
ser chamado de Sousândrade, foi o mais longevo dos românticos brasileiros, mas neste poema tudo vem expresso
com ritmo nervoso e forma enxuta e inventiva.
"Sousândrade", Ed. Agir, R$ 8,00. "Revisão de Sousândrade", Ed. Brasiliense (esgotado). Ambos organizados por
Augusto e Haroldo de Campos.
3º Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810?) - Gonzaga nasceu em Lisboa, passou parte da infância
na Bahia e depois fixou-se como ouvidor geral em Minas Gerais. Envolveu-se na Inconfidência Mineira e por isso
foi condenado ao degredo na África. As liras que compõem as três partes do livro formam o mais importante conjunto da lírica amorosa brasileira.
"Marília de Dirceu", L&PM, R$ 6,00.
4º Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão, de Oswald de Andrade (1890-1954) - Com o verso cortante e conciso
que é a marca de Oswald de Andrade, esse poema é composto de vários textos pequenos, mas formando um conjunto que trata do encontro do amor em contraste com um tempo, o da Segunda Guerra, que vê o amor morrer.
"O Santeiro do Mangue e Outros Poemas", Ed. Globo.
5º Procura da Poesia, de Carlos Drummond de Andrade - O livro "A Rosa do Povo" (1945) representa um momento
especial na poesia de Drummond, o da poesia política que se tinge de esperança com o fim da Segunda Guerra. Mas
a abertura do livro se faz com dois poemas sobre o fazer poético: "Consideração do Poema" e "Procura da Poesia",
este, paradoxalmente, sobre a inutilidade de procurar a poesia.
"A Rosa do Povo", Record, R$ 18,00.
6º O Cão sem Plumas, de João Cabral de Melo Neto (1920-1999) - O cão do título é o rio Capibaribe, que corta a cidade
do Recife. Recorrendo à memória pessoal, mas pensada como algo capaz de mobilizar uma memória coletiva, o
poeta acompanha o curso do rio, optando pelo mangue.
"O Cão sem Plumas", Nova Fronteira, R$ 21,00.
7º Vou-me Embora pra Pasárgada, de Manuel Bandeira (1886-1968) - Mário de Andrade disse que Bandeira obteve
nesse poema "a cristalização mais perfeita" do tema da fuga, recorrente em nossa poesia. Ir pra Pasárgada é expressão de nosso desejo de resolver toda a vida num único gesto.
"Libertinagem e Estrela da Manhã", Nova Fronteira, R$ 9,00.
8º Tecendo a Manhã, de João Cabral de Melo Neto - O poeta trabalha aqui no limite do lugar-comum da imagem do
amanhecer como o tempo da liberdade e da união com o que é capaz de estabelecer esse alvorecer.
"Obra Completa", Nova Aguilar, R$ 85,00.
9º Cobra Norato, de Raul Bopp (1898-1984) - Poeta gaúcho que se ligou aos paulistas da antropofagia e produziu uma
obra que recupera as lendas amazônicas e a poesia negra.
"Cobra Norato", José Olympio, R$ 15,00.
10º O Cacto, de Manuel Bandeira - A descrição de um enorme cacto é também a de tudo o que resiste -ao tempo, à
força, à morte- e mesmo no fim inevitável deixa a marca de si.
"Libertinagem e Estrela da Manhã", Nova Fronteira, R$ 9,00.
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