São Paulo, Domingo, 02 de Janeiro de 2000


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Os outros 20 poemas brasileiros mais votados

11º - Antiode, de João Cabral de Melo Neto - "Obra Completa", Nova Aguilar, R$ 85,00.

12º - Áporo, de Carlos Drummond de Andrade - "A Rosa do Povo", Record, R$ 18,00.

13º- A Canção do Exílio, de Gonçalves Dias (1823-1864) - O poeta maranhense passou boa parte da vida na Europa, tendo morrido num naufrágio quando chegava de volta, já em águas brasileiras. Sua poesia é um verdadeiro repositório de ritmos ainda não de todo explorados pelos poetas que o sucederam. A "Canção do Exílio", mais que um poema, é símbolo da nacionalidade, incorporado ao Hino Nacional e parodiado e comentado em dezenas de textos.
"Poesia e Prosa Completas", Nova Aguilar, R$ 85,00.

14º - Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima (1895-1953) -Dentro da vasta e variada produção de Jorge de Lima -poeta, romancista, pintor e médico-, "Invenção de Orfeu" representa um ponto de chegada e culminância. Poema longo em dez cantos fragmentários ou, como disse Murilo Mendes, poema-rio, que, segundo Mario Faustino, se faz a partir da urgência de criar "um mundo de antes mesmo da criação da palavra" -mundo, aliás, que sempre o obcecou.
"Invenção de Orfeu", Ediouro, R$ 11,00.

15º - Carregado de Mim Ando no Mundo, de Gregório de Matos (1623-1696) - Dono de todos os instrumentos barrocos, o poeta foi o "Boca do Inferno" dos poemas satíricos e eróticos, o delicado da lírica amorosa e o torturado dos poemas religiosos. Em "Carregado de Mim", ele dá vazão à idéia de que o mundo anda desconcertado, de cabeça para baixo: "O prudente varão há de ser mudo,/ Que é melhor neste mundo, mar de enganos,/ Ser louco c'os demais que só, sisudo".
"Gregório de Matos - Vida e Obra", Record, R$ 44,00.

16º - As Cismas do Destino, de Augusto dos Anjos (1884-1914) - O paraibano Augusto dos Anjos é um poeta originalíssimo, tanto pela obra quanto pelo destino que ela teve: "Eu" é caso único de grande livro de poesia que vende bem. "As Cismas", como o todo da obra do autor, é uma pessimista e dramática reflexão sobre os limites da existência humana, que tem versos como estes: "Uivava dentro do eu, com a boca aberta,/ A matilha espantada dos instintos!".
"Eu e Outros Poemas", L&PM, R$ 8,00.

17º - A Flor e a Náusea, de Carlos Drummond de Andrade - "Rosa do Povo", Record, R$ 18,00.

18º - Uma Faca Só Lâmina, de João Cabral de Melo Neto - "Obra Completa", Nova Aguilar, R$ 85,00.

19º - Campo de Flores, de Carlos Drummond de Andrade - "Claro Enigma", Record, R$ 13,00.

20º - Despede-se o Autor da Cidade da Bahia, de Gregório de Matos - "Gregório de Matos - Vida e Obra", Record, R$ 44,00.

21º - O Rio, de João Cabral de Melo Neto - "Obra Completa", Nova Aguilar, R$ 85,00.

22º - No Centenário de Mondrian, de João Cabral de Melo Neto - "Obra Completa", Nova Aguilar, R$ 85,00.

23º - Ode ao Burguês, de Mário de Andrade (1893-1945) - Ao lado de "Os Sapos", de Manuel Bandeira, "Ode ao Burguês" é símbolo da Semana de Arte Moderna, e sua agressividade crítica, conseguida por meio da ambiguidade sonora -pode-se entender "ódio ao burguês"- e de uma dicção sem papas na língua: "Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,/ O burguês-burguês!/ (...)/ O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,/ É sempre um cauteloso pouco-a-pouco!".
"Poesia Completa", Vila Rica, R$ 31,60.

24º - A Fábula de Anfion, de João Cabral de Melo Neto -"Obra Completa", Nova Aguilar, R$ 85,00.

25º - Pós-Tudo, de Augusto de Campos (1931) - O poema é um momento alto e maduro do tratamento de uma inquietação que impregna, desde o título do primeiro livro, "O Rei Menos o Reino", toda a poesia e a reflexão crítica de Campos: o isolamento do poeta moderno. O "mudo" -de mudar e de mudez- que fecha o poema é síntese fina da utopia da vanguarda que animou o autor e dos impasses "pós-utópicos" a que esse caminho o levou, desencantado. "Despoesia", Perspectiva, R$ 30,00.

26º - O Uraguai, de Basílio da Gama (1741-1795) -Poema épico construído entre o modelo clássico, do qual empresta a estrutura, e o espírito de renovação, responsável pelo enxugamento dos apenas cinco cantos em versos brancos, narra uma expedição do governador do Rio às missões jesuíticas. Cria uma nova visão -que os românticos admirariam- do índio em nossa literatura, concretizada em personagens como Cacambo e a admirável Lindóia. "O Uraguai", Record, R$ 8,00.

27º - LIFE, de Décio Pignatari (1927) - Ao lado de Augusto e Haroldo de Campos, Décio compõe o grupo central da poesia concreta. "LIFE" é uma experiência do auge do movimento. As letras da palavra inglesa para "vida" vão sendo traçadas com linhas retas, a partir do traço único que é a letra "i", ao qual são acrescidos outros, para as demais letras, culminando num todo que pode ser o número oito, ou o infinito, ou tudo o que é possível traçar nessa estrutura -a totalidade da vida. "Poesia Pois É Poesia", Brasiliense, esgotado.

28º - Mapa, de Murilo Mendes (1901-1975) - Esse texto faz parte do livro de estréia do poeta e de certa forma define toda sua obra ao dizer: "Viva eu, que inauguro no mundo o estado de bagunça transcendente". Tal "bagunça" aparece na mistura do real mais concreto à fantasia sem freio de uma poesia de grande plasticidade: "Me vejo numa nebulosa, rodando, sou um fluido,/ depois chego à consciência da terra, ando como os outros,/ me pregam numa cruz, numa única vida". "Os Melhores Poemas", Global, R$ 23,00.

29º - Tríptico na Morte de Sergei Mikhailovitch Eisenstein, de Vinícius de Moraes (1913-1980) - Nesse conjunto de sonetos, Vinícius volta à sua paixão adolescente pelo cinema, homenageando o diretor russo de "O Encouraçado Potenkim", também o teórico da montagem, ao qual o poeta faz referência: "O cinema é infinito -não se mede./ Não tem passado nem futuro. Cada/ Imagem só existe interligada/ À que a antecedeu e à que a sucede". "Livro de Sonetos", Cia. das Letras, R$ 19,50.

30º - O Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles (1901-1964) - Como Lorca havia feito 20 anos antes, Cecília recupera neste "Romanceiro da Inconfidência" (1953) a forma do romance popular ibérico, agora para revisitar a Minas Gerais do século 18, num conjunto de poemas em que não falta o caráter libertário expresso em versos exemplares daquela que é a grande fama da autora: a musicalidade. "O Romanceiro da Inconfidência", Nova Fronteira, R$ 18,86.


Resumos de LUíS BUENO.

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