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Marie Curie: Cientista ganhou o Nobel 2 vezes
Maria Curie (1867-1934) deu aulas para
ganhar dinheiro. Era
uma partidária apaixonada de
movimentos clandestinos de
apoio ao positivismo político
polonês e participou das atividades de uma universidade secreta -progressista e anticlerical- cujo jornal, "Pravda",
apregoava o culto à ciência.
Maria lia tudo no original: Dostoiévski [escritor russo] e Karl
Marx [pensador alemão], os
poetas franceses, alemães e poloneses. [...]
Comovida pela pobreza e a
ignorância das crianças camponesas, Maria dava aulas a
eles após as sete horas devotadas à educação de duas das filhas de seu empregador; ela
também leu muitos livros da
biblioteca científica que havia
na casa.
Durante o verão, Casimir, filho mais velho de Zorawski, um
estudante de matemática na
Universidade de Varsóvia,
apaixonou-se por ela.
Entretanto, a família dele se
opôs firmemente ao casamento
porque Maria era uma governanta. Embora desiludida, Maria permaneceu com os Zorawski até o fim do seu contrato, na Páscoa de 1889, quase
três anos depois. [...]
Ela já compartilhava da intensa excitação do mundo científico: Roentgen tinha acabado
de descobrir raios invisíveis capazes de atravessar corpos opacos de várias espessuras, expondo placas fotográficas, e de
tornar o ar mais condutor.
Seriam eles realmente raios?
Um respeitado cientista, Henri
Poincaré, tinha apresentado
em janeiro de 1896 a hipótese
de uma emissão, chamada "hiperfluorescência", da parede de
vidro de um tubo de Crookes
atingido por raios catódicos.
Entrementes, Henri Becquerel, no Museu de História Natural, descobriu que sais de urânio, protegidos da luz por vários meses, emitiam espontaneamente raios cujos efeitos tinham relação com os raios de
Roentgen (raios X).
Sua "Nota" sobre isso foi publicada em "Comptes Rendus"
da Academia das Ciências em
23/11/ 1896. Mme. Curie ficou
entusiasmada com esse assunto tão desconhecido e, como ela
mais tarde confessou, que não
envolvia nenhuma busca bibliográfica. [...]
A vida era dura; então, veio o
reconhecimento internacional
do trabalho deles. Marie [como
passou a ser conhecida] compareceu ao seminário de Pierre
em Londres no Royal Institution, em maio de 1903, e, em 5/
11, compartilhou com ele a Medalha Humphry Davy presenteada pela Royal Society.
O Prêmio Nobel de Física foi
outorgado conjuntamente aos
dois Curie e a Henri Becquerel
pela descoberta da radioatividade (12/12/1903). Por causa
da saúde debilitada, eles não foram a Estocolmo receber o prêmio até 6/6/1905. O prêmio foi
seguido de muitas outras
honrarias, incluindo a medalha
Elliott Cresson. [...]
Um industrial francês, Armet
de l'Isle, confiante de que existiria um futuro para as aplicações médicas e industriais do
rádio, construiu uma fábrica
em Nogent-sur-Marne, perto
de Paris, para extrair rádio de
resíduos da pechblenda.
Sem patente
Em 1904, Debierne instalou
lá uma sessão que preparava os
materiais necessários no laboratório. Os Curie não pediram
nenhum royalty e se recusaram
a registrar qualquer patente;
eles deliberadamente renunciaram a uma fortuna e também declinaram uma oferta
muito favorável da Universidade de Genebra em 1900.
Permaneceram na França e
davam conselho gratuito a
quem perguntasse. [...]
O Ministério da Educação
Pública pensou em oferecer-lhe uma pensão, como haviam
feito com a viúva de Pasteur.
Ela recusou: como ainda podia
trabalhar, por que privá-la disso? Surpreso, o Conselho Docente decidiu, unanimemente,
manter a cátedra de física criada por Pierre em 1904 e outorgá-la a Marie (1º/5/1906).
Ela foi confirmada em 1908;
pela primeira vez uma mulher
ensinou na Sorbonne. [...]
Em 1911, o Prêmio Nobel de
Química foi dado a Mme. Curie
"pelos seus serviços para o
avanço da química com o descobrimento dos elementos rádio e polônio"; foi a primeira
vez que um cientista recebeu
um tal prêmio duas vezes. A
maior parte do dinheiro do prêmio foi diretamente para pesquisa e para amigos.
Nessa época, sua saúde estava debilitada; ela deixou a casa
no nº 6 da rua du Chemin-de-fer, em Sceaux, onde vivia desde 1906, mudando-se para o nº
36 do Quai de Béthune, mais
perto de seu laboratório.
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