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Ela, enfim, tem a força
Pela primeira vez em 66 anos, quadrinhos da Mulher Maravilha passam a ser escritos por uma mulher
GEORGE GENE GUSTINES
C
om a publicação da
edição nº 14 da "Mulher Maravilha", que
chegou às lojas há
duas semanas, Gail
Simone se tornou a escritora
regular das superaventuras
dessa amazona espantosa, publicadas pela DC Comics. Ela é
a primeira mulher a ser escritora regular nos 66 anos de história da personagem.
É a iniciativa mais recente da
DC Comics para promover a
imagem da Mulher Maravilha,
que ocupa o terceiro lugar no
rol dos super-heróis da companhia, perdendo apenas para
Superman e Batman.
Simone conta que desde cedo foi leitora ávida dela, tendo
seu hábito sido auxiliado pela
recepção irregular do sinal televisivo. Os programas que
chegavam até sua família eram
"ou maçantes ou de golfe".
Na Universidade de Oregon,
que freqüentou por dois anos
no início dos anos 1980, suas
matérias principais foram redação criativa e teatro.
Em 1999, durante o que descreveu como "uma fase difícil",
foi aconselhada a tentar alguma coisa criativa. Isso a levou a
criar "Women in Refrigerators" [Mulheres em Geladeiras], uma crônica on-line do sofrimento vivido por personagens femininos de quadrinhos.
O site chamou a atenção.
"Eu estava dura e passando
fome. Basicamente, precisava
descobrir uma maneira de ganhar a vida", disse. "Ser cabeleireira ainda era um trabalho
de tipo criativo."
O fato de ter crescido pobre a
ensinou a contar com uma profissão alternativa, além dos trabalhos artísticos que não lhe
rendiam dinheiro suficiente
para viver.
Atrasos
"Quando você pega esses
personagens que já existem há
50 ou 60 anos -especialmente
quando, como foi o meu caso, o
trabalho anterior era de cabeleireira-, é algo que assusta um
pouco", disse ela.
Diferentemente da ascensão
relativamente direta de Gail Simone, a história recente da
Mulher Maravilha vem tendo
alguns altos e baixos.
Sua HQ foi relançada em
2006 por Allan Heinberg, conhecido roteirista de TV. Mas a
história em cinco partes, que
começou em junho de 2006,
sofreu vários atrasos e só foi
concluída em setembro passado, como edição especial.
A próxima na linha foi Jodi
Picoult, autora de best-sellers
que construiu uma trama em
cinco partes vinculada a uma
minissérie separada em quadrinhos sobre um ataque contra os EUA pelo povo da Mulher Maravilha, as amazonas. O
livro foi lançado dentro do prazo, mas perdeu alguns leitores.
Simone reconhece as frustrações causadas pelos adiamentos: "Pretendemos terminar
dentro do prazo".
A primeira história de Simone vai tratar de uma tentativa
(nunca antes mencionada) de
assassinato da Mulher Maravilha no próprio dia de seu nascimento, e a idéia é que saia em
quatro edições.
"Temos o primeiro e o segundo ano já mapeados", disse Simone. "Pretendo continuar por
aqui enquanto a DC Comics
quiser me manter."
A íntegra deste texto saiu no "New York Times".
Tradução de Clara Allain.
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