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Eleitores
UGO GEORGETTI
especial para a Folha
Sequência 1 - interior - dia.
Ricardo vem subindo escada que
o leva ao segundo andar de um
prédio com jeito de escola. Tem
quase 40 anos e cara inteligente;
câmera acompanha o homem que
termina de subir, dobra à direita e
segue por longo corredor. Vai passando por salas de aula transformadas momentaneamente em seções eleitorais. É cedo. Os trabalhos mal começaram. Durante o
percurso, vêem-se dentro das salas pelas quais Ricardo vai passando presidentes de mesa, mesários
etc. se preparando para o dia. No
decorrer de toda a sequência ouve-se a própria voz de Ricardo
narrando. Este recurso será usado
várias vezes durante o filme.
Ricardo (em "off") - Uma certa facilidade para me adaptar às surpresas que a vida me reserva, aliada a um caráter pouco dado à rebeldia, tem me impedido de encontrar um meio para me livrar da
minha condição de mesário, que
se repete a cada eleição. Como eu
não reclamo, eles me chamam
sempre. E aqui estou eu, como nos
últimos 20 anos, subindo as escadas do colégio Batista Brasileiro,
em Perdizes, na direção da seção
57. Por outro lado, devo confessar
que a tarefa tem suas compensações. Uma delas é rever o dr. Estebán.
Sequência 2 - interior - dia - mesma hora.
Câmera acompanha Ricardo entrando em uma das salas. As carteiras dos alunos foram empilhadas no fundo da sala. A urna eletrônica está quase no centro da sala. A mesa que seria do professor
será ocupada pelo presidente da
Junta Eleitoral. Ao lado, duas carteiras servem os mesários. Duas
outras pessoas estão na sala. Uma
é um jovem, vestido da maneira
mais esportiva possível, falando
num celular. Perto dele, apoiado
nas costas da carteira, vê-se um estojo de guitarra, provavelmente
com o instrumento dentro, dados
os olhares que o jovem lança para
ele de tempos em tempos. A outra
pessoa está junto à ampla janela da
sala, olhando para fora. Tem entre
50 e 60 anos, baixo, magro, óculos, vestido sobriamente, mas com
esmero. Formalíssimo. Tem o
olhar, os gestos e as maneiras dos
solitários e dos tímidos. Ricardo
dá uma breve olhada para o jovem
e encaminha-se para a pessoa que
está na janela. Desaparece a voz de
Ricardo, que narrava, dando lugar
às vozes da própria cena.
Ricardo - Dr. Estebán! Como é
que vai?
Dr. Estebán (visivelmente satisfeito, mas sem efusões) - Ricardo!
Prazer em vê-lo... Como está você?
Ricardo - Bem, bem... E o senhor? Preparado para mais uma
eleição?
Dr. Estebán - Pois é... Parece que
esse nosso pequeno grupo está fazendo um bom trabalho, já que
sempre voltamos... Aliás, Ricardo,
por falar em grupo (com visível
desagrado dirige seu olhar ao jovem)... você notou que há uma
pessoa nova entre nós, não é mesmo? Você sabe por que o Hiroshi
não veio?
Ricardo - Mas... dr. Estebán... o
Hiroshi morreu.
O dr. Estebán, estupefato, não
consegue articular palavra.
Ricardo - O senhor não sabia?
Dr. Estebán - Não. Claro que
não (parece bastante perturbado)... Quando foi isso?
Ricardo - Já faz mais de um ano,
um pouco mais de um ano...
Dr. Estebán - Que coisa horrível!
Quanto tempo nós estivemos juntos? Quantas eleições?
Ricardo - Muitas. Desde aquela
do Montoro, eu acho...
Dr. Estebán - Bastante tempo...
Um rapaz tão amigável... e moço!
Nessa eleição que passou, essa aí, a
do Pitta, ele ainda esteve com a
gente...
Ricardo - Pois é... Pensei que o
senhor soubesse.
Dr. Estebán - Não sabia.
Vira-se para a janela e fica olhando para fora, chocado. Finalmente
vira-se de novo para Ricardo. Sua
voz tem um tom estranho.
Dr. Estebán - Nós sabemos muito
pouco uns dos outros... apesar de
todos esses anos.
Ricardo responde com um gesto
dúbio, ao mesmo tempo que o dr.
Estebán vai se recompondo pouco
a pouco em sua habitual sobriedade. Depois de alguns instantes o
jovem do celular volta a captar sua
atenção, fazendo com que Ricardo
também se volte para o jovem. O
olhar dos dois é um convite para a
câmera se aproximar do jovem.
Ele continua ao telefone, bem à
vontade, relaxado.
Jovem (ao celular) - ... a maior gelada,... tô te falando, maior gelada.
Falaram que eu ia ser suplente, sacô? Que só ia chegar e 15 minutos
depois tava na rua. Mas não era
suplente porra nenhuma! Vou
trampá o dia todo. Me pegaram
nessa e não tem jeito... De onde
que você tá falando? Quilômetro
40? Já? Porra! Tá chinelando, hein?
Vem cá, quem tá com você aí?
Brincô, meu, você tá de brincadeira! E a irmã também? Meu, não
quero nem pensar. Tava pronto
pra encontrá vocês. Trouxe até a
guitarra, e me acontece isso... Escuta, vou me mancar e desligar
que já tão me olhando de trivela
aqui... Tá... Depois te ligo. Tchau.
Jovem desliga o aparelho e olha
para Ricardo e dr. Estebán, que o
estavam observando, para empregar suas próprias palavras, "de
trivela".
Dr. Estebán (baixo, só para Ricardo) - Ricardo, eu e esse rapaz não
vamos nos dar bem...
Ricardo dá um sorriso apaziguador. Dr. Estebán continua.
Dr. Estebán - Bom, vamos trabalhar. Você, por favor, instrua esse
rapaz sobre o que ele deve fazer...
E, olha, se ele ameaçar ao menos
chegar perto daquele instrumento, chame a segurança. Chame a
segurança!
Ricardo sorri divertido e se
aproxima do jovem. Dr. Estebán
senta no seu lugar de presidente da
mesa. A votação vai começar. Ricardo começa a instruir o jovem,
mecanicamente, ao mesmo tempo
em que observa o dr. Estebán. Sobre essa imagem, onde se nota claramente que a atenção de Ricardo
está muito mais voltada para o velho do que para o jovem, ouve-se
de novo, narrando, a própria voz
de Ricardo
Ricardo (em "off") - Acho que era
o nome o que me fazia simpatizar
com ele. Estebán, não Estêban,
mas Estebán, com aquele final
alongado, ibérico e arcaico, que
lhe dava uma grandiosidade que
as dimensões de seu corpo desmentiam. Ele tinha razão. Sabia
pouco sobre mim. Eu quase nada
dele. Apesar de suas maneiras
sempre educadas, ou talvez por
causa delas, havia qualquer coisa
que impedia a intimidade. O que
eu sabia sobre ele é o que eu podia
observar de tempos em tempos
durante um breve dia. Felizmente
o dr. Estebán era metódico e, para
meu deleite, certas coisas se repetiam de maneira extraordinária, a
cada eleição. Por exemplo, eu sabia que ele ia imediatamente examinar a lista dos eleitores da nossa
seção.
A câmera se desloca de Ricardo e
do jovem e vai em direção ao dr.
Estebán.
Detém-se nele particularmente
quando a voz de Ricardo diz que
ele ia examinar a lista dos eleitores.
Ele corre os dedos pela lista de nomes. Vira a página e continua examinando com ar um pouco preocupado. A partir de um determinado ponto o rosto do dr. Estebán
se desanuvia. Fecha a lista satisfeito. Ricardo está observando seus
movimentos atentamente. Dr. Estebán levanta de sua mesa e anda
descontraidamente pela sala, como num passeio. Ameaça assobiar
algumas notas, que saem silenciosas e discretas. É o máximo de satisfação que ele se permite. Volta
para sua mesa. Chega o primeiro
eleitor.
Sequência 3 - interior - dia - mesma hora e mesmo lugar.
Detalhes de mãos segurando títulos de eleitor. Títulos passam de
uma mão para outra como se estivessem sendo conferidos. Sempre
em planos bem próximos. Os planos desses títulos são intercalados
por planos, também superpróximos, de dedos digitando os números dos candidatos. Tudo isso para
dar idéia de que a votação transcorre e o tempo passa.
Sobre as imagens dos títulos e
dedos digitando ouve-se a voz de
Ricardo mais uma vez narrando.
Ricardo (em off) - A votação seguia tranquila, com pequenos incidentes, todos dentro das minhas
expectativas.
Como a demonstrar o que Ricardo
diz, a câmera vai até o jovem conferindo os títulos de eleitor. Ele se
alegra ao perceber um amigo entre
os eleitores que entram para votar.
Jovem - E aí, meu? Que surpresa!
Você vota aqui? Vai votar no Rossi
mesmo?
A câmera vai imediatamente para
o dr. Estebán, que reage ao comentário.
Dr. Estebán - Nada de manifestações partidárias aqui dentro,
certo?
Jovem - Desculpe. (dirige-se ao
amigo) Um abraço, Nelo... A gente
se vê... (dirige-se em seguida a
uma garota, que é a próxima eleitora) Pode me dar seu título, gata...
Outra vez a câmera vai para um
plano do dr. Estebán. Outra vez ele
reage, evidentemente à palavra
"gata". Parece a ponto de fazer
um comentário, mas desiste. Troca um olhar significativo com Ricardo. Voz de Ricardo narra.
Ricardo (em off) - Fora isso, tudo
normal, como das outras vezes.
Bom bairro, classe média respeitável, ninguém chega bêbado. Algumas mulheres empesteiam a sala
com seus perfumes, mas é perdoável, afinal isso está acontecendo
em toda parte, nos elevadores, nos
restaurantes... Vejo também algumas caras familiares de eleições
passadas e outras que jurava já ter
visto em algum lugar.
A fala de Ricardo cai sobre imagens comuns de gente votando.
Sua última fala, sobre rostos vagamente familiares, vai sobre a imagem de Décio Pignatari. O poeta
termina de votar e deixa a sala, como sempre envergando seu costumeiro boné branco.
Ricardo começa a observar o dr.
Estebán.
Ricardo (em off) - E, claro, como
eu sabia que ia acontecer por essa
hora do dia, o dr. Estebán começou a mostrar os primeiros sinais
de impaciência que eu tão bem conhecia.
Dr. Estebán levanta-se, olha para
os eleitores na sala. Caminha até o
fundo da sala, volta-se, anda um
pouco a esmo. Pára diante da janela, olhando para fora. Vira-se para
a porta da sala. Depois caminha
até o corredor. Ricardo, enquanto
atende um eleitor, observa disfarçadamente o dr. Estebán. Ele agora está em pé, no corredor, um
pouco além da soleira da porta,
olhando ao longe como se procurasse distinguir alguém entre as
pessoas que vêm chegando pelo
corredor à procura de suas seções.
Não vê o que procura e volta a entrar na sala. Um último eleitor termina de votar. Dr. Estebán olha
quase involuntariamente para seu
relógio.
Ricardo - Dr. Estebán....vamos comer por turno? O senhor pode ir
primeiro, se o senhor quiser...
Dr. Estebán - Não, não, absolutamente. Obrigado, Ricardo. Eu
não vou sair daqui. Vocês podem
ir.
Ricardo - Bom, a gente não demora.
Ricardo sai, acompanhado do jovem. O dr. Estebán fica só na sala.
Raros eleitores comparecem naquele horário de almoço. Ele se
aproxima de sua maleta, abre e retira algo que parece ser um sanduíche embrulhado cuidadosamente em papel imaculadamente
branco. Senta-se na sua mesa e começa a desembrulhar o sanduíche.
Nesse momento começa a ouvir
passos vindos do corredor se
aproximando da sala. Ele embrulha o sanduíche de novo e com a
mesma rapidez guarda o sanduíche numa gaveta. Olha ansiosamente para a porta. Uma mulher
com seu título na mão examina os
números das seções, procurando
seu destino. Constata que não é a
57. Continua andando para o fundo do corredor. O rosto do dr. Estebán mostra uma decepção quase
adivinhada, de tão discreta, naquele rosto acostumado a guardar
para si as emoções.
Sequência 4 - interior - dia - sala
de votação.
A luz muda. Há um pouco de
predominância da luz artificial da
sala, como se lá fora a tarde começasse lentamente a cair.
Ricardo está falando com o jovem. Fala baixo, como para não
ser ouvido pelo dr. Estebán.
Ricardo - Fica calmo. Ele está um
pouco nervoso, mas é uma boa
pessoa... Fica calmo.
Jovem - Porra, esse cara não larga do meu pé! Não posso fazer nada que ele vem com tudo! Assim
não dá... Não tô aqui porque eu
quero, não tô ganhando nada,
meu! E cada dois minutos, porrada! Qual é?
Ricardo - Sabe o que é? É difícil
explicar... Você é novo aqui com a
gente... É que ele... nessa hora do
dia... ele já está... (procura a palavra)... inquieto, entendeu?
A câmera vai para o dr. Estebán.
Tira os óculos e esfrega os olhos.
Olha para a porta. Levanta-se mais
uma vez de sua cadeira, limpando
apressadamente as lentes dos óculos.
Sequência 5 - interior - dia - mesma sala.
Detalhes de mãos com os títulos.
Mais ou menos como no começo
da sequência 3, para indicar passagem de tempo. Depois de alguns
detalhes a câmera se fixa no dr. Estebán. Tem na mão a lista de eleitores da seção.
Dr. Estebán - Ricardo, que horas
são?
Ricardo - 16h45.
Dr. Estebán (olha seu próprio relógio) - Não é possível, não é possível, ou o seu relógio está louco,
ou o meu (levanta-se impacientemente).
Quando o dr. Estebán está olhando o relógio, uma jovem entra na
sala e se aproxima dos mesários.
Como é jeitosinha, o jovem imediatamente avança e pega seu título.
Jovem - Dá licença, gata, só vou
conferir seu...
Dr. Estebán (interrompendo
suas considerações sobre o relógio
ao ouvir mais uma vez "gata") -
Não é assim que se tratam eleitores
na minha seção, está ouvindo? Felinos não votam! (aos berros) Felinos não votam!
Todos estão perplexos com a explosão do dr. Estebán. Ele se prepara para continuar sua bronca
quando interrompe fala e gestos,
virando-se para a porta da sala.
Imediatamente sua expressão muda.
Na soleira da porta, parada, como quem ainda está incerta sobre
se aquela é a sala procurada, silhuetada pelo contraluz do corredor lá fora, vê-se o contorno de
uma figura de mulher.
Dr. Estebán, transido, olha fixo
para aquela imagem. Os demais,
petrificados pela explosão anterior, também dirigem seu olhar
para a porta. A mulher sai da obscuridade, entra na sala e na luz. Ao
mesmo tempo, o dr. Estebán precipita-se para sua mesa, onde, pela
primeira vez no dia, prepara-se
para executar com alegria sua função de presidente da mesa eleitoral.
A mulher caminha majestosa em
direção a ele. Inútil descrevê-la.
Cinquenta anos, talvez mais. Uma
rainha. Sorriso vago, condescendente e ao mesmo tempo seguro
de quem sabe que agrada e impressiona. Ela se aproxima do dr.
Estebán como quem esperava encontrá-lo.
Mulher - Como vai? Nos encontramos novamente.
Dr. Estebán - Como vai a senhora?
Mulher (sorri) - Já podemos
considerar isso quase como um
encontro marcado, não é mesmo?
(sorri)
Dr. Estebán quase não fala. Seu
olhar diz tudo. De respiração suspensa ele assiste a mulher indo até
a urna e votando. Fica claro que
esse era o momento pelo qual ele
tinha esperado o dia inteiro. Ela
termina e vai se retirando, com
classe e alguma lentidão, talvez intencional. Cumprimenta graciosamente e, já quase na porta, hesita e
dirige uma pergunta ao dr. Estebán.
Mulher - O senhor, por acaso,
mora em Perdizes? Desculpe a
pergunta...
O Dr. Estebán, surpreso com a
pergunta inesperada, por momentos não sabe o que responder. Há
uma pausa. Câmera vai do rosto
do dr. Estebán para o rosto da mulher, em seguida para rosto de Ricardo, que observa a tudo. A mulher continua.
Mulher - É que eu pensei ter visto
o senhor um dia. Da minha janela
me pareceu o senhor, parado na
calçada diante do meu prédio.
O dr. Estebán passa da surpresa
para o embaraço e não consegue
responder nada. Ela compreende e
encerra.
Mulher - Mas acho que foi um engano... Era quase noite, a luz era
ruim e meu andar é alto... Bem...
Até logo, passar bem...
A câmera vai até o dr. Estebán. Ele
inclina ligeiramente a cabeça e
murmura, lábios secos.
Dr. Estebán - Até logo, prazer em
vê-la.
Depois que a mulher sai, a garota
eleitora, que ainda estava assistindo a toda a cena, sai também e ficam os três. Sons de passos vão
morrendo no corredor lá fora.
Lentamente o dr. Estebán vai até a
janela que dá para a rua. Ricardo
também se aproxima e se coloca
um pouco atrás do dr. Câmera enquadra os dois olhando para fora.
Na calçada, saindo do prédio, surge a mulher. Anda alguns metros.
A porta de um carro é aberta, por
dentro, para que ela entre. Naquela luz de finzinho de tarde, atrapalhado pelo reflexo das árvores no
vidro do carro, por mais que se esforce o dr. Estebán não consegue
ver, lá de cima, quem está ao volante. O carro sai pela rua Homem
de Mello.
Ricardo afasta-se um pouco.
Ricardo - Muito bem... muito
bem, precisa de uma carona, dr.
Estebán?
Dr. Estebán - Não, Ricardo,
obrigado.
Ricardo - Então a gente se vê.
Acho que daqui a quatro anos.
Dr. Estebán (vivamente) - Não!
Daqui a dois. Eleições para prefeito, meu caro. Esqueceu? Daqui a
dois!
Ricardo faz um gesto e um aceno.
O dr. Estebán pega sua maleta e sai
em direção à porta, acompanhado
do olhar de Ricardo... Depois que
ele sai, Ricardo caminha um pouco e fica observando o dr. Estebán,
que se afasta a passos rápidos e firmes pelo corredor. Sobre o plano
geral do corredor, com o doutor
que se afasta de costas para a câmera, ouve-se a voz de Ricardo
narrando.
Ricardo (em off) - Definitivamente eu gosto do dr. Estebán .Talvez
porque sempre coloquei a discrição entre as grandes virtudes.
Mas, discreto e reservado como
ele é, sempre alguma coisa acaba
escapando. Nas últimas eleições
dei uma olhada, por acaso, num
envelope que tinha o endereço dele. Não era em Perdizes.
Ricardo dirige-se ao jovem, que
foi o único que restou na sala, falando em seu telefone celular, ao
mesmo tempo em que ajeitava sua
guitarra...
Ricardo (saindo) - Tchau, rapaz.
A gente se vê.
Jovem (interrompendo o telefonema) - Tchau, tchau, desculpe alguma coisa, falou? (volta para o telefone)... Tô te falando... Acabou
agorinha. Desde manhã nesse sufoco aqui... Vou te falar, na próxima eu tô fora... Arranjo atestado
médico, faço qualquer negócio,
mas tô fora, tô fora!
Jovem levanta-se da cadeira e, ainda falando ao telefone e carregando sua guitarra, sai . Fica a sala vazia. Entram créditos.
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