São Paulo, domingo, 4 de outubro de 1998

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Eleitores

UGO GEORGETTI
especial para a Folha

Sequência 1 - interior - dia.

Ricardo vem subindo escada que o leva ao segundo andar de um prédio com jeito de escola. Tem quase 40 anos e cara inteligente; câmera acompanha o homem que termina de subir, dobra à direita e segue por longo corredor. Vai passando por salas de aula transformadas momentaneamente em seções eleitorais. É cedo. Os trabalhos mal começaram. Durante o percurso, vêem-se dentro das salas pelas quais Ricardo vai passando presidentes de mesa, mesários etc. se preparando para o dia. No decorrer de toda a sequência ouve-se a própria voz de Ricardo narrando. Este recurso será usado várias vezes durante o filme.

Ricardo (em "off") - Uma certa facilidade para me adaptar às surpresas que a vida me reserva, aliada a um caráter pouco dado à rebeldia, tem me impedido de encontrar um meio para me livrar da minha condição de mesário, que se repete a cada eleição. Como eu não reclamo, eles me chamam sempre. E aqui estou eu, como nos últimos 20 anos, subindo as escadas do colégio Batista Brasileiro, em Perdizes, na direção da seção 57. Por outro lado, devo confessar que a tarefa tem suas compensações. Uma delas é rever o dr. Estebán.

Sequência 2 - interior - dia - mesma hora.

Câmera acompanha Ricardo entrando em uma das salas. As carteiras dos alunos foram empilhadas no fundo da sala. A urna eletrônica está quase no centro da sala. A mesa que seria do professor será ocupada pelo presidente da Junta Eleitoral. Ao lado, duas carteiras servem os mesários. Duas outras pessoas estão na sala. Uma é um jovem, vestido da maneira mais esportiva possível, falando num celular. Perto dele, apoiado nas costas da carteira, vê-se um estojo de guitarra, provavelmente com o instrumento dentro, dados os olhares que o jovem lança para ele de tempos em tempos. A outra pessoa está junto à ampla janela da sala, olhando para fora. Tem entre 50 e 60 anos, baixo, magro, óculos, vestido sobriamente, mas com esmero. Formalíssimo. Tem o olhar, os gestos e as maneiras dos solitários e dos tímidos. Ricardo dá uma breve olhada para o jovem e encaminha-se para a pessoa que está na janela. Desaparece a voz de Ricardo, que narrava, dando lugar às vozes da própria cena.

Ricardo - Dr. Estebán! Como é que vai?
Dr. Estebán (visivelmente satisfeito, mas sem efusões) - Ricardo! Prazer em vê-lo... Como está você?
Ricardo - Bem, bem... E o senhor? Preparado para mais uma eleição?
Dr. Estebán - Pois é... Parece que esse nosso pequeno grupo está fazendo um bom trabalho, já que sempre voltamos... Aliás, Ricardo, por falar em grupo (com visível desagrado dirige seu olhar ao jovem)... você notou que há uma pessoa nova entre nós, não é mesmo? Você sabe por que o Hiroshi não veio?
Ricardo - Mas... dr. Estebán... o Hiroshi morreu.

O dr. Estebán, estupefato, não consegue articular palavra.

Ricardo - O senhor não sabia?
Dr. Estebán - Não. Claro que não (parece bastante perturbado)... Quando foi isso?
Ricardo - Já faz mais de um ano, um pouco mais de um ano...
Dr. Estebán - Que coisa horrível! Quanto tempo nós estivemos juntos? Quantas eleições?
Ricardo - Muitas. Desde aquela do Montoro, eu acho...
Dr. Estebán - Bastante tempo... Um rapaz tão amigável... e moço! Nessa eleição que passou, essa aí, a do Pitta, ele ainda esteve com a gente...
Ricardo - Pois é... Pensei que o senhor soubesse.
Dr. Estebán - Não sabia.

Vira-se para a janela e fica olhando para fora, chocado. Finalmente vira-se de novo para Ricardo. Sua voz tem um tom estranho.

Dr. Estebán - Nós sabemos muito pouco uns dos outros... apesar de todos esses anos.

Ricardo responde com um gesto dúbio, ao mesmo tempo que o dr. Estebán vai se recompondo pouco a pouco em sua habitual sobriedade. Depois de alguns instantes o jovem do celular volta a captar sua atenção, fazendo com que Ricardo também se volte para o jovem. O olhar dos dois é um convite para a câmera se aproximar do jovem. Ele continua ao telefone, bem à vontade, relaxado.

Jovem (ao celular) - ... a maior gelada,... tô te falando, maior gelada. Falaram que eu ia ser suplente, sacô? Que só ia chegar e 15 minutos depois tava na rua. Mas não era suplente porra nenhuma! Vou trampá o dia todo. Me pegaram nessa e não tem jeito... De onde que você tá falando? Quilômetro 40? Já? Porra! Tá chinelando, hein? Vem cá, quem tá com você aí? Brincô, meu, você tá de brincadeira! E a irmã também? Meu, não quero nem pensar. Tava pronto pra encontrá vocês. Trouxe até a guitarra, e me acontece isso... Escuta, vou me mancar e desligar que já tão me olhando de trivela aqui... Tá... Depois te ligo. Tchau.

Jovem desliga o aparelho e olha para Ricardo e dr. Estebán, que o estavam observando, para empregar suas próprias palavras, "de trivela".

Dr. Estebán (baixo, só para Ricardo) - Ricardo, eu e esse rapaz não vamos nos dar bem...

Ricardo dá um sorriso apaziguador. Dr. Estebán continua.

Dr. Estebán - Bom, vamos trabalhar. Você, por favor, instrua esse rapaz sobre o que ele deve fazer... E, olha, se ele ameaçar ao menos chegar perto daquele instrumento, chame a segurança. Chame a segurança!

Ricardo sorri divertido e se aproxima do jovem. Dr. Estebán senta no seu lugar de presidente da mesa. A votação vai começar. Ricardo começa a instruir o jovem, mecanicamente, ao mesmo tempo em que observa o dr. Estebán. Sobre essa imagem, onde se nota claramente que a atenção de Ricardo está muito mais voltada para o velho do que para o jovem, ouve-se de novo, narrando, a própria voz de Ricardo

Ricardo (em "off") - Acho que era o nome o que me fazia simpatizar com ele. Estebán, não Estêban, mas Estebán, com aquele final alongado, ibérico e arcaico, que lhe dava uma grandiosidade que as dimensões de seu corpo desmentiam. Ele tinha razão. Sabia pouco sobre mim. Eu quase nada dele. Apesar de suas maneiras sempre educadas, ou talvez por causa delas, havia qualquer coisa que impedia a intimidade. O que eu sabia sobre ele é o que eu podia observar de tempos em tempos durante um breve dia. Felizmente o dr. Estebán era metódico e, para meu deleite, certas coisas se repetiam de maneira extraordinária, a cada eleição. Por exemplo, eu sabia que ele ia imediatamente examinar a lista dos eleitores da nossa seção.

A câmera se desloca de Ricardo e do jovem e vai em direção ao dr. Estebán.
Detém-se nele particularmente quando a voz de Ricardo diz que ele ia examinar a lista dos eleitores. Ele corre os dedos pela lista de nomes. Vira a página e continua examinando com ar um pouco preocupado. A partir de um determinado ponto o rosto do dr. Estebán se desanuvia. Fecha a lista satisfeito. Ricardo está observando seus movimentos atentamente. Dr. Estebán levanta de sua mesa e anda descontraidamente pela sala, como num passeio. Ameaça assobiar algumas notas, que saem silenciosas e discretas. É o máximo de satisfação que ele se permite. Volta para sua mesa. Chega o primeiro eleitor.

Sequência 3 - interior - dia - mesma hora e mesmo lugar.

Detalhes de mãos segurando títulos de eleitor. Títulos passam de uma mão para outra como se estivessem sendo conferidos. Sempre em planos bem próximos. Os planos desses títulos são intercalados por planos, também superpróximos, de dedos digitando os números dos candidatos. Tudo isso para dar idéia de que a votação transcorre e o tempo passa.
Sobre as imagens dos títulos e dedos digitando ouve-se a voz de Ricardo mais uma vez narrando.

Ricardo (em off) - A votação seguia tranquila, com pequenos incidentes, todos dentro das minhas expectativas.

Como a demonstrar o que Ricardo diz, a câmera vai até o jovem conferindo os títulos de eleitor. Ele se alegra ao perceber um amigo entre os eleitores que entram para votar.

Jovem - E aí, meu? Que surpresa! Você vota aqui? Vai votar no Rossi mesmo?

A câmera vai imediatamente para o dr. Estebán, que reage ao comentário.
Dr. Estebán - Nada de manifestações partidárias aqui dentro, certo?
Jovem - Desculpe. (dirige-se ao amigo) Um abraço, Nelo... A gente se vê... (dirige-se em seguida a uma garota, que é a próxima eleitora) Pode me dar seu título, gata...

Outra vez a câmera vai para um plano do dr. Estebán. Outra vez ele reage, evidentemente à palavra "gata". Parece a ponto de fazer um comentário, mas desiste. Troca um olhar significativo com Ricardo. Voz de Ricardo narra.

Ricardo (em off) - Fora isso, tudo normal, como das outras vezes. Bom bairro, classe média respeitável, ninguém chega bêbado. Algumas mulheres empesteiam a sala com seus perfumes, mas é perdoável, afinal isso está acontecendo em toda parte, nos elevadores, nos restaurantes... Vejo também algumas caras familiares de eleições passadas e outras que jurava já ter visto em algum lugar.

A fala de Ricardo cai sobre imagens comuns de gente votando. Sua última fala, sobre rostos vagamente familiares, vai sobre a imagem de Décio Pignatari. O poeta termina de votar e deixa a sala, como sempre envergando seu costumeiro boné branco.

Ricardo começa a observar o dr. Estebán.

Ricardo (em off) - E, claro, como eu sabia que ia acontecer por essa hora do dia, o dr. Estebán começou a mostrar os primeiros sinais de impaciência que eu tão bem conhecia.

Dr. Estebán levanta-se, olha para os eleitores na sala. Caminha até o fundo da sala, volta-se, anda um pouco a esmo. Pára diante da janela, olhando para fora. Vira-se para a porta da sala. Depois caminha até o corredor. Ricardo, enquanto atende um eleitor, observa disfarçadamente o dr. Estebán. Ele agora está em pé, no corredor, um pouco além da soleira da porta, olhando ao longe como se procurasse distinguir alguém entre as pessoas que vêm chegando pelo corredor à procura de suas seções. Não vê o que procura e volta a entrar na sala. Um último eleitor termina de votar. Dr. Estebán olha quase involuntariamente para seu relógio.

Ricardo - Dr. Estebán....vamos comer por turno? O senhor pode ir primeiro, se o senhor quiser...
Dr. Estebán - Não, não, absolutamente. Obrigado, Ricardo. Eu não vou sair daqui. Vocês podem ir.
Ricardo - Bom, a gente não demora.

Ricardo sai, acompanhado do jovem. O dr. Estebán fica só na sala. Raros eleitores comparecem naquele horário de almoço. Ele se aproxima de sua maleta, abre e retira algo que parece ser um sanduíche embrulhado cuidadosamente em papel imaculadamente branco. Senta-se na sua mesa e começa a desembrulhar o sanduíche. Nesse momento começa a ouvir passos vindos do corredor se aproximando da sala. Ele embrulha o sanduíche de novo e com a mesma rapidez guarda o sanduíche numa gaveta. Olha ansiosamente para a porta. Uma mulher com seu título na mão examina os números das seções, procurando seu destino. Constata que não é a 57. Continua andando para o fundo do corredor. O rosto do dr. Estebán mostra uma decepção quase adivinhada, de tão discreta, naquele rosto acostumado a guardar para si as emoções.

Sequência 4 - interior - dia - sala de votação.

A luz muda. Há um pouco de predominância da luz artificial da sala, como se lá fora a tarde começasse lentamente a cair.
Ricardo está falando com o jovem. Fala baixo, como para não ser ouvido pelo dr. Estebán.

Ricardo - Fica calmo. Ele está um pouco nervoso, mas é uma boa pessoa... Fica calmo.
Jovem - Porra, esse cara não larga do meu pé! Não posso fazer nada que ele vem com tudo! Assim não dá... Não tô aqui porque eu quero, não tô ganhando nada, meu! E cada dois minutos, porrada! Qual é?
Ricardo - Sabe o que é? É difícil explicar... Você é novo aqui com a gente... É que ele... nessa hora do dia... ele já está... (procura a palavra)... inquieto, entendeu?

A câmera vai para o dr. Estebán. Tira os óculos e esfrega os olhos. Olha para a porta. Levanta-se mais uma vez de sua cadeira, limpando apressadamente as lentes dos óculos.

Sequência 5 - interior - dia - mesma sala.

Detalhes de mãos com os títulos. Mais ou menos como no começo da sequência 3, para indicar passagem de tempo. Depois de alguns detalhes a câmera se fixa no dr. Estebán. Tem na mão a lista de eleitores da seção.

Dr. Estebán - Ricardo, que horas são?
Ricardo - 16h45.
Dr. Estebán (olha seu próprio relógio) - Não é possível, não é possível, ou o seu relógio está louco, ou o meu (levanta-se impacientemente).

Quando o dr. Estebán está olhando o relógio, uma jovem entra na sala e se aproxima dos mesários. Como é jeitosinha, o jovem imediatamente avança e pega seu título.

Jovem - Dá licença, gata, só vou conferir seu...
Dr. Estebán (interrompendo suas considerações sobre o relógio ao ouvir mais uma vez "gata") - Não é assim que se tratam eleitores na minha seção, está ouvindo? Felinos não votam! (aos berros) Felinos não votam!

Todos estão perplexos com a explosão do dr. Estebán. Ele se prepara para continuar sua bronca quando interrompe fala e gestos, virando-se para a porta da sala. Imediatamente sua expressão muda.
Na soleira da porta, parada, como quem ainda está incerta sobre se aquela é a sala procurada, silhuetada pelo contraluz do corredor lá fora, vê-se o contorno de uma figura de mulher.
Dr. Estebán, transido, olha fixo para aquela imagem. Os demais, petrificados pela explosão anterior, também dirigem seu olhar para a porta. A mulher sai da obscuridade, entra na sala e na luz. Ao mesmo tempo, o dr. Estebán precipita-se para sua mesa, onde, pela primeira vez no dia, prepara-se para executar com alegria sua função de presidente da mesa eleitoral.
A mulher caminha majestosa em direção a ele. Inútil descrevê-la. Cinquenta anos, talvez mais. Uma rainha. Sorriso vago, condescendente e ao mesmo tempo seguro de quem sabe que agrada e impressiona. Ela se aproxima do dr. Estebán como quem esperava encontrá-lo.

Mulher - Como vai? Nos encontramos novamente.
Dr. Estebán - Como vai a senhora?
Mulher (sorri) - Já podemos considerar isso quase como um encontro marcado, não é mesmo? (sorri)

Dr. Estebán quase não fala. Seu olhar diz tudo. De respiração suspensa ele assiste a mulher indo até a urna e votando. Fica claro que esse era o momento pelo qual ele tinha esperado o dia inteiro. Ela termina e vai se retirando, com classe e alguma lentidão, talvez intencional. Cumprimenta graciosamente e, já quase na porta, hesita e dirige uma pergunta ao dr. Estebán.

Mulher - O senhor, por acaso, mora em Perdizes? Desculpe a pergunta...

O Dr. Estebán, surpreso com a pergunta inesperada, por momentos não sabe o que responder. Há uma pausa. Câmera vai do rosto do dr. Estebán para o rosto da mulher, em seguida para rosto de Ricardo, que observa a tudo. A mulher continua.

Mulher - É que eu pensei ter visto o senhor um dia. Da minha janela me pareceu o senhor, parado na calçada diante do meu prédio.

O dr. Estebán passa da surpresa para o embaraço e não consegue responder nada. Ela compreende e encerra.

Mulher - Mas acho que foi um engano... Era quase noite, a luz era ruim e meu andar é alto... Bem... Até logo, passar bem...

A câmera vai até o dr. Estebán. Ele inclina ligeiramente a cabeça e murmura, lábios secos.

Dr. Estebán - Até logo, prazer em vê-la.

Depois que a mulher sai, a garota eleitora, que ainda estava assistindo a toda a cena, sai também e ficam os três. Sons de passos vão morrendo no corredor lá fora. Lentamente o dr. Estebán vai até a janela que dá para a rua. Ricardo também se aproxima e se coloca um pouco atrás do dr. Câmera enquadra os dois olhando para fora. Na calçada, saindo do prédio, surge a mulher. Anda alguns metros. A porta de um carro é aberta, por dentro, para que ela entre. Naquela luz de finzinho de tarde, atrapalhado pelo reflexo das árvores no vidro do carro, por mais que se esforce o dr. Estebán não consegue ver, lá de cima, quem está ao volante. O carro sai pela rua Homem de Mello.
Ricardo afasta-se um pouco.

Ricardo - Muito bem... muito bem, precisa de uma carona, dr. Estebán?
Dr. Estebán - Não, Ricardo, obrigado.
Ricardo - Então a gente se vê. Acho que daqui a quatro anos.
Dr. Estebán (vivamente) - Não! Daqui a dois. Eleições para prefeito, meu caro. Esqueceu? Daqui a dois!

Ricardo faz um gesto e um aceno. O dr. Estebán pega sua maleta e sai em direção à porta, acompanhado do olhar de Ricardo... Depois que ele sai, Ricardo caminha um pouco e fica observando o dr. Estebán, que se afasta a passos rápidos e firmes pelo corredor. Sobre o plano geral do corredor, com o doutor que se afasta de costas para a câmera, ouve-se a voz de Ricardo narrando.

Ricardo (em off) - Definitivamente eu gosto do dr. Estebán .Talvez porque sempre coloquei a discrição entre as grandes virtudes. Mas, discreto e reservado como ele é, sempre alguma coisa acaba escapando. Nas últimas eleições dei uma olhada, por acaso, num envelope que tinha o endereço dele. Não era em Perdizes.

Ricardo dirige-se ao jovem, que foi o único que restou na sala, falando em seu telefone celular, ao mesmo tempo em que ajeitava sua guitarra...

Ricardo (saindo) - Tchau, rapaz. A gente se vê.
Jovem (interrompendo o telefonema) - Tchau, tchau, desculpe alguma coisa, falou? (volta para o telefone)... Tô te falando... Acabou agorinha. Desde manhã nesse sufoco aqui... Vou te falar, na próxima eu tô fora... Arranjo atestado médico, faço qualquer negócio, mas tô fora, tô fora!

Jovem levanta-se da cadeira e, ainda falando ao telefone e carregando sua guitarra, sai . Fica a sala vazia. Entram créditos.



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