São Paulo, domingo, 4 de outubro de 1998

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Expiração

LEDUSHA SPINARDI

Largo lençol estica-se ao léu: sequemos o fel a fundo. Sim, sublime sátiro, o desejo aguça a nobre pinça e lança o fácil sem dobras para além. Ainda assim: tramas, descompassos, vestígios de lábios por um nada mudos. Se não mordemos tudo, também não mergulhamos raso. Vertigem sem poeira. No funil da fala vazamos o tom perfeito à espreita da sílaba dileta: eu? Estalos. Cubos de gelo no umbigo do breu. O verbo que fez festa no seu céu não ecoou, cego pela luz do dia. Será nossa lua uma esfera tão vadia que anula a música do filme? Esse vento varia. Dor disforme, cor insone. Prazer que mastiga e come. Tela, cela, vela, rima à revelia.




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