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Expiração
LEDUSHA SPINARDI
Largo lençol estica-se ao léu: sequemos o fel a fundo. Sim, sublime sátiro, o desejo aguça a nobre
pinça e lança o fácil sem dobras
para além. Ainda assim: tramas,
descompassos, vestígios de lábios
por um nada mudos. Se não mordemos tudo, também não mergulhamos raso. Vertigem sem poeira.
No funil da fala vazamos o tom
perfeito à espreita da sílaba dileta:
eu? Estalos. Cubos de gelo no umbigo do breu. O verbo que fez festa
no seu céu não ecoou, cego pela
luz do dia. Será nossa lua uma esfera tão vadia que anula a música
do filme? Esse vento varia. Dor
disforme, cor insone. Prazer que
mastiga e come. Tela, cela, vela, rima à revelia.
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