São Paulo, domingo, 06 de abril de 2008

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Várias acepções de "liberal" convivem nos Estados Unidos

DA REDAÇÃO

As diferentes conotações do adjetivo "liberal" ("de direita", no Brasil, e "de esquerda", no mundo anglófono) têm como origem uma controvérsia que permeia a história do pensamento político: a definição de liberdade.
Nos EUA convivem, de um lado, o conceito de liberdade romano, retomado por Maquiavel, em que liberdade é "ausência de grilhões" ou o oposto da escravidão; e, de outro, o dos filósofos dos séculos 17 e 18, que associavam liberdade a direito de circulação, de propriedade e de costumes.
O primeiro sentido é invocado pela direita (nos EUA, o Partido Republicano), quando defende a guerra "em nome da liberdade". O segundo, o iluminista, desenvolveu-se em várias teorias, inclusive adotadas pelas direitas em geral, quando defendem o livre comércio.
Para as correntes entendidas hoje como liberais (como o Partido Democrata dos EUA), a liberalidade excessiva ao mercado ou à propriedade privada pode gerar desigualdades sociais que, na prática, restringiriam a liberdade dos mais pobres (que não poderiam pagar por serviços e trabalhariam em condições quase servis).
A direita dos EUA critica os liberais por titubearem quanto ao princípio de liberdade de empreendedorismo e circulação do capital, querendo regulá-lo com interferência do Estado. Em alguns casos, "liberal" adquire conotação moral, pois liberdades como o casamento entre homossexuais e o aborto são bandeiras da esquerda.
Assim, é na acepção de "esquerdista" que se deve entender o título que o artigo de Mamet recebeu no jornal "Village Voice", onde foi publicado originalmente em março passado: "Por Que Não Sou Mais um Liberal Tapado".
Já no Brasil as acepções política e moral são distintas: a esquerda, mais associada às escolas marxistas, critica os liberais por manterem a liberdade do capital como fundamento.


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