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Várias acepções de "liberal" convivem nos Estados Unidos
DA REDAÇÃO
As diferentes conotações
do adjetivo "liberal"
("de direita", no Brasil, e
"de esquerda", no mundo anglófono) têm como origem
uma controvérsia que permeia
a história do pensamento político: a definição de liberdade.
Nos EUA convivem, de um
lado, o conceito de liberdade
romano, retomado por Maquiavel, em que liberdade é
"ausência de grilhões" ou o
oposto da escravidão; e, de outro, o dos filósofos dos séculos
17 e 18, que associavam liberdade a direito de circulação, de
propriedade e de costumes.
O primeiro sentido é invocado pela direita (nos EUA, o Partido Republicano), quando defende a guerra "em nome da liberdade". O segundo, o iluminista, desenvolveu-se em várias teorias, inclusive adotadas
pelas direitas em geral, quando
defendem o livre comércio.
Para as correntes entendidas
hoje como liberais (como o
Partido Democrata dos EUA), a
liberalidade excessiva ao mercado ou à propriedade privada
pode gerar desigualdades sociais que, na prática, restringiriam a liberdade dos mais pobres (que não poderiam pagar
por serviços e trabalhariam em
condições quase servis).
A direita dos EUA critica os
liberais por titubearem quanto
ao princípio de liberdade de
empreendedorismo e circulação do capital, querendo regulá-lo com interferência do Estado. Em alguns casos, "liberal"
adquire conotação moral, pois
liberdades como o casamento
entre homossexuais e o aborto
são bandeiras da esquerda.
Assim, é na acepção de "esquerdista" que se deve entender o título que o artigo de Mamet recebeu no jornal "Village
Voice", onde foi publicado originalmente em março passado:
"Por Que Não Sou Mais um Liberal Tapado".
Já no Brasil as acepções política e moral são distintas: a esquerda, mais associada às escolas marxistas, critica os liberais
por manterem a liberdade do
capital como fundamento.
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