São Paulo, domingo, 08 de julho de 2001

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Estreou anteontem, no teatro do Centro Cultural Banco do Brasil, em SP, a peça "Pólvora e Poesia". Com texto de Alcides Nogueira e direção de Marcio Aurélio, o espetáculo se baseia na vida de Verlaine e Rimbaud e encerra a trilogia de Alcides Nogueira sobre o discurso moderno, composta ainda por "Ópera Joyce" e "Gertrude Stein".

Por que a sua trilogia se encerra com os poetas franceses Verlaine e Rimbaud?
Cronologicamente eles deveriam tê-la iniciado. Mas preferi inverter tudo e encerrar a trilogia sobre o discurso moderno com a poesia, a mais bela e mais difícil das escritas. Mas também a mais instigante.

Que textos entram na composição da peça?
Estruturei-a com as duas mãos na intertextualidade. Há versos soltos de Pessoa, de Rilke... Um dos mais belos momentos é quando Verlaine, situando sua relação com Rimbaud, diz o poema "Amantes sem Dinheiro", de Eugénio de Andrade. Um coquetel poético.

Quem encarna os poetas na peça?
O João Vitti faz Rimbaud e o Leopoldo Pacheco faz Verlaine. O incrível é que eles têm, na vida real, a mesma diferença de idade dos poetas: dez anos. E são atores magníficos, pois um descobriu a maneira de ser o outro.

Como o texto interage com a montagem?
O Marcio Aurélio, na direção, e o Gabriel Villela, com cenário e figurinos, estão muito afinados com o texto. A montagem, pontuada por Chopin, tocado ao vivo por Fernando Esteves, acentua o "desconforto poético". Assim, tudo é torto, desconstruído, sem simetria. E urgente! Uma bela tradução cênica do que escrevi.

Teatro de texto ou teatro de imagem?
Teatro de texto. Usei e abusei da obra de Rimbaud e Verlaine. Com versos, cartas e diálogos escritos à maneira deles, deixei a história fluir. As palavras estão soltas no palco. Espero que cada espectador as apanhe de acordo com a sua sensibilidade.



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