São Paulo, domingo, 12 de outubro de 1997.



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CONTEMPORÂNEOS

Donald Davidson (1917) - Leciona na Universidade da Califórnia. Foi discípulo de Quine, mas logo criticou a concepção de linguagem de seu mestre, chamando-a de cartesiana. Para Davidson, Quine crê que a linguagem e o pensamento sejam capazes de "organizar" a realidade dos sentidos. Ao contrário, linguagem, mundo e pensamento constituem um todo interligado, que se influencia mutuamente. Assim, essas partes não podem, de modo algum, ser consideradas em separado. Suas teses se encontram sobretudo em "Ações e Outros Eventos" (1980) e "Da Verdade e da Interpretação" (1984).

Thomas S. Kuhn (1922-1996) - Filósofo da ciência, foi professor em Harvard. Em "A Estrutura das Revoluções Científicas" (1962), sua obra mais importante, Kuhn critica a tese de que a história da ciência seja uma mera acumulação de dados e teorias bem-sucedidas. A ciência, ao contrário, é resultado de fracassos e passos em falso. Sua evolução, para Kuhn, é fruto da ruptura com paradigmas que se tornaram insuficientes. As teses de Kuhn acabaram por colocar em xeque, no fim dos anos 60, a crença na racionalidade e objetividade da ciência.

Arthur C. Danto (1924) - É professor da Universidade de Columbia. Seu pensamento destaca-se pelo variedade de interesses. À formação estritamente analítica vem se juntar o interesse pelo moral, epistemologia e filosofia da história. Mas sua originalidade está na ligação entre filosofia e estética, em que o instrumental analítico é utilizado para revelar a beleza intrínseca da obra-de-arte. Assim, em "A Transfiguração do Lugar-Comum" (1981), Danto defende que a filosofia deve "decompor" a obra-de-arte para, então, "reconstruí-la" a partir de um novo prisma.

Hilary Putnam (1926) - Professor em Harvard, tem uma vasta obra filosófica. Putnam interessou-se por ética, filosofia da linguagem e epistemologia. Leitor dos pensadores frankfurtianos, como Habermas, apoiou, nos anos 60, os protestos contra a Guerra do Vietnã. Essa inquietude reflete uma crítica à compartimentação intelectual dos filósofos analíticos, como Carnap. Para Putnam, a filosofia não pode se restringir a construir arcabouços conceptuais, mas incorporar a realidade empírica à esfera dos conceitos. Suas principais teses estão em "As Muitas Faces do Realismo", de 1987.

Richard Bernstein (1932) - Professor da New School of Social Research (Nova York), Bernstein estuda a relação entre o pragmatismo de Peirce e o marxismo. Bernstein nega a possibilidade das grandes sínteses totalizadoras. Mas, ao mesmo tempo, admite que isso levou ao esvaziamento do termo "humanismo". A solução estaria em adotar uma postura pragmática, admitindo que as relações entre os homens não são mais naturais, mas, sim, "construídas". Escreveu, entre outros, "Além do Objetivismo e do Relativismo - Ciência, Hermenêutica e Práxis", de 1983.

Robert Nozick (1938) - Também professor em Harvard, Nozick combinou o rigor da filosofia analítica com o anarquismo inspirado em Henry Thoreau. Em "Anarquia, Estado e Utopia", Nozick defende a idéia de "Estado mínimo". Um Estado de grandes proporções significa coerção aos direitos do indivíduo. Já em "Explicações Filosóficas" (1981), seu livro mais famoso, Nozik critica a excessiva atomização da filosofia atual. Fechada em fórmulas muito elaboradas, a filosofia, para Nozick, é hoje incapaz de "compartilhar" o conhecimento com o resto da humanidade.




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