São Paulo, domingo, 12 de novembro de 2000 |
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MILLÔR É inegável que a leitura melhora fundamentalmente o ser humano. Desde que, claro, ele seja alfabetizado. Já a televisão piora até o analfabeto 1) Solução Novo salário mínimo. Como o governo não consegue resolver o problema da fome resolveu distribuir ao povo caixas de palito. 2) Hierarquia social A popularidade é a glória rodando bolsinha. *** 3) Ilusão Muitos pensam que os mapas representam a realidade geográfica. Eu mesmo, até ir lá um dia, acreditava que a Argentina era um país cor de laranja. *** 4) Pequenas licoes semânticas Entre o porque e o por quê há mais mistério gramatical do que metafísico. *** Certos agás mudos não têm o que fazer, nem pra onde ir, nem como ficar. *** No princípio era o verbo. Defectivo, naturalmente. 5) Para cineastas de plantão. Repara bem, a vida quase nunca é muito junto, e raramente é muito longe. A vida é quase sempre em plano médio. Exceto quando você nasce e você ama, e aí a câmara dá um close. É quando você morre e tudo vai ficando em plano bem distante e entra em fade-out. 6)As 10 coisas de que as pessoas não têm nenhum medo. I) Derreter com o calor do verão.. II) Virus no dinheiro. III) Pessoas chamadas Severino. IV) Se olhar no espelho e verificar que é muito bonito/a. V) Excesso de comida. VI) Ser atingido pela Quinta Estrela de Escorpião. VII)Perder um amigo porque ficou com sua bela mulher. VIII) Contato com pessoas muito simpáticas e generosas. IX) Cheques pelo correio. X) Cheques sem ser pelo correio. 7)E pra não dizerem que não falei na reforma agrária A proprietários de agrárias que ocasionalmente não sabem que as possuem, e antes que algum neo-comunista as reformem (?), esclareço que agrária, de uma forma ou de outra, é terra. Assim, se você tem terra, você tem agrária - tome cuidado. E não pense que terra é só terra mesmo. Não senhor. Terra, no sentido de agrária, inclui matérias não terrosas - ferruginosas, vacuns e galináceas. Praticamente tudo que está, ou anda, em cima da terra. E alguns reformistas agrários acham que terra significa até batatas, vagens, couves, antenas parabólicas, latas de cerveja e sacanagens no Pantanal. Para saber a estabilidade de sua terra (falo economicamente, o Brasil não tem terremotos nem agrariomotos), o proprietário deve avaliar bem suas posses. Pode começar por um pequeno espaço, a casinhola do cachorro. Medida a área ocupada pelo animal, deduzido o gasto com sua alimentação, avaliado o lucro (segurança) produzido por seus latidos, apura-se a rentabilidade do pedaço. Aí, proporcionalmente, o terra-tenente saberá quanto vale sua fazenda do tamanho da Holanda e quanto deverá receber por ela para que seja entregue aos famélicos da terra, vulgo MST. Donde se concluí que ter propriedade agrária é cada vez mais complicado, pois os defensores da reforma consideram terra também os subsídios, os dissídios, a piscina, a prima finlandesa que ia passando e entrou um instantinho pra tomar uma sauna, e outras noblesse-obliges. O melhor mesmo é vender tudo e ir pra praia que, todos sabemos, não é terra, é areia. E areia, decididamente, ninguém reforma, pois não dá nada, a não ser caravana e mulher bonita com bunda de fora. Site do Millôr: www.uol.com.br/millor Texto Anterior: José Simão: Ganhei na Mega e não escrevi a coluna! Índice |
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